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Andréia Aker
Engenheira agrônoma e mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ““ EMBRAPA/RO
O setor florestal tem destaque em todo o mundo, principalmente como fornecedor de energia e matéria-prima para a indústria da construção civil e de transformação.
O Brasil possui uma grande cobertura florestal. O Ministério do Meio Ambiente estima que 69% dessa cobertura tenha potencial produtivo. Em decorrência disso, o País desenvolveu uma estrutura produtiva complexa no setor florestal, incluindo as florestas plantadas e suas relações com produtores de equipamentos, insumos, projetos de engenharia e empresas de produtos florestais.
Devido ao seu potencial, o setor florestal brasileiro tem aumentado sua participação no comércio mundial. Dados do IBGE revelam a demanda no mercado dada pelas atividades de extração vegetal, ou seja, na produção florestal em florestas nativas (borrachas, ceras, fibras, tanantes, oleaginosos, alimentÃcios, aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes), nos serviços madeireiros (carvão, lenha e tora), Pinheiro brasileiro (nó-de-pinho, árvores abatidas, madeira em tora) e com florestas plantadas ou silvicultura (carvão vegetal, lenha, madeira em tora, casca de acácia negra, folhas de eucalipto e resinas).
Mais produtividade
Diversas pesquisas têm revelado que para aumentar a produtividade deve-se aliar a aquisição de recursos do meio ambiente (carbono proveniente da fotossíntese e nutrientes minerais, provenientes do solo) pelas plantas e utilização mais eficiente dos mesmos, além do sistema de aquisição de água e nutrientes do solo, representado, principalmente, pelas raízes finas.
Neste contexto, a distribuição das raízes no perfil do solo, não obstante a arquitetura do sistema radicular das espécies, é resultante dos fatores ambientais, disponibilidade de fotoassimilados e densidade populacional, podendo-se acrescentar a influência da condição física do solo (resistência a penetração das raízes).
Gessagem
Diante desse pressuposto, uma alternativa para melhorar a qualidade do solo e da produtividade das florestas é o uso de gesso agrícola. A maior produtividade está associada ao melhor desenvolvimento radicular proporcionado pela aplicação de gesso, levando à maior movimentação de cálcio e magnésio e enxofre no perfil do solo, portanto, propicia um ambiente químico favorável para o desenvolvimento das raízes.
O gesso, por ser um sal solúvel, penetra no solo e, em geral, é rapidamente removido da camada superficial por lixiviação. Em alguns solos, a adsorção de sulfato no subsolo, ao reduzir a lixiviação do sal, promove aumento da concentração de sulfato e de cálcio em formas trocáveis também na solução do solo, o que reduz a toxicidade de alumÃnio para as raízes das plantas.
Em alguns casos ocorre a efetiva redução do alumÃnio no solo. O gesso tem efeito floculante no solo (formação de agregados de partículas finas), reduzindo a dispersão da argila.
Esse efeito já é bem conhecido em solos sódicos, mas também se revela em solos ácidos. Há registro de efeitos favoráveis do gesso no impedimento do encrostamento superficial ou na redução do adensamento de camadas do subsolo.
Associado ao aumento dos conteúdos dos nutrientes, tem-se maior desenvolvimento radicular superficial por meio de uma grande formação de raízes finas, como também em profundidade, elevando a eficiência na absorção tanto dos nutrientes como da água.
Atuação no solo
O gesso contém sulfato em sua composição. Assim, passa a enriquecer as camadas subsuperficiais do solo, aumentando os conteúdos de cálcio, magnésio e enxofre. Contudo, a exigência nutricional das espécies florestais varia entre espécies e até mesmo entre os materiais genéticos utilizados.
Assim, é imprescindÃvel que se tenha planejamento da lavoura, tanto no que tange a forma como o tipo de manejo.
Manejo
A correta aplicação de gesso se inicia com a análise físico-quÃmica do solo, antes do plantio na área, permitindo determinar a dose adequada em função do teor de argila do solo. Neste sentido, recomenda-se que se faça análise de solo na camada de 0 a 20 cm, 20 a 40 cm e, se possível, de 40 a 60 cm de profundidade da área.