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A aplicação de bioestimulantes na agricultura não é muito antiga, porém, já está bem disseminada entre os agricultores. O desenvolvimento de processos para a obtenção destas substâncias em escala industrial permite que sejam utilizados na agricultura, na medicina, na veterinária e também na área humana. Na agricultura, estes compostos podem se aplicados via foliar ou via tratamento de sementes.
No final dos anos 70 surgiu como alternativa para agricultura a fertilização direta nas plantas com bioestimulantes. Este método evita a transformação quÃmica do nitrogênio nÃtrico e amoniacal dentro da planta em aminoácidos, possibilitando uma economia considerável de energia pelas plantas.
É sabido que os bioestimulantes estão intimamente relacionados com o mecanismo de crescimento, desenvolvimento e defesa vegetal. Alguns hormônios vegetais se encontram unidos aos aminoácidos ou procedem a transformação destes, o que indica o importante papel que pode ter a aplicação de aminoácidos livres como bioestimulantes do metabolismo vegetal.
Benefícios ampliados
O tratamento de sementes com aminoácidos e/ou extratos de algas já está consolidado entre os produtores de grãos, principalmente soja e milho. No entanto, diversas outras culturas, desde florestais até hortÃcolas, já vem utilizando esta tecnologia com bastante sucesso.
O tratamento de sementes com aminoácidos e/ou extrato de algas é uma tecnologia que visa aumentar o desenvolvimento do sistema radicular, possibilitando à planta uma maior absorção de água e nutrientes. Com isso, a planta poderá expressar o máximo do seu potencial produtivo.
No entanto, é comum a afirmação de que o tratamento de sementes com aminoácidos e/ou extrato de algas aumenta a produtividade. Este é um ganho indireto do tratamento de sementes, pois na verdade o que se consegue com esse tratamento é garantir um melhor estande da cultura e, consequentemente, uma maior produtividade. É importante lembrar que plantas mais bem nutridas conseguem translocar mais nutrientes para as sementes, aumentando seu peso e favorecendo o aumento da produtividade.
Parâmetros fisiológicos como vigor e porcentagem de germinação não são fortemente alterados com este tipo de tecnologia, ou seja, uma semente ruim não vai melhorar com a aplicação do produto.
Quando aplicar
Além de escolher um bom produto, o momento da aplicação também garante o resultado. Durante o preparo das sementes para o plantio, o estimulador de enraizamento deve ser o primeiro a ser bem misturado às sementes, que deve permanecer em contato com o produto até sua completa absorção (30 ““ 60 minutos).
Muitos produtores não alcançam os benefícios do tratamento de sementes com os bioestimulantes de enraizamento, justamente porque não realizam corretamente a aplicação do produto.
Na prática
Em seus experimentos com milho, Guilherme Augusto Gomes, engenheiro agrônomo, pós-doutor em Biotecnologia e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, relatou que a utilização do tratamento de sementes possibilitou um aumento médio no estande da cultura de cerca de 13%, o que também refletiu em ganhos de produtividade na ordem de 6,5%.
“É claro que, quando observamos a ocorrência de veranicos logo após o plantio, os ganhos com a aplicação dos estimulantes de enraizamento são bem mais acentuados“, explica o Dr. Guilherme Gomes. Ele continua dizendo que, em situações extremas de secas, foi possível produzir até 10 sacas/ha de soja a mais em comparação às áreas sem tratamento, o que foi confirmado pelo produtor Campos Moraes, proprietário da fazenda Santa Gertrudes, no oeste paranaense.
Resultados expressivos também são observados na cultura da soja quando as sementes são tratadas com bioestimulantes. Ganhos de cinco a seis sc/ha são comumente registrados em áreas que sofreram com déficit hídrico no início do estabelecimento da cultura. “Na verdade, o tratamento de sementes com estes aminoácidos é um seguro para o produtor, pois caso aconteça o stress, a planta já está preparada“, Guilherme Gomes.
“Trabalhando com sementes de diversas espécies lenhosas do cerrado, observamos um ganho médio de 30% no tempo de produção das mudas. Mudas de Moreira (Maclura tinctoria), uma espécie de mata ciliar, atingiram o tamanho ideal para o transplantio em 50% do tempo gasto, quando comparadas com mudas sem utilização do estimulador“, afirma o especialista.
Em trabalhos na Espanha e no Brasil com tomate e batata também foram observados ganhos significativos no crescimento inicial das mudas, cujas sementes receberam estes bioestimulantes de enraizamento. Ao final do ciclo produtivo, observou-se que a qualidade dos tubérculos e frutos colhidos também foi superior nas plantas oriundas de sementes tratadas com bioestimulantes.