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Correção do solo – A hora certa de começar

Breno Adriano Nyssen

Ana Carolina Melo

Lucas Miguel Altarugio

Graduandos em Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz“ ““ ESALQ/USP e estagiários do Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão – GAPE

 

 Crédito Calcário Itaú
Crédito Calcário Itaú

As culturas de grãos são responsáveis por grande parte da produção da agricultura brasileira, principalmente aquelas cultivadas nas regiões de Cerrado. Estima-se que a área plantada de grãos na safra 2015/16 seja de 58,5 milhões de hectares, com produção de 202,4 milhões de toneladas, sendo a soja a maior responsável, com 96,9 milhões de toneladas (CONAB, 2016).

Este nível de produção foi atingido em função da inovação tecnológica, mas principalmente do correto manejo do solo, que envolve a realização da calagem. Isto porque a principal limitação dos solos brasileiros, em sua maioria latossolos intemperizados, é a acidez excessiva, que é corrigida por esta prática agrícola.

A correção do solo

A calagem consiste na incorporação de calcário ao solo (carbonato de cálcio ou magnésio ““ Ca/MgCO3). Assim é possível aumentar a saturação de bases e elevar o pH pela liberação de íons OH. A elevação do pH diminui a concentração de alumínio (Al3+), que deixa de estar presente na solução do solo na forma tóxica, permitindo que o sistema radicular das plantas se desenvolva corretamente.

Desta forma, a calagem é importante para as culturas de grãos, pois permite que os mais altos níveis de produção e produtividade sejam alcançados ao reduzir os níveis de toxidez de alumínio e corrigir a acidez dos solos, as principais limitações da produção nos solos brasileiros.

 A calagem deve ocorrer com, no mínimo, três meses de antecedência ao plantio da cultura - Crédito Luize Hess
A calagem deve ocorrer com, no mínimo, três meses de antecedência ao plantio da cultura – Crédito Luize Hess

Quando começar

A calagem deve ocorrer com, no mínimo, três meses de antecedência ao plantio da cultura, sendo que metade da dose recomendada deve ser aplicada antes da aração e o restante após esta operação, incorporada à gradagem.

A aplicação do calcário não deve ocorrer imediatamente antes do plantio porque demanda tempo para reagir com o solo e corrigir suas características indesejadas. As reações químicas de dissociação e neutralização que ocorrem com o calcário dependem do contato direto entre o corretivo e as partículas do solo e, por isso, não trazem o resultado esperado logo após a aplicação.

Em sistemas de plantio direto, a calagem deve ocorrer com incorporação antes do estabelecimento da palhada, e com o sistema já estabelecido a aplicação deve ocorrer em área total, sem incorporação.

A frequência da realização da calagem depende, no entanto, do resultado da análise de solo da propriedade. Com o passar dos anos ou safras, o solo volta a acidificar devido às culturas extraírem as bases aplicadas na calagem, ou seja, os grãos exportam o cálcio e magnésio fornecidos pela calagem.

Desta forma, podem ocorrer aplicações sucessivas em uma mesma área e, geralmente, ocorrem todo ano no preparo de solo antes da implantação da cultura e sobre o solo com palhada em plantio direto quando a análise de solo requerer.

Na dose certa

O cálculo da dosagem de calagem é feito com base nos teores de saturação por bases (V%) e de cálcio e magnésio da área em que será aplicado.A saturação por bases é um excelente indicativo da fertilidade do solo, pois corresponde à porcentagem da CTC (capacidade de troca de cátions) que é ocupada por nutrientes catiônicos (cálcio, magnésio e potássio).

Assim, a recomendação é baseada na saturação de bases V% atual e no que se espera alcançar. Para cada cultura há variação do V% esperado: para a soja o ideal é 60, enquanto para o milho é 70. Além disso, utiliza-se também a CTC do solo e o PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) do corretivo utilizado.

O PRNT é um indicativo da qualidade química do calcário e está relacionado a sua eficiência relativa em relação ao carbonato de cálcio (CaCO3), se aplicado puro. Portanto, quanto maior este valor, menor o tempo necessário para sua reação no solo. Em geral, os teores médios de PRNT estão próximos a 80%.

Quando a dose é calculada em função dos teores de cálcio e magnésio, espera-se aumentar a concentração destes nutrientes para níveis satisfatórios. Desta maneira, a dose recomendada pode ser obtida pelas seguintes equações:

(I) NC = (V2 – V1) x CTC

10 x PRNT

(II) NC = [30 – (Ca + Mg)] x 10

PRNT

Em que:

NC = necessidade de calagem (t ha-1); V1 = saturação por bases atual do solo na camada [0-20 cm] (%); V2 = saturação por bases almejada (%); CTC = capacidade de troca de cátions em mmolcdm³ a pH 7 [0-20 cm]; Ca = teor médio de cálcio no solo (0-20 cm); Mg = teor médio de magnésio no solo (0-20 cm); PRNT = poder relativo de neutralização total do corretivo (80%).

Ressalta-se que todos os teores utilizados no cálculo devem ser os obtidos na análise de solo na camada de 0-20 cm.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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