Frutas frescas, livres de resíduos de contaminantes agroquímicos e com maior prazo de validade e comercialização. É o que promove uma nova tecnologia de tratamento pós-colheita desenvolvida pela Embrapa. Trata-se de uma combinação nos processos que permite o uso de água quente aspergida em temperaturas mais elevadas que as atuais, seguido do resfriamento em jatos de água fria ozonizada para interromper o processo térmico.
As frutas também passam por exposição ultravioleta (UV-C) em doses controladas para cada espécie, variedade frutÃcola, contaminação, e pelo uso de leveduras específicas e extratos vegetais naturais, com efeito residual, para proteção contra a podridão durante armazenagem prolongada. A combinação dos processos ocorre na esteira e garante o eficiente controle de fungos e patógenos que atacam frutas e causam seu apodrecimento.
O novo modelo é considerado opção viável economicamente e segura tecnologicamente para promover a transição de controle da podridão e de microrganismos nocivos à saúde humana, procedimento realizado atualmente à base de fungicidas e agroquímicos, para um sistema que não deixa resíduos nas frutas tratadas.
O pesquisador Daniel Terao, da Embrapa Meio Ambiente (SP), explica que, comparativamente ao processo de tratamento de frutas em curso, pautado principalmente no uso maciço de fungicidas, o novo sistema é biologicamente mais eficiente e seguro.
Verificam-se vantagens consideráveis também no plano qualitativo, por se obter frutas Ãntegras, sem resíduos químicos, mantendo as melhores características de cor, aroma e sabor.
Sanidade diferenciada
No processo atual, na maioria das vezes, a água quente de tratamento (por imersão) é usada para tratar toda a colheita do dia, acumula resíduos, esporos de fungos e sujidades. A imersão da fruta a 52ºC, usando a mesma água ao longo do dia, não tem resultado em controle eficiente das doenças pós-colheita de frutas.
No novo modelo, o sistema de imersão das frutas é substituÃdo por jatos de água limpa, reciclada por filtragem. Outra vantagem da aspersão é a possibilidade de se tratar as frutas com temperaturas mais altas, entre 60°C e 70°C, por período curto de tempo, para cada espécie e variedade de fruta, de modo a não alterar suas características, eliminando esporos de fungos.
Os meios físicos, de temperatura e de radiação UV-C, com doses controladas, possuem capacidade de intervir decisivamente no desenvolvimento de fungos causadores de doenças de pós-colheita.
Capaz de atuação direta sobre fitopatógenos ou mesmo na forma de ação indireta, o novo modelo atua sobre a fisiologia da fruta, enquanto retarda os processos bioquímicos de amadurecimento, o que proporciona um aumento significativo na vida útil de comercialização.
A combinação do uso de leveduras biocontroladoras e de extratos vegetais demonstrou, em testes, controle fitossanitário amplamente satisfatório, o que confirma a tecnologia desenvolvida como alternativa viável aos fungicidas no controle de doenças de pós-colheita de frutas. A tecnologia gerada nas pesquisas traz benefícios diretos aos produtores, exportadores e para todas as atividades ligadas à cadeia de frutas e aos consumidores em geral.
“Obtivemos resultados bastante expressivos com o uso dessa tecnologia, no controle das podridões em diversas frutas, causada por diferentes fungos, nas diversas regiões produtoras, o que nos possibilita sugerir um novo modelo tecnologicamente limpo de tratamento pós-colheita de frutas, excluindo os resíduos tóxicos e os impactos negativos causados pelos fungicidas”, explica o pesquisador.
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