LetÃcia de Abreu Faria
Doutora e professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) ““ Paragominas (PA)
Mariana Pereira Lima
Graduanda em Engenharia Agronômica ““ UFRA
A eficiência dos fertilizantes fosfatados em regiões tropicais e subtropicais apresenta-se em torno de 20 a 30%, ou seja, a cada 100 kg de fósforo (P) aplicado, somente 20 a 30 kg são aproveitados pelas plantas, sendo o restante indisponibilizado pelo processo de fixação. A baixa eficiência dos fertilizantes fosfatados é preocupante, principalmente por ser um nutriente proveniente de fonte finita.
No entanto, é sabido que o modo de aplicação e o tipo de fonte do fertilizante podem influenciar na eficiência de uso deste nutriente pelas plantas, como é o caso dos fertilizantes organominerais.
Importância do fósforo para a agricultura
O fósforo é um nutriente de significativa influência na eficiência dos sistemas produtivos tropicais e subtropicais. Trata-se de um elemento essencial para as plantas, mas de elevado custo, por ser proveniente de fonte não renovável, e ainda apresentar baixa eficiência nesses solos.
Os baixos níveis de P no solo desencadeiam sintomas de deficiência nas culturas, reduzem a produtividade e a eficiência de uso de outros nutrientes, pois o elemento atua na transferência de energia das células, na respiração e na fotossíntese, além de ser componente estrutural dos ácidos nucleicos de cromossomos, assim como de muitas coenzimas, fosfoproteínas e fosfolipÃdeos.
Além disso, o suprimento adequado de P é essencial, desde os estádios iniciais da planta, pois as limitações no início do ciclo vegetativo podem resultar em restrições no desenvolvimento das plantas.
Atuação e absorção do P
O P é absorvido pelas plantas por um processo chamado difusão, cujo movimento do nutriente em direção à raiz (na forma iônica, principalmente H2PO4–) obedece um gradiente de concentração.
Considerando esse mecanismo de absorção predominante, é importante a aplicação do fertilizante próximo do sistema radicular, já que no processo de difusão o P percorre alguns milÃmetros. Além disso,ele é um elemento pouco móvel no solo e suscetÃvel ao processo de fixação.
Nos solos, o P passa por uma série de transformações, podendo permanecer em compartimentos da fase sólida (lábil e não-lábil) e/ou da fase líquida (solução). Na fase sólida, o P lábil é aquele que está fracamente retido no solo, tendo a função de manter o equilíbrio com a solução do solo, enquanto o P não lábil apresenta-se fortemente retido no solo e não é disponibilizado às plantas.
 Na fase líquida encontra-se o P disponível às plantas, e os fatores que influenciam sua disponibilidade no solo abrangem desde a disponibilidade de P no solo até fatores como pH, tipo e quantidade de minerais de argila, teores de matéria orgânica do solo, aeração, umidade, temperatura e disponibilidade de outros nutrientes.
Os fertilizantes organominerais
O fertilizante organomineral pode otimizar a aplicação de P, pois além deste nutriente pode haver outros elementos promovendo efeito sinérgico, e assim liberando gradativamente os nutrientes, acompanhando a marcha de absorção das plantas, e ainda fornecer matéria orgânica ao solo, favorecendo a atividade microbiana.
Os fertilizantes organominerais se caracterizam por apresentar potencial químico reativo relativamente inferior ao fertilizante mineral. Porém, essa solubilização gradativa simultaneamente ao desenvolvimento da cultura pode favorecer sua eficiência agronômica, que pode se tornar maior que as fontes minerais solúveis (Kiehl, 2008).
A presença da matéria orgânica pode atuar na proteção do P, pois os ânions orgânicos podem competir com o ortofosfato por sÃtios de cargas e também substituir P ligado às argilas, e assim reduzir o processo de adsorção, ou seja, reduzir o processo de fixação e aumentar o P nas formas solúvel e lábil, consequentemente favorecendo sua absorção pelas raízes.
Aplicação
Independente da fonte fosfatada, a maior eficiência do P aplicado depende, principalmente, da minimização de perdas por erosão e fixação. As perdas por erosão podem ser minimizadas ou até zeradas com o bom manejo de conservação do solo, com a construção de terraços, plantio em nível, sistemas de conservação da palha sobre o solo e manutenção do perfil com cobertura vegetal.
A fixação do P pode ser reduzida com as boas práticas de aplicação de fertilizantes, como as aplicações de calagem e gessagem, fertilizantes fosfatados nas quantidades requeridas pela cultura, preferencialmente na fase de plantio e de forma localizada (o mais próximo da região radicular ou semente).
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