17.5 C
Nova Iorque
sábado, setembro 21, 2024
Início Revistas Grãos Organominerais - A nutrição agrícola sustentável

Organominerais – A nutrição agrícola sustentável

Carlos Alberto Silva

Departamento de Ciência do Solo

Universidade Federal de Lavras

csilva@dcs.ufla.br

 

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

No Brasil, são gerados resíduos orgânicos em diferentes cadeias produtivas. O País é o maior produtor de café no mundo, com produção anual de cerca de 50 milhões de sacas de café. Cada saca de grão de café beneficiada gera, em média, quase uma saca de casca de café, resíduo que é fonte importante de potássio.

No setor sucroalcooleiro, a área de canaviais supera dez milhões de hectares.  Nas usinas são produzidas palhas, bagaços, tortas, vinhaça, cinzas etc., todos resíduos importantes pela composição química e potencial que têm de contaminar o ambiente, se não forem descartados de modo adequado.

Existem outras fontes orgânicas de nutrientes de grande disponibilidade no País, uma vez que o setor agropecuário se destaca internacionalmente na produção de aves, suínos e bovinos e, por isso, gera-se no Brasil estercos de composição química diversificada, dejetos e águas residuárias que, se tratados, podem servir como matérias-primas para a fabricaçãode fertilizantes.

 

Os resíduos da cana podem contaminar o ambiente, se não forem descartados corretamente - Fotos Shutterstock
Os resíduos da cana podem contaminar o ambiente, se não forem descartados corretamente – Fotos Shutterstock

De resíduo a matéria-prima

Nas lavouras são gerados resíduos antes e após a colheita, sendo exemplos os restos vegetais remanescentes das indústrias e setores de processamento de café, arroz, grãos em geral, etc. Existe uma diversidade de resíduos que são gerados em agroindústrias e indústrias, como subprodutos dos processos de fabricação ou como lotes de produtos fabricados, mas que são refugados por não conformidade, ou seja, são subprodutos que agregam vários nutrientes, mas que não atendem regras e padrões de comercialização.

Os resíduos gerados no País, de fato, não se limitam aos arranjos e fontes citadas, dado que eles englobam ainda o composto de lixo gerado a partir da matriz orgânica do lixo produzido à base, em média, de 1,1 kg/habitante/dia de lixo.

Assim, considerando-se a população de 204 milhões de habitanteso Brasil, são geradas cerca de 210.000 toneladas de lixo diariamente, sendo que cerca da metade disso é material orgânico que pode ser compostado e utilizado como condicionador de solo, fertilizante ou matéria-prima para formulação de fertilizantes organominerais (FOMs).

Assim, nas cidades, nas indústrias, em Estações de Tratamento de Esgoto e em Estações Produtoras de Águas Residuárias, nas florestas de pinus e de eucalipto e em outros arranjos de produção vegetal e animal do País são gerados resíduos orgânicos de composição química e física muito diversificados e com grande potencial de uso no setor agrícola.

Existem, também, nas cidades, uma produção substancial de resíduos oriundos de aparas de jardins, de podas de árvores e arbustos e de refugos de residências e indústrias. Todas essas matrizes indicam que o País pode e deve ser cada vez mais um player importante na produção de fertilizantes, se os resíduos orgânicos mencionados forem corretamente tratados, separados, compostados, caracterizados e padronizados, em função de embalagem, rotulagem e controle por órgão competente, no caso o MAPA.

A caracterização envolve análises químicas, físicas e biológicas e os efeitos desses adubos no solo, nas plantas e no ambiente.

 

O uso continuado de organominerais pode beneficiar a capacidade do solo reter nutrientes e água - Fotos Shutterstock
O uso continuado de organominerais pode beneficiar a capacidade do solo reter nutrientes e água – Fotos Shutterstock

Compostagem

 

Se o resíduo for de origem animal, o uso direto na adubação das lavouras é vedado, ou permitido, desde que o local de aplicação, no caso de pastagens e outros sistemas de produção de forragem, seja vedadopor período requerido em instrução normativa do MAPA.

Com a entrada da norma em vigor que proíbe o uso de resíduos de origem animal na alimentação de outros animais, há mais sobra de resíduos para usos diversificados, entre eles a formulação de fertilizantes. Alguns resíduos vegetais podem ser hospedeiros de pragas nas lavouras, se forem aplicados “in natura“. Por isso, na maioria das vezes os resíduos vegetais, industriais e de origem animal, antes de serem utilizados na adubação das lavouras ou para outros fins, devem ser processados e,muitas vezes,compostados.

A compostagem é um processo controlado de decomposição aeróbica dos resíduos orgânicos. Na compostagem industrial, todos os fatores que controlam a taxa de decomposição de materiais orgânicos (água, oxigênio, pH, microrganismos e enzimas, combinação e proporções de materiaiscompostados, relação C/N, perdas de N por volatilização, tempo de cura do material etc.) são efetivamente controlados.

Quase sempre a compostagem é uma etapa anterior ao processo de formulação dos FOMs na indústria. Se o processo de compostagem é bem conduzido, agregam-se mais nutrientes no composto produzido, o que reduz a quantidade de adubo mineral adicionado ao material durante a síntese dos FOMs.

O produtor terá seu custo reduzido em função dos organominerais - Fotos Shutterstock
O produtor terá seu custo reduzido em função dos organominerais – Fotos Shutterstock

Essa matéria completa você encontra na edição de julho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes