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Podridão abacaxi deixa produtores de cana em alerta

Roberto Giacomini Chapola

Engenheiro agrônomo, fitopatologista do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar ““ PMGCA/UFSCar/RIDESA

chapola@cca.ufscar.br

 

Créditos Roberto Giacomini
Créditos Roberto Giacomini

Causada por Ceratocystis paradoxa, a podridão abacaxi é uma doença fúngica que ataca a cana-de-açúcar e provoca prejuízos capazes de comprometer a produtividade em até 35%. Seu manejo exige integração de medidas, que incluem atenção à época do plantio e uso de fungicidas.

O ataque

A podridão abacaxi ataca os rebolos de cana-de-açúcar, afetando sua germinação. Quando o plantio é realizado em condições de baixas temperaturas e umidade do solo inadequada, esporos de Ceratocystis paradoxa presentes no solo são estimulados a germinar por substâncias liberadas pelos rebolos.

A penetração do fungo ocorre pelas extremidades dos rebolos, onde é possível observar um encharcamento que se aprofunda rapidamente, acompanhado por um avermelhamento decorrente da produção de substâncias de defesa pela planta.

Àmedida que a podridão avança, a coloração interna dos rebolos vai se alterando, passando para cinza, pardo-escura e negra. Nesta última fase, somente a casca dos rebolos continua intacta; os feixes vasculares internos estão soltos e recobertos por uma massa negra de esporos do fungo.

Rebolos infectados podem iniciar o desenvolvimento de raízes e gemas, mas são geradas plantas fracas, que morrem antes de emergirem do solo, ou que são dominadas pelo mato ou pela competição com plantas vizinhas.

Prejuízos

Em talhões muito afetados pela podridão abacaxi, pode ser necessário fazer o replantio, que é uma operação bastante onerosa. Os prejuízos não se resumem às falhas, mas também ao desenvolvimento de plantas mais fracas.

Áreas com ataques severos de podridão abacaxi podem apresentar reduções de até 35% na produtividade final. Havendo queda de produtividade, consequentemente a rentabilidade do produtor também será afetada, caso medidas preventivas de controle não sejam empregadas.

Roberto Giacomini Chapola, fitopatologista do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar ““ PMGCAUFSCarRIDESA - Créditos Roberto Giacomini
Roberto Giacomini Chapola, fitopatologista do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar ““ PMGCAUFSCarRIDESA – Créditos Roberto Giacomini

Sintomas

Áreas atacadas ficam com aspecto irregular devido às falhas de germinação ou às plantas mais fracas originadas de rebolos infectados. O sintoma típico da podridão abacaxi é a fermentação dos rebolos, que passam a exalar um odor característico de abacaxi maduro. Esse sintoma ocorre principalmente nas fases iniciais do ataque, quando os rebolos ainda possuem reservas de açúcar.

Hora de agir

O produtor deve começar a agir antes do plantio da cana. O melhor método de controle é a escolha da época de plantio. Quando existem condições ótimas de temperatura e umidade para a germinação da cana, o fungo pode estar presente no solo, porém, seus danos não ocorrem.

Assim que as plantas emergem do solo e iniciam os processos fotossintéticos, elas se tornam imunes à doença. Na região Centro-Sul do Brasil, o plantio realizado entre os meses de setembro e março é suficiente para controlar a doença.

Sintoma inicial da podridão abacaxi no rebolo - Créditos Roberto Giacomini
Sintoma inicial da podridão abacaxi no rebolo – Créditos Roberto Giacomini

Controle

Quando for necessário realizar o plantio de inverno, qualquer medida que estimule a germinação rápida da cana reduz os impactos da doença. As formas de controle mais utilizadas são:

â–º Irrigação, tomando-se cuidado com o excesso de umidade, que também é prejudicial à germinação;

â–º Plantar variedades de rápida germinação e com boa velocidade de desenvolvimento inicial;

â–º Priorizar rebolos com gemas mais novas, que germinam mais rápido do que gemas mais velhas;

â–º Preparar bem o solo antes do plantio, com o objetivo de eliminar os torrões e reduzir a compactação, fornecendo melhores condições para a germinação;

â–º Plantar os rebolos em uma profundidade adequada, pois plantios muito profundos atrasam a germinação;

â–º Cortar os colmos em rebolos maiores ou plantar colmos inteiros, reduzindo-se os ferimentos;

â–º Plantar um maior número de gemas por metro de sulco quando os rebolos forem provenientes de colheita mecanizada, pois os mesmos são menores e mais danificados do que os colhidos manualmente;

â–º Aplicar fungicidas nos rebolos nos plantios de inverno e em áreas com histórico da doença – os produtos agem protegendo as extremidades dos rebolos ou acelerando a germinação (áreas tratadas podem apresentar recuperação de até 20% na produtividade).

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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