Matheus Angeli Castanheira
Julia Savieto
Graduandos em Engenharia Agronômica – ESALQ-USP e membros do GAPE ““ Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão
Godofredo Cesar Vitti
Doutor e professor da ESALQ-USP
O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, com área plantada de 33,9 milhões de hectares. Devido ao avanço da soja pelo cerrado brasileiro, os produtores tiveram que investir na construção da fertilidade e redução da acidez natural do solo para que o potencial produtivo da cultura fosse atingido (MANN, 2001).
Com relação ao uso de micronutrientes na soja, tornou-se frequente a prática da aplicação de zinco (Zn) (GALRÃO, 1995), que é um micronutriente essencial para o desenvolvimento das plantas, visto que sua deficiência no solo acarreta diretamente na redução da atividade fisiológica, impactando na produtividade da cultura (INOCÊNCIO, 2010).
O zinco participa da composição e ativação de enzimas, atuando principalmente na sintetase do triptofano, enzima precursora do ácido indolacético (AIA) que regula a elongação dos internódios e tamanho das folhas (MASCARENHAS ET AL, 2014).
Segundo Resende (2003), há condições de solo que favorecem a ocorrência de deficiência de Zn, entre elas: calagem excessiva (pH elevado); altos níveis de P; matéria orgânica elevada e solos arenosos (baixa CTC).
A deficiência de zinco é caracterizada por coloração amarelo-amarronzada nas folhas, pela redução do tamanho das folhas jovens e também pela presença internódios mais curtos (HANSEL, F.D.; OLIVEIRA, M.L, 2016). A deficiência de Zn leva a uma redução da enzima superóxido dismutase, cuja função é proteger as membranas e proteínas contra a oxidação – a planta fica mais vulnerável e suscetÃvel a ataques de pragas e doenças (VITTI, 2014).
Suprimento de zinco
Como uma forma de prevenir eventuais problemas com a deficiência desse nutriente, recomenda-se a amostragem foliar, sendo coletado o terceiro trifólio no período de florescimento (AMBROSANO et al., 1996). É possível observar na Tabela 1 os teores médios foliares de micronutrientes adequados para cultura da soja.
Tabela 1. Faixa de teores adequados de micronutrientes na cultura da soja.
Cultura | B | Cu | Fe | Mn | Mo | Zn |
——————————————mg kg-1—————————————— | ||||||
Soja | 21-55 | 10-30 | 50-350 | 20-100 | 1,0-5,0 | 20-50 |
Fonte: AMBROSANO et al., (1996).
A adubação via solo tem como característica de ser uma correção mais lenta, duradora e de caráter preventivo. Por outro lado, o maior problema é como deve ser feita a aplicação, da forma que a distribuição seja o mais homogênea possível nessas pequenas doses. Para isso, segundo Casarin (2010), algumas alternativas são adotadas para mitigar esse problema, como:
ÃœAumento de doses iniciais fazendo uso do efeito residual;
ÃœMistura de micronutrientes com fontes simples, mistura de grânulos e fertilizantes granulados;
ÃœRevestimento de fontes simples e fertilizantes granulados com micronutrientes.
Fontes
No caso do Zn em aplicações via solo, são utilizadas fontes inorgânicas para o fornecimento do nutriente, podendo-se utilizar fontes insolúveis em água como óxidos, carbonatos e fosfatos. Os oxisulfatos surgem como alternativa, no qual o fertilizante é solubilizado parcialmente de forma a aumentar a solubilidade dos fertilizantes.
A vantagem é que a forma de absorção do Zn, segundo Malavolta (1997), é 60% por difusão, sendo importante a aplicação próxima às raízes. A dose recomendada de Zn, utilizando oxisulfatos, segundo Coelho & França (1995), é de 2,0 a 4,0 kg ha-1 de Zn, sendo o teor presente no solo menor que 1,0 ppm (Mehlich).
Raij&Cantarela (1996), em solos com teor de Zn (DPTA)< 0,6 ppm, recomendam a aplicação e 4,0 kg ha-1. Caso os teores se encontrem entre 0,6 e 1,2 ppm, recomenda-se 2,0 kg ha-1.
A aplicação via foliar confere uma correção mais rápida, menos duradoura e de caráter corretivo, reduzindo os problemas de interação no solo como adsorção, fixação e redução de sua disponibilidade, conforme o aumento de pH. Neste tipo de aplicação o nutriente é prontamente disponibilizado para a planta (CASARIN, 2010).
O período de aplicação varia de acordo com a cultivar. Em variedades precoces e médias, as doses são divididas em três estádios fenológicos V4, V8 e R2 (Tabela 2). Já em variedades tardias as doses são divididas em quatro aplicações V3, V7, R1 e R2 (Tabela 3).
Tabela 2. Adubação foliar em variedades precoces e médias
Estádios | Mn | Zn | Cu | Co | Mo | B | Mg |
————————————– g ha-1 ———————————– | |||||||
V4 | 150 | 65 | – | 4 | 40 | – | – |
V8 | 150 | 65 | 25 | – | – | 50 | 250 |
R2 | 150 | 70 | 25 | – | – | 50 | 250 |
TOTAL | 450 | 200 | 50 | 4 | 40 | 100 | 500 |
Fonte: VITTI, (2014).
Tabela 3. Adubação foliar em variedades tardias
Estádios | Mn | Zn | Cu | Co | Mo | B | Mg* |
———————————– g ha-1———————————– | |||||||
V3 | 75 | 40 | – | 4 | 40 | – | – |
V7 | 150 | 80 | 25 | – | – | 50 | 300 |
R1 | 150 | 80 | 25 | – | – | 50 | – |
R3 | 75 | – | – | – | – | 50 | 300 |
TOTAL | 450 | 200 | 50 | 4 | 40 | 150 | 600 |
Fonte: VITTI, (2014).