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O efeito estimulante das algas marinhas

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilva@unipinhal.edu.br

 Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

Muitas espécies de algas marinhas são utilizadas na agricultura há muitos anos como bioestimulantes e fertilizantes naturais. Diversos compostos extraídos de macroalgas que apresentam atividades protetoras de plantas pertencem à classe dos polissacarídeos, importantes por apresentarem uma enorme variação estrutural, podendo conter raros carboidratos e grupamentos sulfatos.

Os polissacarídeos extraídos de algas marinhas são substâncias naturalmente ativas e possuem importantes aplicações. Ágar, carragenanas e fucoidanas são bem conhecidos por terem vasta aplicação na indústria alimentícia, farmacêutica e biotecnológica e, mais recentemente, na agricultura.

Importância das algas

Nos últimos anos tem sido observado crescente interesse em substâncias bioestimulantes naturais com uso na agricultura. As algas constituem um grupo que tem mostrado efeitos favoráveis sobre culturas no campo.

Elas constituem os organismos vivos essenciais utilizados em escala comercial e seus extratos são comumente comercializados como fertilizante líquido e bioestimulantes.

Têm sido verificados efeitos positivos destes fertilizantes sobre o crescimento, desenvolvimento e, consequentemente, aumento nos rendimentos das colheitas de campo. O vasto grupo de macroalgas representa uma fonte de muitas substâncias valiosas a partir do ponto de vista da fisiologia da planta, que particularmente auxilia as plantas a se adaptarem às condições de estresse.

Extratos da alga marinha Ascophyllum nodosum são comercializadas em vários países para estimular processos fisiológicos nas plantas.

As algas podem promover maior crescimento inicial das plantas e produção de grãos de feijão - Créditos Shutterstock
As algas podem promover maior crescimento inicial das plantas e produção de grãos de feijão – Créditos Shutterstock

Mais que benefícios

Algumas observações na literatura têm enfatizado os efeitos positivos do emprego de extratos de Ascophyllum nodosum sobre culturas como milho, feijão, e trigo, e o número de espigas e rendimento de grãos na cultura de trigo.

Relatos dão conta dos benefícios em estudos de campo com soja, da inclusão de extrato aquoso da alga vermelha Kappaphycus alvarezi. As aplicações foliares (30 e 60 dias após a germinação) do extrato, em concentrações variando de 2,5 a 15%, melhoraram significativamente o rendimento da cultura.

O maior rendimento de grãos foi observado com aplicações de extrato de algas marinhas a 15%, seguido por 12,5% de extrato, o que resultou em 57% e 46% de aumento, respectivamente, em comparação com o controle (plantas tratadas somente com água).

Em trigo há observações de que a aplicação de extrato a 20% da alga Sargassum wightii melhorou o comprimento das raízes, o número de raízes laterais, o comprimento dos brotos e o número de ramos.

Alguns pesquisadores testaram o efeito de extratos de algas aliado a outras substâncias (aminoácidos, minerais) como aditivos, a fim de avaliar seu efeito sobre o crescimento de algumas culturas. Assim, dados de literatura demonstram que o uso conjunto de extrato da alga Ascophylum nodosum, cálcio e ácido L-glutâmico podem promover maior crescimento inicial das plantas e produção de grãos de feijão.

Os efeitos benéficos proporcionados pela adição de algas marinhas no processo produtivo vegetal podem ser explicados pela riqueza dos referidos organismos em reguladores de crescimento, tais como citocininas, auxinas, giberelinas, betaínas, de macronutrientes, tais como Ca, K, P, e micronutrientes, como Fe, Cu, Zn, B, Mn, Co e Mo.

As algas têm beneficiado a soja de várias maneiras - Créditos Shutterstock
As algas têm beneficiado a soja de várias maneiras – Créditos Shutterstock

Atuação das algas marinhas

Atualmente, a utilização de extratos de algas vem ganhando popularidade devido ao seu potencial uso em agricultura orgânica e sustentável. O atual interesse pela preservação do meio ambiente tem estimulado o desenvolvimento de métodos alternativos de controle de pragas e doenças.

Os extratos de algas marinhas podem se enquadrar como uma das referidas alternativas: são organismos ricos em compostos bioativos. Tais organismos são pouco empregados para o controle de doenças de plantas e poucos trabalhos se referem à atividade antifúngica.

Ainda, as algas marinhas são fontes de antibióticos com ampla e eficiente atividade antibacteriana, porém, são poucos os estudos da ação sobre bactérias fitopatogênicas.

Em teste

No UniPinhal, Espírito Santo do Pinhal (SP), em ensaios com milho e feijão estudou-se o comportamento das plantas em presença de extrato de algas marinhas, incluídas em duas doses. Avaliaram-se a germinação de sementes, o desenvolvimento inicial, raízes e parte aérea, e a produção.

Os resultados obtidos no ensaio, tanto para milho quanto feijão, deixaram evidente a eficiência do extrato de algas na germinação, na massa fresca de raízes e parte aérea, no comprimento de raízes e na produção.

Apenas o desenvolvimento em altura não foi beneficiado. O uso de 1 l ha-1 do formulado foi o mais adequado, que promoveu aumentos de germinação de sementes de 24% no feijoeiro e 28% em milho.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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