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O que ainda há para saber sobre a calagem

João Dantas

Consultor agronômico da JPSDantas e mestrando na Esalq/USP

joaopaulo.sadantas@hotmail.com

 

João Dantas, engenheiro agrônomo e consultor - Crédito Arquivo pessoal
João Dantas, engenheiro agrônomo e consultor – Crédito Arquivo pessoal

A definição de solo, segundo Bernardo Van Raij, pesquisador voluntário do IAC, é a parte superficial intemperizada, não consolidada da crosta terrestre, contendo matéria orgânica e organismos vivos. Trata-se de um material poroso, que permite a penetração de raízes e o suprimento de água e de nutrientes para as plantas.

Nesse sentido, temos que considerar o solo como um ambiente em que ele esteja quimicamente corrigido, fisicamente adequado e biologicamente ativo. Quimicamente o solo tem como principal problema para o desenvolvimento das plantas a acidez, no qual ela está presente em diversas formas:

ÃœAcidez ativa: dada pela concentração de H+ na solução do solo.

ÃœAcidez trocável: refere-se ao alumínio (AI³⁺) e hidrogênio (H⁺) trocáveis e absorvidos nas superfícies dos coloides minerais ou orgânicos por forças eletrostáticas.

ÃœAcidez não trocável: representada por H+ em ligação covalente (mais difícil de ser rompida) com as frações orgânicas e minerais do solo.

 As novidades na calagem devem trazer benefícios em qualidade e produtividade agrícolas - Crédito Shutter
As novidades na calagem devem trazer benefícios em qualidade e produtividade agrícolas – Crédito Shutter

A acidez

As principais causas da acidez são:

ð Regime pluvial, que promove a lixiviação das bases;

ð Material de origem do solo, granitos e arenitos (tendem a originar solos mais ácidos);

ð Calcário e basalto (tendem a originar solos menos ácidos);

ð Fertilizantes.

Sendo assim, o domínio da calagem no sistema agrícola do Brasil é a principal ferramenta para corrigir as situações citadas, promovendo a elevação do pH, aumento da saturação por bases devido ao fornecimento de Ca + Mg na CTC e diminuição dos teores de alumínio tóxico, promovendo uma maior disponibilidade de nutrientes e desenvolvimento radicular.

Aplicação tradicional de calcário - Crédito Calcário Itaú
Aplicação tradicional de calcário – Crédito Calcário Itaú

Corretivos de acidez

O corretivo de acidez é um produto que promove a correção da acidez do solo, além de fornecer cálcio, magnésio ou ambos. A capacidade potencial total de bases neutralizantes contidos em corretivo de acidez, expresso em equivalente de Carbonato de Cálcio puro é % E CaCO3.

A Reatividade das Partículas (RE) é o valor que expressa o percentual (%) do corretivo que reage no solo no prazo de três meses, enquanto o Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT) é o conteúdo de neutralizantes contidos em corretivo de acidez, expresso em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (% E CaCO3), que reagirá com o solo no prazo de três meses.

Espécie química   % E CaCO3 ou PN
CaCO3   100
MgCO3   119
CaO   179
MgO   248

Porém, em muitas regiões do Brasil a estiagem tem se tornado um dos principais problemas no sucesso do produtor em extrair o máximo potencial das culturas. Desta forma, o desenvolvimento de técnicas que melhorem o crescimento radicular é de muita importância para o setor.

No geral, as plantas possuem em sua formação de biomassa 45% de C, 45% de O e 6% de H, sendo assim regida basicamente por carboidrato, produto oriundo da fotossíntese.

A evapotranspiração das plantas de soja, que é o caso citado a seguir, é de aproximadamente 03 a 08 mm de água por dia, dependendo do seu estádio fenológico, no qual 98% é evaporado apenas para a refrigeração da planta e 2% para as funções básicas.

Sendo assim, o que diz o potencial de uma planta de alto rendimento é seu potencial de exploração radicular, que, quanto mais profundo, mais água disponível ela teria para absorver.

Observe a equação:

AD = ((CC – PMP)/10)*dg * H

No qual H seria a profundidade radicular (único fator que podemos alterar agronomicamente).

Solo corrigido corretamente, a planta se desenvolve melhor - Crédito Shutterstock
Solo corrigido corretamente, a planta se desenvolve melhor – Crédito Shutterstock

Solo ““ a resposta para tudo

O perfil de solo, assim chamada a prática de aprofundar os níveis de correção, tem se tornado uma excelente alternativa, porém, a aplicação de calcário em superfície tem sua profundidade efetiva de correção limitada a sua baixa mobilidade, e essa limitação química também limita o aprofundamento radicular.

Desta forma, práticas de aplicação de óxidos de Ca e Mg têm sido utilizadas por diversos produtores com o auxílio de implementos adaptados para aplicação em profundidade.

Essa prática, apesar de estar começando nas culturas anuais, tem se mostrado muito eficiente na correção do perfil, atingindo camadas de até 45 cm de profundidade. Isso se deve não só à correção química, mais também à descompactação que a mesma realiza, melhorando os níveis de oxigênio nas camadas mais profundas.

Vale lembrar que o principal ingrediente ativo para a produtividade é o conhecimento e, portanto, a utilização de um mix de plantas de cobertura, calibração de doses e o desenvolvimento de implementos de alto nível tecnológico são de muita importância para que essa correção química, física e biológica seja realmente efetiva e traga rentabilidade para o produtor rural.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de maio 2017. Adquira a sua para leitura completa.

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