José Luis da Silva Nunes
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia – Grupo Técnico do Badesul Desenvolvimento, Agência de Fomento do Estado do Rio Grande do Sul
A fertilidade do solo tem sido conceituada, ao longo do tempo, como a capacidade de um solo em ceder nutrientes durante as fases de crescimento, desenvolvimento e reprodução das plantas.
Em termos agrícolas, fertilidade e produtividade estão associadas, sem serem a mesma coisa. Isto porque a produtividade tem, na fertilidade do solo, variável determinante de seu dimensionamento. Além disto, a resposta em produção de uma planta pode ser diferente quando se aplicam doses crescentes de um nutriente em solos diferentes.
Desta forma, existe a necessidade de avaliar a fertilidade dos solos para caracterizar sua capacidade de fornecer nutrientes para as plantas, identificar a presença de acidez e elementos tóxicos, orientar programas de adubação e correção do solo e escolher espécies ou variedades mais adaptadas ao cultivo em uma determinada área.
Com o desenvolvimento da agricultura, o homem aperfeiçoou técnicas analÃticas que permitiram medir a quantidade de nutrientes presentes na solução do solo e passÃveis de serem absorvidos.
A análise de solo é a principal ferramenta de avaliação da fertilidade do solo que possibilita a tomada de decisão para as práticas de correção e fertilização do solo. Porém, a fertilidade não é característica estática e sim um processo altamente dinâmico. Por isto, no seu estudo é necessário definir os limites da sua interpretação e o alcance das recomendações.
Fertilidade natural
Entende-se por fertilidade natural aquela que ocorre quando o solo ainda não sofreu nenhum manejo e, portanto, não foi utilizado em explorações agropecuárias. Esta dá ideia da capacidade que o solo apresenta para ceder nutrientes.
Fertilidade potencial
Entende-se por fertilidade potencial aquela que ocorre quando algum elemento ou característica impede o solo de mostrar sua real capacidade de ceder nutrientes. Assim, persistindo essas condições limitantes, a capacidade de ceder elementos estará obstruÃda, ainda que a fertilidade potencial seja alta.
Fertilidade atual
Entende-se por fertilidade atual aquela em que o solo se encontra após receber práticas de manejo para satisfazer as necessidades das culturas. Está relacionada com a fertilidade de um solo que já se encontra em exploração agropecuária.
Um ponto importante a considerar quando se trata de solos que apresentem baixa fertilidade provocada por causas naturais ou por uso excessivo é que elas podem ser corrigidas facilmente, mediante reposição de nutrientes via adubação mineral e orgânica, bastando, para isso, que o agricultor faça uso da análise de solo para diagnosticar possÃveis problemas ligados à fertilidade do seu solo.
Nutrição de mineral
As plantas são organismos autotróficos que vivem entre dois ambientes inteiramente inorgânicos, retirando dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e água e nutrientes minerais do solo.
O crescimento e o desenvolvimento das plantas dependem, fundamentalmente, de um fluxo contÃnuo de sais minerais, que são essenciais para o desempenho das principais funções metabólicas das células.
Os nutrientes são adquiridos primariamente na forma de íons inorgânicos e entram na biosfera predominantemente por meio do sistema radicular da planta. A grande área superficial das raízes e sua enorme capacidade para absorver íons inorgânicos em baixas concentrações na solução do solo tornam a absorção mineral pela planta um processo bastante efetivo.
Alternativamente, a aquisição pode ser por meio da cutÃcula das folhas. Depois de absorvidos, os íons são transportados para as diversas partes da planta, onde são assimilados e utilizados em importantes funções biológicas.
Composição elementar da planta
Em uma planta colhida fresca, pode-se observar que a maior proporção de sua biomassa, entre 70 a 95%, dependendo da espécie, é constituÃda de água. A análise da biomassa seca, pela separação dos componentes orgânicos e minerais, mostra que cerca de 90% do total de elementos corresponde ao carbono (C), oxigênio (O) e hidrogênio (H). O restante corresponde aos minerais.
São três os meios que contribuem com elementos químicos para a composição das plantas:
– Do ar as plantas obtêm o carbono (via captação de CO2);
– Da água são obtidos o hidrogênio e o oxigênio;
– Do solo as plantas obtêm os elementos minerais.