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Genética a favor da soja oferece mais resistência contra nematoides

Andressa Cristina Zamboni Machado

Pesquisadora da área de Nematologia do Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR

andressa_machado@iapar.br

 

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

Atualmente, a cultura da soja vem sofrendo expressivas quedas de produtividade em função do ataque de nematoides. No Brasil, as principais espécies que ocorrem, com elevadas perdas econômicas, são os nematoides das galhas, Meloidogyne javanica (soja e milho) e M. incognita (soja e milho), o nematoide das lesões, Pratylenchus brachyurus (soja, algodão e milho), o nematoide de cisto da soja, Heterodera glycines (soja) e o nematoide reniforme, Rotylenchulus reniformis (soja e algodão).

Em média, os nematoides causam perdas de cerca de 10% da produção agrícola mundial, o que corresponde a US$ 173 bilhões, anualmente. Entretanto, em áreas severamente afetadas no Centro-Oeste, as perdas de produção podem chegar a 80%.

Dados recentes da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja) apontam que a área de soja infestada por nematoides no Estado do Mato Grosso chega a 80%, sendo a região oeste a mais afetada, com 92% das lavouras atingidas.

Nestas áreas, cujo potencial de produção seria de 60 sacas, a produção não passa de 45 sacas. Ainda segundo a Fundação Chapadão, apenas a espécie P. brachyurus representa 50% das áreas infestadas. Situação semelhante é encontrada em toda a região centro-oeste do País, com muitas lavouras infestadas e presença marcante do nematoide das lesões radiculares.

No Paraná, outro importante Estado produtor de soja, o problema maior ainda fica por conta dos nematoides de galhas, M. incognita e M. javanica, bem como do nematoide de cisto, apesar de P. brachyurus já estar presente na maioria das amostras analisadas, embora em baixos níveis populacionais. O desafio nessa região é justamente evitar que o nematoide das lesões torne-se o principal problema da soja, a exemplo das regiões produtoras no Cerrado brasileiro.

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

Danos alarmantes

Perdas de produção induzidas por esses patógenos variam de 10 a 100%. Segundo pesquisas recentes da Embrapa e da Aprosoja, os danos provocados por nematoides podem chegar a alarmantes R$ 35 bilhões por ano.

Por exemplo, o cultivo da soja em área altamente infestada por M. incognita resulta em mais de 55% de redução na produção. Entretanto, tais perdas podem ser muito maiores, dependendo das condições edafoclimáticas, variedade utilizada e espécie de nematoide.

Em algumas regiões do Brasil, como no Centro-Oeste, já foram relatadas perdas de até 80% da produtividade de soja em função do ataque de uma única espécie de nematoide, P. brachyurus, um dos principais problemas da cultura na atualidade.

Ainda no Brasil Central, em condições de populações muito elevadas do nematoide de cisto no solo, especialmente se associadas com excesso de calagem, as perdas podem chegar a 100%. Mesmo em lavouras de soja sem sintomas aparentes de danos, como acontece nos Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, a produtividade de cultivares suscetíveis tem sido, em média, 400kg/ha menores do que as cultivares resistentes.

Favorecimento dos nematoides

Já existem variedades resistentes aos nematoides - Fotos Shutterstock
Já existem variedades resistentes aos nematoides – Fotos Shutterstock

As condições que favorecem tais espécies de nematoides são temperaturas mais elevadas, acima de 25ºC, umidade adequada e presença de plantas hospedeiras na área. Devido a essas características, uma das regiões brasileiras que mais apresenta problemas com nematoides é o Cerrado, uma vez que as temperaturas são sempre elevadas, a maioria das grandes áreas produtoras é irrigada e existe alimento para o patógeno o ano todo, já que o monocultivo de culturas suscetíveis é o sistema mais adotado na região.

Como principais opções para o manejo de nematoides tem-se a rotação de culturas com plantas não hospedeiras do nematoide, a utilização de nematicidas, seja no sulco de plantio, seja via tratamento de sementes, e o uso de cultivares resistentes.

Genética a favor do controle

A soja sofre quedas de produtividade em função do ataque de nematoides - Fotos Shutterstock
A soja sofre quedas de produtividade em função do ataque de nematoides – Fotos Shutterstock

As cultivares resistentes seriam o método ideal de manejo, uma vez que é eficiente na redução populacional do nematoide, bem como não aumenta o custo de produção, já que a própria semente é a ferramenta de manejo e não há a necessidade de adaptação de maquinário agrícola dentro da lavoura.

Entretanto, a necessidade de conhecimento acerca da espécie de nematoide presente na área é imprescindível para o sucesso desta prática. A utilização de cultivares resistentes, ainda que dificultada por esses fatores, ou mesmo pela grande variabilidade genética apresentada pelos nematoides, é o método de controle mais econômico e de melhor aceitação pelo produtor.

O principal benefício da utilização de cultivares resistentes reside na diminuição da população dos nematoides no solo, uma vez que materiais tidos como resistentes impedem ou reduzem a multiplicação do patógeno em suas raízes, reduzindo a população encontrada no solo.

Com o uso contínuo de cultivares resistentes, aliado à rotação de culturas e tratamento químico de sementes, a população do nematoide atinge níveis aceitáveis para melhor convivência com o problema, reduzindo as perdas na cultura.

Para os nematoides de galhas, M. incognita e M. javanica, a utilização de cultivares resistentes constitui importante forma de controle, uma vez que são nematoides com grande número de hospedeiros, inviabilizando a rotação de culturas.

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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