Adriano de Almeida Frazão
MSc. em Fitotecnia
Berildo de Melo
Doutor e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
A acerola é conhecida no Brasil há mais de 50 anos, mas seu cultivo em escala comercial é recente. No Nordeste, a área plantada, na maior parte, foi instalada sem que fossem necessários conhecimentos tecnológicos sobre as diversas variedades de aceroleiras.
Em quase todos os pomares pode ser observada uma escala acentuada de formas e tipos de plantas, e isso tem causado muitas dificuldades aos produtores de acerola, uma vez que a desuniformidade das plantas acarreta perdas na produtividade dos pomares e na qualidade dos frutos.
Pode-se encontrar, no mesmo pomar, plantas com crescimento distinto e árvores que produzem frutos em cacho e isolados, assim como tamanho, formato e coloração diferentes. Essas diferenças trazem problemas ao produtor, pois as atividades agrícolas tornam-se difÃceis perante a diversidade de respostas que se obtém de matrizes com características genéticas diferentes.
A variedade ideal
É necessário que os pomares sejam formados a partir de variedades bem definidas, contendo características agronômicas e tecnológicas adequadas.Tendo consciência da necessidade de instalação de pomares de aceroleiras com germoplasma caracterizado e selecionado, alguns Estados do Nordeste vêm desenvolvendo pesquisas no sentido de introduzir, caracterizar, selecionar e difundir plantas com qualidades agronômicas e tecnológicas comprovadas e de interesse comercial.
A variedade ideal de acerola para cultivo em áreas irrigadas do Nordeste teriam que reunir características consideradas essenciais, com alto nível de produtividade (próximo a 100 kg/planta/ano) e os frutos com coloração vermelha e peso superior a 8 ““ 10 gramas e teor de vitamina C acima de 2.000 mg/100g de polpa.
Dadas essas características, deve-se buscar a seleção de plantas desprovidas de pelo urticante, que podem acarretar sérios problemas à operação de colheita, buscando plantas que produzam frutos mais rÃgidos e resistentes ao transporte. É necessário que o material selecionado possua resistência ou tolerância a esse fitopatógeno.
Doces ou ácidas
As acerolas são classificadas em doces e ácidas, e todas elas são ricas em ácido ascórbico.
Variedades doces:
ÃœManoaSweet: apresenta copa ereta e estendida. É vigorosa, prolÃfica e tem tendência a produzir muita ramagem. É lÃder, atingindo até 5m de altura. Seus frutos são de coloração amarelo avermelhada quando completamente maduros. São doces, de bom sabor. É recomendada para plantios caseiros.
ÃœTropical Ruby: o hábito de crescimento lembra a anterior, necessitando de controle para desenvolver tronco único. Não podada, pode atingir 5m de altura. Boa produtora, seus frutos são idênticos aos da ManoaSweet.
ÃœHawaiian Queen: seu hábito de crescimento é ereto, esparramado e aberto. Igualmente, deve ser conduzida de maneira a formar tronco único, o que pode ser praticado com menor esforço que as anteriores.
Variedades ácidas:
ÃœJ.H.Beaumont:este clone é compacto, baixo, com ramagens densas e hábito de crescimento que pode ser facilmente conduzido para formar arbusto de tronco único. Tanto a produção de frutos como a de ácido ascórbico é boa. Apresenta fruto grande, com coloração laranja avermelhada quando completamente maduro.
ÃœC.F.Rehnborg: a planta é de formação compacta, densamente ramificada, podendo ser facilmente conduzida para formar tronco único. Embora altamente produtiva, comparativamente seu teor em ácido ascórbico é baixo. Apresenta fruto grande com coloração laranja avermelhada, passando a vermelho-escuro quando completamente maduro.
ÃœF. Haley: forma boas árvores para pomares, sendo facilmente conduzida para formar tronco único, e tem hábito de crescimento ereto. Seus ramos são alongados, com ramagem lateral não esparramada. Os frutos, de tamanho médio, têm coloração vermelho-púrpura quando plenamente maduros. Esta variedade adapta-se melhor às áreas mais secas.
ÃœRed. Jumbo: possui tronco único e crescimento compacto; ramagem bem distribuÃda e hábito de crescimento baixo. Embora seja arbusto baixo, a porcentagem de frutificação é relativamente alta e o fruto grande, pesando 9,3g, em média; é de coloração atrativa, passa do vermelho-cereja para o vermelho-púrpura quando em plena maturação.
ÃœMaunawili: embora não se destaque quanto ao conteúdo de ácido ascórbico, demonstrou superior performance nas áreas bastante chuvosas e seu fácil e manejável crescimento fizeram dela um clone desejável. Desenvolve tronco único e exige pouca ou nenhuma poda.Seus ramos são eretos e ao mesmo tempo compactos. As folhas geralmente são pequenas e estreitas. Seus frutos são pequenos, vermelho-cereja e até vermelho-púrpura, quando bem maduros.
De posse dessas informações, o produtor pode ir de encontro ao mercado que deseja atingir, e oferecer a ele os frutos que apresentam as exigências do consumidor.