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Inseticida via sementes garante maior eficiência no controle da mosca-branca

Anderson Gonçalves da Silva

Doutor, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e coordenador do Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas (GEMIP)

agroanderson.silva@yahoo.com.br

José Fernando JurcaGrigolli

Doutor, pesquisador de Fitossanidade da Fundação MS e membro do GEMIP

Bruno Henrique Sardinha de Souza

Doutor, pesquisador do Departamento de Fitossanidade da FCAV/UNESP e membro do GEMIP

 

Crédito Alexsander Dias
Crédito Alexsander Dias

É notória a importância da mosca-branca no cenário agrícola brasileiro. Antes considerada de relevância secundária, a praga cada vez mais tira o sono dos produtores, com surtos severos e mais frequentes nas últimas safras, infestando lavouras das principais regiões produtoras de grãos do País.

Dentre os principais motivos para esse avanço da mosca-branca, destaca-se: sua alta capacidade reprodutiva, presença de várias raças fisiológicas ou biótipos que se adaptam com facilidade às várias condições ambientais do País, presença de culturas hospedeiras durante todo o ano; eliminação de fungos que controlam naturalmente a praga em função de aplicações de fungicidas não seletivos que visam o controle de doenças (em especial: ferrugem asiática, mela e mofo-branco, dependendo da região); monocultivos extensivos; aplicações preventivas de inseticidas que favorecem a evolução da resistência da praga aos ingredientes ativos dos produtos e plantios em sucessão nas mesmas áreas produtivas, beneficiando a mosca-branca devido à constante oferta de alimento.

Prejuízos causados pela mosca-branca - Crédito Regiane Cristina
Prejuízos causados pela mosca-branca – Crédito Regiane Cristina

Eficiência

Dentre os manejos utilizados para o controle da mosca-branca, o tratamento de sementes (TS) tem apresentado certas vantagens em relação aos demais, principalmente por proporcionar longo efeito residual durante o início da cultura da soja, ou seja, quando as plântulas estão mais suscetíveis ao ataque da praga, o que dispensa custos adicionais inerentes à aplicação via foliar, condições ambientais adversas à pulverização, além de serem inseticidas mais seletivos aos inimigos naturais devido a sua formulação e modo de aplicação.

Anderson Gonçalves da Silva, professor da UFRA e coordenador do GEMIP
Anderson Gonçalves da Silva, professor da UFRA e coordenador do GEMIP

A praga

A mosca-branca (Bemisia tabaci) biótipo B é um inseto sugador pertencente à ordem Hemíptera (erroneamente chamada de mosca, já que o termo se enquadra aos insetos da ordem Díptera).

Apresenta metamorfose incompleta, passando pelos estágios de: ovo, ninfa (com quatro trocas de peles ou ecdises) e adulto (obs: conhecer os estágios de desenvolvimento da mosca-branca é de suma importância e precisa ser levado em consideração para um eficiente monitoramento e posterior controle da praga na lavoura); com período de desenvolvimento bastante rápido, com ciclo completo em torno de 15 dias, que vão ser influenciados principalmente pelas condições climáticas.

Bruno Henrique de Souza, pesquisador da FCAVUNESP e membro do GEMIP
Bruno Henrique de Souza, pesquisador da FCAVUNESP e membro do GEMIP

Quanto maior a temperatura, menor o ciclo da praga, o que reflete em maior número de gerações do inseto, e logo, em uma quantidade maior de mosca-branca na lavoura. A longevidade das fêmeas é de aproximadamente 18 dias, com oviposição média de 110 ovos por fêmea.

José Fernando JurcaGrigolli, pesquisador da Fundação MS e membro do GEMIP
José Fernando JurcaGrigolli, pesquisador da Fundação MS e membro do GEMIP

Os danos da mosca-branca

Geralmente os danos ocorrem na face inferior das folhas, onde tanto as ninfas quanto os adultos permanecem sugando continuamente a seiva das plantas, causando danos diretos e indiretos. Os danos diretos ocorrem em decorrência do tipo de alimentação, motivados pela retirada de seiva do floema, debilitando a planta por deficiência de nutrientes, e também pela inoculação de toxinas (enzimas digestivas), que provoca desordens fisiológicas nas plantas e acarreta alterações em seu desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, reduzindo a produtividade e a qualidade dos grãos, bem como prejudicando a colheita.

 Infestação de mosca-branca em soja - Crédito Cecília Czepak
Infestação de mosca-branca em soja – Crédito Cecília Czepak

Contudo, essa perda é relevante apenas em altas infestações, o que pode ser observado em algumas regiões produtoras. Em trabalhos desenvolvidos no polo sojícola de Paragominas (PR), chegou-se a contabilizar mais de 600 ninfas por folíolo de soja, em parcelas de plantio em que não se utilizou controle químico.

Além disso, suas excretas açucaradas (honeydew) promovem a proliferação da fumagina (Campinodium spp.), fungo que se desenvolve na face superior das folhas e reduz a área fotossintética e, consequentemente, a produtividade.

O tratamento de sementes proporciona longo efeito residual durante o início da cultura - Crédito Luize Hess
O tratamento de sementes proporciona longo efeito residual durante o início da cultura – Crédito Luize Hess

De forma indireta, a mosca-branca pode comprometer suas plantas hospedeiras pela transmissão de viroses, como o vírus do mosaico anão (VME), vírus do mosaico crespo (VMCrS), dentre outros, às plantas de soja, provocando danos que podem comprometer até 100% dos plantios, problemas esses que ainda não são importantes em nossas lavouras.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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