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Boro via solo ou foliar?

 

 

Maria do Carmo Lana

Doutora e professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná ““ Unioeste

maria.lana@unioeste.br

 

CréditoShutterstock
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A função do boro (B) na nutrição da planta é ainda a menos entendida de todos os nutrientes e resulta de estudos nos quais o B é fornecido após a ocorrência de deficiência.

A deficiência de B rapidamente induz várias alterações metabólicas e sintomas visíveis de deficiência. Estes sintomas incluem: inibição do crescimento apical, necrose de gemas terminais, redução na expansão foliar, folhas quebradiças, abortamento de flores e queda de frutos.

Atuação na planta

O papel do B na estrutura de parede celular é reconhecido há bastante tempo. Plantas deficientes em B apresentam distúrbios fisiológicos macroscópicos, como rachadura no caule associada a anormalidades na síntese da parede celular.

A deficiência de B também afeta a atividade meristemática, causando mudanças na diferenciação de tecidos que são muito similares à concentração supraótima ou subótima de auxina AIA (ácido indol acético).

Os efeitos do B sobre a absorção de íons são relacionados direta e indiretamente aos efeitos do elemento na estrutura de membrana e, portanto, afeta os processos de transporte de íons através da membrana. A integridade e funcionamento da membrana dependem do teor adequado de B e, consequentemente, influencia a absorção de todos os nutrientes.

A deficiência de B resulta em queda na produtividade em consequência da menor produção de flores, de pólen e viabilidade do pólen. Os tecidos reprodutivos têm alto requerimento de B devido à rápida taxa de crescimento e alta concentração de pectinas na parede celular. O papel do B na estrutura de parede celular e integridade da membrana é evidenciado no crescimento e desenvolvimento do tubo polínico.

Os efeitos no estágio reprodutivo podem ser observados mesmo na ausência de sintomas no estágio vegetativo, sugerindo que o requerimento de B para tecidos reprodutivos é maior do que para tecidos vegetativos ou que a distribuição de B para estruturas reprodutivas é limitada.

A deficiência de B ocorre com maior frequência em solos arenosos, altamente intemperizados das regiões mais chuvosas e com baixos teores de matéria orgânica. O boro disponível no solo é liberado da matéria orgânica pela ação dos microrganismos, mas é facilmente perdido por lixiviação.

Exportação de boro

A cultura da soja exporta 26% do total de B absorvido pelos grãos, isto é, do total de 77 g de B absorvido pela cultura, para cada tonelada de grãos produzida, somente 20 g são exportados, portanto, os restos culturais representam um reserva de B a ser incorporado ao solo.

Para a maioria dos Estados brasileiros, quando o teor de B disponível for inferior a 0,6 mg dm-3, para culturas anuais, é recomendada a aplicação de B. O teor de B no tecido foliar também pode ser usado para indicar a necessidade de adubação.

O teor de B adequado no tecido foliar da soja situa-se entre 20 a 55 mg kg-1, enquanto que para a cultura do milho o teor adequado situa-se entre 15 a 20 mg kg-1. Nas sementes de soja, quando o teor de B é inferior a 10 mg kg-1 a germinação é muito afetada, com alta porcentagem de plantas anormais. A germinação e a produtividade da cultura são normais quando as sementes tiverem mais de 20 mg kg-1 de B.

A aplicação

A aplicação do boro no solo pode ser feita a lanço ou em sulcos do plantio - CréditoShutterstock
A aplicação do boro no solo pode ser feita a lanço ou em sulcos do plantio – CréditoShutterstock

O principal problema prático de aplicação de micronutrientes no solo é quanto à dificuldade de distribuição uniforme, devido às pequenas quantidades empregadas. A aplicação direta no solo pode ser feita a lanço, antes das práticas de preparo do solo, ou em sulcos por ocasião do plantio.

Com base na necessidade indicada pela análise foliar, a dose recomendada é de 0,5; 1,0 e 1,5 kg ha-1 de B quando o teor no solo estiver alto, médio e alto, respectivamente, aplicado a lanço e com efeito residual de até cinco anos. Para aplicação no sulco é recomendável ¼ dessa dose, repetida por quatro anos consecutivos. É importante utilizar a análise foliar como instrumento indicador da necessidade de reaplicação de B, sendo que esta pode ser feita a cada dois anos.

Atenção

As soluções contendo um ou mais nutrientes são amplamente utilizadas para fornecer micronutrientes, forma de aplicação que pode ser vantajosa nas seguintes situações: 1) as doses aplicadas são muito menores que as fornecidas via solo; 2) a distribuição uniforme é fácil de ser obtida; 3) a resposta ao nutriente aplicado é imediata, e, consequentemente, as deficiências podem ser corrigidas no mesmo ciclo da cultura.

No entanto, existem algumas desvantagens: 1) a demanda de nutrientes é geralmente alta quando as plantas são pequenas, mas a superfície foliar é insuficiente para a absorção foliar; 2) quando a concentração salina é elevada pode ocorrer queima das folhas; 3) pode ser muito tarde para corrigir a deficiência, e ainda obter produção elevada; 4) o efeito residual é pequeno; 5) muitas vezes são necessárias várias aplicações, o que representa custos extras.

Essa matéria completa você encontra na edição de julho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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