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Cobre auxilia no controle da ferrugem asiática da soja

João Sebastião de Paula Araújo

araujoft@ufrrj.br

Jorge Jacob Neto

j.jacob@globo.com

Engenheiros agrônomos, doutores e professores do Departamento de Fitotecnia da UFRRJ

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Foi diagnosticada no Paraná, na safra 2000/01, a ferrugem asiática da soja causada pelo fungo Phakopsorapachyrhizi, uma das doenças mais severas que incide na cultura. Seu aparecimento alterou o manejo da soja brasileira.

Atuando na parte aérea, pode causar danos de 10 a 90%, com elevado potencial de perdas na produtividade. No Brasil, por meio de um eficiente programa de melhoramento genético manipulado por empresas públicas e privadas, quando aparecia uma doença, rapidamente eram lançadas cultivares tolerantes que diminuíam o impacto das doenças na soja.

Com a ferrugem asiática isso está demorando mais e manejos específicos devem ser preconizados. Neste artigo comentaremos sobre o patógeno, que é o fungo mais estudado como causador da ferrugem asiática. Ele se multiplica e sobrevive em tecidos vivos, que além da soja tiguera pode infectar várias espécies de hospedeiros, entre eles: Phaseolus vulgaris, Desmodium sp., Crotalaria spp., Neonotonia wightii, e ainda cerca de 90 hospedeiros.

Sintomas

Inicialmente, após a infecção ocorrem pequenas lesões foliares, de coloração castanha a marrom escura. Com a evolução da doença são observadas urédias, que se rompem e liberam os uredósporos, propagando ainda mais.

Diversos manejos têm sido preconizados no Brasil para minimizar o ataque deste fungo, como a utilização de cultivares de ciclo precoce, semeaduras no início da época recomendada, eliminação de plantas de soja da lavoura anterior, evitar cultivo de soja na entressafra por meio do vazio sanitário, monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura, utilização de fungicidas no aparecimento dos sintomas preventivamente e utilização de cultivares tolerantes.

Como proceder

Sintomas iniciais de ferrugem na soja - Crédito Jorge Jacob
Sintomas iniciais de ferrugem na soja – Crédito Jorge Jacob

Cerca de 100 fungicidas possuem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle dessa doença.Por sua vez, na quantificação da produção da cultura, a variável mais relevante é a área foliar total por unidade de área de terreno.

Essa variável é conhecida como índice de área foliar (IAF), que é a perda de área foliar causada pela doença, afetando a interceptação de luz e diminuindo a capacidade fotossintética, o acúmulo de fotossintatos e, consequentemente, o enchimento de grãos.

Ao causar lesões necróticas em ambos os lados da folha, o fungo reduz significativamente a habilidade de realizar fotossíntese, causando assim grandes danos à cultura da soja. Dados oficiais apontam que todos os Estados que possuem cultivo de soja já foram atingidos pela doença, com prejuízos que podem oscilar entre 15 a 20% no custo da produção.

Embora moléculas químicas como tebuconazol, piraclostrobina+fluxapiroxade e azoxistrobina, dentre outras, estejam registradas para proteção contra a ferrugem da soja, o emprego contínuo e indiscriminado desses agrotóxicos, associado à pressão de seleção, podem favorecer mutações genéticas e o surgimento de populações resistentes do fungo e, consequentemente, redução de eficácia desses fungicidas.

O uso do cobre

Uma alternativa para o manejo da doença vem sendo praticada com o emprego de cobre. O primeiro relato da utilização de produtos cúpricos na agricultura ocorreu em 1885, com a descoberta e utilização da calda bordalesa “Bordeaux Mixture”, pelo fitopatologista Pierre-Marie Alexist Millardet, na viticultura francesa, manejo que evitou o colapso dos vinhedos daquele país.

Desde então, produtos à base de cobre vêm sendo empregados nas mais diferentes culturas como forma de controle químico de doenças em vegetais, sejam de etiologia fúngica ou mesmo bacteriana, pois apresentam alta toxicidade aos fitopatógenos, baixo custo e efeito tóxico reduzido em mamíferos, o que os tornam viáveis economicamente e adequados à agricultura.

Embora seja novidade para o cultivo convencional de soja, o emprego de calda bordalesa ou fungicida à base de oxicloreto de cobre já acontece no manejo preventivo de diversas doenças bacterianas e fúngicas em cultivos da soja orgânica, incluindo a ferrugem asiática. As formulações são de baixa concentração e têm uso permitido pelas diferentes certificadoras de orgânicos.

Atuação na soja

Presente nas células, o cobre atua como elemento essencial ao funcionamento normal das células, participando de inúmeras reações bioquímicas e fisiológicas. Dessa forma, é requerido por várias enzimas, como as oxigenases e proteínas de transporte de elétrons, que estão envolvidas nos processos de fotossíntese, respiração, florescimento e frutificação vegetal.

Além de nutriente, o íon cobre participa nos processos de indução de resistência e nos efeitos de proteção, causando toxicidade ao metabolismo de microrganismos como o fungo Phakopsorapachyrhizi, e assim auxiliando na redução da incidência da doença.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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