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Algas marinhas ativam a resposta das plantas ao ataque de patógeno

 

 

Nilva Teresinha Teixeira

Doutora em Agronomia e professora de Nutrição de Plantas, Produção Orgânica e Bioquímica doUnipinhal

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

Crédito Cristiano de Oliveira
Crédito Cristiano de Oliveira

Vários fatores podem levar as plantas ao estresse: incidência de pragas e doenças, emprego de produtos sanitários, deficiência hídrica, entre outros. Dentre as ferramentas que podem auxiliar o produtor no enfrentamento de tais questões está o uso de insumos contendo algas marinhas.

Diversas espécies de algas marinhas são utilizadas na agricultura há muitos anos como bioestimulantes e fertilizantes naturais. Os inúmeros compostos extraídos de macroalgas e que apresentam atividades protetoras de plantas pertencem à classe dos polissacarídeos e são substâncias naturalmente ativas, com importantes aplicações práticas. Como exemplos de tais polissacarídeos têm-se: ágar, carragenanas e fucoidanas, que têm emprego na indústria alimentícia, farmacêutica e biotecnológica e, mais recentemente, na agricultura.

Formulados compostos de algas marinhas (a maioria associada a nutrientes de plantas) vêm sendo comercializados como fertilizantes e bioestimulantes, e a inclusão de tais insumos nos cultivos tem proporcionado benefícios ao crescimento, desenvolvimento e, consequentemente, aos rendimentos das colheitas. As macroalgas representam uma fonte de muitas substâncias valiosas à fisiologia das plantas, auxiliando-as a se adaptarem às condições de estresse.

Efeitos diretos

Os efeitos benéficos proporcionados pela adição de algas marinhas ao processo produtivo vegetal podem ser explicados pela riqueza dos referidos organismos em reguladores de crescimento, tais como citocininas, auxinas, giberelinas, betaínas, de macronutrientes, tais como Ca, K, P e micronutrientes,como Fe, Cu, Zn, B, Mn, Co, Mo e de indutores de resistência de plantas aos microrganismos fitopatogênicos.

Atualmente, a utilização de extratos de algas vem ganhando popularidade devido ao seu potencial uso em agricultura orgânica e sustentável. O atual interesse pela preservação do meio ambiente tem estimulado o desenvolvimento de métodos alternativos de controle de pragas e doenças e os extratos de algas marinhas podem se enquadrar como uma das referidas alternativas: são organismos ricos em compostos bioativos, tais quais antibióticos com ampla e eficiente atividade antibacteriana e, ainda, de potenciais elicitores.

Os elicitores

A alga Ascophyllumnodosum tem se mostrado eficiente na indução de resistência das plantas aos microrganismos - Crédito Ana Maria Diniz
A alga Ascophyllumnodosum tem se mostrado eficiente na indução de resistência das plantas aos microrganismos – Crédito Ana Maria Diniz

Os elicitores nada mais são do que substâncias que ativam a resposta das plantas ao ataque de patógenos. Os elicitores são compostos gerados pelo próprio agressor (patógeno) e, quando presentes, desencadeiam uma série de alterações no metabolismo celular vegetal (elicitação) que, em seu conjunto, propicia uma rede de mecanismos de defesa da planta ao ataque do patógeno.

Como exemplo disto, pode-se mencionar o aumento da síntese de compostos em momentos anteriores (fitoanticipinas constitutivas) ou posteriores ao ataque (fitoalexinas), constituindo uma resposta de defesa química do vegetal à presença de um composto ou ser estranho. Os elicitores exógenos, ou indutores deresistência, imitam o ataque de patógenos às plantas.

Assim, o emprego de elicitores pode constituir uma alternativa viável de controle e ferramenta muito útil para o manejo de doenças em plantas, pois possuem baixa ou nenhuma toxidez e não deixa resíduos tóxicos nos produtos vegetais comercializados, além de serem de custo atrativo ao produtor. Entre tais materiais estão os formulados com algas marinhas.

Atuação

Uma das classes de elicitores presente nas algas marinhas são os carboidratos chamados de beta-glucanas, que podem proteger o cultivo quanto ao ataque de microrganismos. Entre tais compostos está a laminarana, polímero de beta 1-3-glucana, que ocorre na alga marinha marrom Laminaria digitata, que pulverizada em plantas alcaliniza o meio extracelular, estimula a atividade de enzimas e proporciona o acúmulo de ácido salicílico, importante agente de resistência de plantas aos problemas fitossanitários.

O estudo da literatura tem deixado evidentes respostas positivas do emprego de derivados de Laminaria digitata na indução de resistência à fusariose, oídio, míldio e septoriose.

As algas favorecem a sanidade da soja - Crédito Mônica Zavaglia
As algas favorecem a sanidade da soja – Crédito Mônica Zavaglia

Tipos de algas

Extratos da alga marrom Ascophyllum nodosum têm se mostrado eficientes na indução de resistência das plantas aos microrganismos. Como exemplo, destaca-se a eficiência de tais organismos no controle de prejuízos causados por oomycetes e Phytophtora, porestimular a produção de fitoalexinas (que aumenta a resistência de plantas às doenças). Já outras pesquisas têm demonstrado que a alga Lessoniatrabeculata diminui os prejuízos causados por Botrytiscinerea.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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