Walter Francisco Molina Jr
Doutor e professor do Depto. de Engenharia de Biossistemas da ESALQ/USP
A época de semeadura do algodão varia de região para região, principalmente em um País de dimensões continentais como o Brasil. Como recomendação geral, pode-se dizer que se deve semear no início da operação chuvosa, tendo o cuidado de certificar que não faltará água para as plantas quando dos primeiros dias da germinação.
Além disso, deve-se tomar cuidado de verificar as características de cada uma das cultivares com as quais se está trabalhando (ciclos precoce, médio ou longo), de maneira a conseguir que a colheita ocorra numa época de pouca chuva, com o objetivo de se obter uma fibra limpa.
Pode-se dizer, portanto, que para as regiões sul, sudeste, centro-oeste, norte de Minas Gerais e Sul da Bahia, a época mais adequada de semeadura seria entre outubro e novembro, enquanto no sertão Nordestino pode variar entre fevereiro e abril, sendo que no início desse período seria feita nos vales úmidos, e no agreste a operação ocorreria mais tardiamente.
O solo
A compactação do solo é um fenômeno indesejado para qualquer atividade agronômica, pecuária ou florestal. Significa que por algum motivo o solo foi comprimido e seus poros diminuÃram significativamente de “bitola“, dificultando a movimentação de gases e água.
O solo tem atmosfera própria, e sem movimentação dos gases o oxigênio necessário para a respiração das raízes, como para a vida de inúmeros outros seres que habitam este nicho, não chega em quantidade suficiente, e a expulsão dos gases resultantes do metabolismo, que são tóxicos, fica prejudicada.
A impossibilidade de penetração de água e o resultante armazenamento no subsolo expõem as plantas a deficiências que podem ser devastadoras para o resultado econômico da exploração.
A compactação
As causas frequentes de compactação nas áreas agrícolas tem relação direta com o manejo inadequado do solo. A utilização excessiva de ferramentas que revolvem o solo é uma das principais causas. Dentre as ferramentas que maiores danos podem provocar está a grade aradora (também conhecida como “gradão“ ou “rome“).
Pela sua elevada capacidade operacional (ela cobre uma grande área em pequeno intervalo de tempo) é utilizada no lugar do arado, pois seu trabalho resulta em uma superfície revolvida que dá a impressão do solo ter sido arado, o que é um engano.
No entanto, a subsuperfície recebe grandes cargas devido ao peso do equipamento, o que concorre para acentuados níveis de compactação. Associado a estes fatores, o revolvimento constante pode diminuir o tamanho dos agregados, assim como a presença de matéria orgânica, e provocar um sem número de danos estruturais ao solo.
Além disso, a falta de planejamento das operações dentro do tempo adequado para mobilização do solo também é uma causa importante de compactação, juntamente com o tráfego de máquinas e implementos na superfície úmida.
Erosão
Quando o solo está compactado, a chuva tem dificuldade de penetrar no terreno e escorre superficialmente, provocando erosão que, além de diminuir a fertilidade do solo, provoca severo assoreamento de cursos d’água o que contribui para enchentes, pois diminui a profundidade de córregos e rios.
Do ponto de vista da cultura, a compactação provoca deformações graves no sistema radicular, pois com o solo mais “duro“ as raízes não conseguem penetrar e se agrupam na superfície do terreno até uma profundidade que pode nem atingir 20cm.
Disponibilidade de água
Em anos em que a chuva é farta, dificilmente haverá falta de água na lavoura, por causa da compactação, que muitas vezes não se revela. No entanto, a água que escorre na superfície, ao invés de penetrar no solo e ser armazenada no lençol freático, fará muita falta nos anos de pouca chuva.
Muitas vezes, mesmo havendo certa reserva de água no subsolo, ela estará indisponível para as plantas, pois pela diminuição da quantidade de poros no solo (compactação) ela será impedida de entrar em contato com as raízes que estão concentradas na superfície.
O solo funciona de maneira similar a uma esponja. Existe um fenômeno chamado capilaridade que permite que a água se movimente “para cima“, devido ao pequeno calibre dos poros. No entanto, se eles já não existem, tal fenômeno fica prejudicado.
Em condições severas, até mesmo um veranico poderá ser catastrófico para uma cultura em solo compactado. Não haverá nenhuma possibilidade das raízes atingirem áreas mais profundas do solo, onde poderá ainda existir alguma umidade disponível.
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