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Uso de inoculante no tratamento industrial de sementes – É possível?

Dáfila Fagotti

Engenheira agrônoma, doutora e responsável por Produtos Microbiológicos da Rizobacter do Brasil

Saulo R. Fantini

Marketing / Comercial –  Momesso Ind. Máquinas

Especialista em Tratamento de Sementes de Alta Performance

Crédito Dáfila Fagotti
Crédito Dáfila Fagotti

Há mais de 50 anos é conhecido que o uso de inoculantes à base de Bradyrhizobium beneficia a cultura da soja por meio da fixação biológica do nitrogênio (FBN).

A aplicação do inoculante na semente garante bactérias viáveis até o momento da emissão das primeiras raízes, período em que irá ocorrer a simbiose entre esses dois organismos e, consequentemente, a formação dos nódulos, estrutura que manterá o Bradyrhizobium protegido para que o processo da FBN ocorra ao longo do ciclo da soja.

O tratamento da semente com o inoculante é amplamente realizado na fazenda, após a adição do tratamento químico ou na semente originalmente tratada na indústria. Isso porque a maioria dos inoculantes não apresenta a capacidade de sobreviver em volta das sementes por períodos acima de 48 horas.

Porém, há também outras formas de inocular a soja, por exemplo, a aplicação no sulco ou até mesmo via foliar.

Avanços

Semente tratada na indústria com inoculante turfoso (à esquerda) e semente tratada com inoculante líquido (à direita) - Crédito Dáfila Fagotti
Semente tratada na indústria com inoculante turfoso (à esquerda) e semente tratada com inoculante líquido (à direita) – Crédito Dáfila Fagotti

Semente tratada na indústria com inoculante turfoso (à esquerda) e semente tratada com inoculante líquido (à direita) - Crédito Dáfila Fagotti
Semente tratada na indústria com inoculante turfoso (à esquerda) e semente tratada com inoculante líquido (à direita) – Crédito Dáfila Fagotti

Com o avanço da pesquisa e expertise de algumas companhias, foram desenvolvidos inoculantes à base de Bradyrhizobium com tecnologia capaz de manter a sobrevivência das bactérias por uma janela maior antes do plantio, sendo especialmente utilizados no tratamento de sementes industrial (TSI) com adição de defensivos via sementes.

Esta tecnologia está tomando força no mercado e já é uma realidade segura para o produtor.

Conhecidos como inoculantes longa vida, por aumentarem a viabilidade das células bacterianas após serem aplicados na semente, expandindo a janela entre a inoculação e o plantio por até 60 dias, sua aplicação no TSI possui como objetivo principal facilitar a vida do produtor rural, aumentando a comodidade de receber uma semente “˜abre plante’, em que não há necessidade de retratar na fazenda, mantendo a qualidade da semente, dos produtos aplicados na indústria e, consequentemente, os ganhos econômicos.

Com esta evolução, os equipamentos de tratamento de sementes conhecidos como CTS (Centro de Tratamento de Sementes) também se aprimoraram, possibilitando a aplicação dos inoculantes separados do tratamento químico, mesmo em equipamentos de fluxo contínuo, o que garante a qualidade da inoculação e preserva a viabilidade de bactérias para atingir o objetivo final, que é a nodulação.

Na fazenda

Quando abordamos o tema de tratamento de sementes na fazenda, podemos listar algumas problemáticas que são desapercebidas pelo produtor rural. A primeira delas é que o operador que fará o tratamento das sementes necessitará ser devidamente treinado para essa tarefa, pois irá manusear produtos considerados perigosos para a saúde e meio ambiente.

Em seguida o tratamento deverá ocorrer em um equipamento apropriado, calibrado, para que a dosagem seja correta e a aplicação de todos os produtos seja homogênea, evitando assim a superdose ou a subdose de cada semente tratada, além do recobrimento perfeito, sem contar o uso obrigatório e adequado de todos os equipamentos de proteção individual de cada operador, e finalmente a destinação correta das embalagens.

Quando comparamos o tratamento na fazenda versus o TSI, temos a resolução de todas essas problemáticas citadas e a certeza de um tratamento profissional da semente, ou seja, feito por operadores capacitados e protegidos pelo uso de EPIs, em uma máquina de tratamento profissional, com a distribuição de produtos exata e uniforme em cada semente, e o envio das embalagens vazias para o centro de recolhimento de embalagens de agrotóxicos, evitando assim a contaminação de humanos, animais e meio ambiente.

 

 Sistema de aplicação industrial dos produtos
Sistema de aplicação industrial dos produtos

Vantagens

A seguir está uma lista de vantagens do uso do inoculante no TSI:

u “˜Abre e plante’, facilidade de receber uma semente totalmente pronta;

u Agregação de valor à semente;

uOferecimento de um produto de alta tecnologia;

u Garantia da integridade e qualidade da semente vinda da indústria;

u Garantia do poder germinativo;

u Garantia de fluidez e plantabilidade;

u Redução da mão de obra no campo;

uSem risco de contaminação para o operador do campo ou ambiental;

uMenor investimento em máquinas na fazenda;

uEvita o desperdício de produtos;

uOtimiza o planejamento do plantio;

uMelhora a logística operacional.

Tendência

A adoção desta prática vem aumentando, pois além das vantagens citadas anteriormente, podemos destacar os benefícios para toda a cadeia, desde o multiplicador de sementes, que garante a qualidade da sua semente até o momento da germinação; da empresa de defensivos, que garante a qualidade do seu produto e o mantém potencializado, evitando a “lavagem“ do defensivo durante qualquer tratamento que possa ser realizado posteriormente na fazenda; da empresa que vende o inoculante e atesta a aplicação de produtos totalmente compatíveis com as bactérias, evitando a mortalidade delas em contato com substâncias não amigáveis, ou uma má aplicação na fazenda; do produtor, que receberá a semente pronta para plantar, otimizando todos os processos que eram necessários para a aplicação de um inoculante na fazenda, diminuindo custos e ganhando tempo.

Há, no mercado, algumas opções de inoculantes longa vida para aplicação na indústria. Os indicados são aqueles que têm o registro no MAPA para a aplicação antecipada do inoculante na semente até o momento da semeadura.

Atualmente, existem duas principais tecnologias para inoculação antecipada, sendoum inoculante em forma de turfa associado ao protetor externo, um líquido viscoso, e a tecnologia dos inoculantes totalmente líquidos com tecnologia mais avançada, que possuem em sua formulação bactérias ainda mais resistentes fisiologicamente.

Mesmo com o avanço da tecnologia em equipamentos, a preferência por produtos que sejam de aplicação mais simplificada tem sido um grande diferencial na decisão da indústria, otimizando todo o operacional, mantendo o rendimento dos equipamentos e com excelente fixação sobre as sementes, além de garantirem o aspecto visual do tratamento adotado.

Essa matéria completa você encontra na edição de julho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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