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Doses ideais de gesso na formação e produção do cafeeiro

José Braz Matiello

jb.matiello@yahoo.com.br

Alysson Vilela Fagundes

Engenheiros agrônomos do Mapa/Procafé

 Crédito Marcelo Linhares
Crédito Marcelo Linhares

A ação do gesso (sulfato de cálcio), como indutor do maior desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro em profundidade, está relacionada com o fornecimento de cálcio e enxofre, com o carreamento de bases em profundidade, promovendo, ali, a neutralização do alumínio e disponibilizando essas bases em camadas mais profundas.

A indicação de uso do gesso muitas vezes superestima seus efeitos, fazendo crer que o produto resolve ou traz vantagens para todos os casos. No entanto, na sua recomendação devem ser observados os resultados experimentais de seu uso em cafezais.

Detalhes do manejo

O gesso deve ser usado, em doses adequadas,quando a saturação de alumínio livre em profundidade (amostras de 20 a 40 cm) for superior a 30%. Pode ser indicado, também, para fornecer cálcio em profundidade, quando a análise de solo mostrar essa necessidade, ou seja, quando o teor de cálcio for menor que 0,5 Cmol/dm3.

O sistema de uso de altas doses de gesso preconiza a aplicação, logo após o plantio do cafeeiro, de uma camada junto à faixa próxima e ao longo da linha de plantas de café, em doses acima de 20 t/ha.

Custo

O custo envolve a aquisição e a aplicação de uma grande dose de gesso, antes muito barato, mas nos últimos anos essa realidade vem mudando.Além disso, existe um custo paralelo, de correção do magnésio e do potássio, já que o gesso adiciona ao meio uma grande quantidade de cálcio, e as aplicações dos demais nutrientes precisam ser feitas para evitar esse desequilíbrio.

Investimento x retorno

O emprego de altas doses de gesso traz altos custos e pouco ou nada de beneficio em termos de produtividade à lavoura de café. O uso do produto, em pequenas doses, ao contrário, é mais econômico e não causa desequilíbrios.

Com os tratos nutricionais normais, utilizando-se os corretivos comuns, como o calcário e, se necessário, complemento com pequenas doses de gesso, são obtidas boas produtividades, sem diferenças em relação ao uso de doses elevadas, estas quando equilibradas. Caso não se faça o equilíbrio, as altas doses tendem a reduzir a produtividade.

Erros

Os erros mais frequentes ainda estão no uso de altas de gesso, sem equilibrar com o uso de fontes de magnésio e potássio. Para evitá-los, é importante que o produtor faça análises de solo que mostrem a situação das bases no solo, e também aplique os nutrientes faltantes ou em desequilíbrio.

Resultados

Os resultados da análise de solo e de produtividades obtidas em experimento mostram que ocorre um desequilíbrio que aumenta com a dose de gesso utilizada, e que na produção, mesmo realizadas as aplicações complementares, de Mg e K, não ocorre aumento significativo da produtividade da lavoura de café, isto avaliado em sete safras, como se observa nas tabelas a seguir.

Tabela 01 – Níveis de cálcio, magnésio e potássio no solo,nas camadas de 0 a 20 ede 20 a 40cm, e níveis foliares de Ca e Mg em cafeeiros, aos 24meses de campo, sob efeito de diferentes doses altas de gesso, como irrigação branca. Boa Esperança (MG), 2008.

Tratamentos

Doses de gesso, kg/m de linha

Níveis de nutrientes no solo, em duas profundidades (Cmolc/dm3) Níveis de nutrientes nas folhas, em %
0 a20 cm 20 a40 cm
Ca Mg K Ca Mg K Ca Mg
0 1,73 b 0,63 a 68 a 1,01 b 0,41 a 49,3 a 0,88 b 0,22 a
1,5 2,84 b 0,33 b 56 a 1,8 b 0,17 b 35,3 a 0,83 b 0,18 b
3 3,1 b 0,21 b 46,7 b 3,17 a 0,17 b 36 a 0,85 b 0,18 b
4,5 6,6 a 0,21 b 50 b 3,5 a 0,12 b 32 b 1,00 a 0,17 b
6 6,5 a 0,15 c 39,3 b 3,6 a 0,1 b 32 b 1,02 a 0,16 b
7,5 18,8 a 0,14 c 41,3 b 16,3 a 0,08 c 26 b 1,03 a 0,14 b
9 24,5 a 0,13 c 28,7 b 16,6 a 0,08 c 26 b 1,01 a 0,17 b

Fonte: Fagundes A.Vetalli, Anais do 35º CBPC, Mapa/Procafé, 2009, p. 75.

Tabela 02 – Produtividade média, em sacas/ha, nas safras de 2009 a 2015, dos tratamentos submetidos a diferentes doses elevadas de gesso, Boa Esperança (MG), 2015

Tratamentos

Doses de gesso

Produtividade (sacas/ha)
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média
Testemunha 12,2 71,3 12,2 48,5 59,4 21,4 37,7 37,5
1,5  kg/m (4,3 ton/ha) 9,9 68 18,1 52,6 64,3 28,2 17,9 37,0
3,0  kg/m (8,6 ton/ha) 8,4 71,7 9,1 51,2 58,1 28,0 24,7 35,9
4,5  kg/m(12,9 ton/ha) 14,6 58,5 9,5 50,3 55,7 23,9 30,5 34,7
6,0  kg/m(17,1 ton/ha) 7,5 61,2 9,9 58,5 55,7 21,6 29,1 34,8
7,5  kg/m (21,4 ton/ha) 14,8 70,9 12,2 48,5 64,3 26,0 38,1 39,3
9,0  kg/m (25,7 ton/ha) 15 66,7 8,62 54 55,7 23,7 39,6 37,6

Fonte ““ Fagundes A, V. etalli, In Anais do 41ºCBPC, Fundação Procafé, 2015 p. 142

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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