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Desequilíbrio hormonal – As consequências para o feijoeiro

Elaine Bahia Wutke

Engenheira agrônoma, fitotecnista e pesquisadora Científica VI do IAC

ebwutke@iac.sp.gov.br

José Antonio de Fatima Esteves

Engenheiro agrônomo, fitotecnista e pesquisador Científico III do IAC

jafesteves@iac.sp.gov.br

 

Crédito-Nilton-Jaime
Crédito-Nilton-Jaime

No caso do feijoeiro, com a produção e acúmulo de quantidade excessiva de biomassa vegetativa (folhas e ramos), o rendimento de grãos pode até ser reduzido, uma vez que somente a parte superior do cultivo recebe radiação solar, causando, sobretudo, o autossombreamento, situação em que a eficiência fotossintética das plantas é diminuída.

O rápido aumento na expansão da área foliar por unidade de área de solo ““ Índice de Área Foliar (IAF) pode resultar em aumento da duração do ciclo da planta; estiolamento da haste, tornando a planta mais suscetível ao acamamento; aumento da taxa de retenção foliar e da inserção da primeira vagem, com prejuízo à colheita; aumento de incidência de doenças foliares devido ao estabelecimento de condições de pouca ventilação entre as plantas e redução na produtividade.

Produtividade em risco

Há grande variabilidade genética e também influência ambiental na produtividade. Como o feijoeiro tem grande capacidade para ocupação de espaços laterais disponíveis, o efeito do crescimento excessivo da planta na produtividade é variável. Isso porque o comportamento das cultivares e o rendimento do feijão dependem do seu hábito de crescimento, do número e da distribuição das vagens, da duração de seu ciclo, da época de semeadura (condições climáticas, sobretudo da radiação solar e da temperatura), do arranjo populacional (espaçamento entre e na linha), das condições de fertilidade e físicas do solo, do manejo da adubação, sobretudo do nitrogênio, da eficiência fotossintética da planta, das condições fitossanitárias, etc.

Então, pode não haver redução na produtividade, ou esta pode ser mínima, por efeito compensatório fotossintético na própria planta (favorecimento de produção de mais vagens por planta), a até reduções mais severas.

Males do autossombreamento

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Nas muitas informações na literatura disponível, sabe-se que o vigor vegetativo excessivo e aumento muito rápido na expansão da área foliar, com consequente autossombreamento, pode criar uma situação de mais competição por água e luz; possibilidade de acamamento; mais propensão ao aumento de severidade de doenças; alterações não desejadas em componentes de produção, dentre outras, com redução na produtividade e na qualidade de grãos, e até mesmo mais dificuldade na colheita mecânica.

O autossombreamento se torna evidente quando a população de plantas por unidade de área é superior àquela considerada ótima, e se torna crítico no período de vingamento de vagens e grãos.

Há tendência à redução da área foliar a partir de determinado período, devido à indução da senescência das folhas sombreadas e redução da produção de biomassa devido à temperatura e irradiação solar. Ainda, sabe-se que fatores tais como: cultivar, densidade populacional, época e sistema de cultivo (exclusivo, consórcio, etc.), adubação química em quantidade excessiva, por exemplo, também podem determinar o aumento do IAF.

Se houver coincidência de temperaturas muito mais elevadas durante a fase vegetativa até o início da floração, certamente haverá mais vigor vegetativo, aumento do IAF, fechamento mais rápido da cultura e possibilidade de autossombreamento.

Ainda, nas maiores densidades populacionais é favorecida a competição por água e luz, com reflexos na produção de biomassa e das áreas foliares, além de redução da circulação do ar, com consequente aumento da incidência de relevantes doenças fúngicas, como o mofobranco, com prejuízos ao rendimento e à qualidade dos grãos.

Adequado arranjo populacional contribuiu para maior produtividade -  Crédito Ana Maria Diniz
Adequado arranjo populacional contribuiu para maior produtividade – Crédito Ana Maria Diniz

Crescimento ideal da planta do feijão

Cada cultivar tem uma característica genética própria quanto ao hábito de crescimento e altura média de dossel. O crescimento ideal da planta de feijão pode ser mensurado, por exemplo, quando se constata a cobertura vegetal mais uniforme (fechamento) nas entrelinhas ao final da fase de botão floral, quando é possível obter mais acúmulo de biomassa nas plantas.

O índice de área foliar (IAF) é bastante variável e determinante na produtividade de uma cultura quando a taxa de produção de matéria seca for máxima. Nas cultivares disponíveis de feijão, pode ser determinado, em média, um IAF ótimo em torno de três a 3,5; com isso, as plantas deverão ser capazes de interceptar o máximo de radiação solar, ao início do período de máxima taxa de crescimento de grãos, para que o rendimento seja máximo.

Nessa fase, inclusive, a altura média do dossel é correspondente ou muito próxima daquela determinada para a cultivar em inúmeras avaliações antes de seu lançamento. A cultivar, a época de semeadura, a distribuição de plantas por unidade de área e o sistema de cultivo podem colaborar para o aumento ou diminuição expressiva do IAF.

O feijocultor deve monitorar sintomas de deficiência ou toxidez nutricional - Crédito Shutterstock
O feijocultor deve monitorar sintomas de deficiência ou toxidez nutricional – Crédito Shutterstock

Se algum tipo de estresse ambiental diretamente relacionado à produtividade do feijão ocorrer durante o desenvolvimento da planta, o componente de produção mais afetado será o número de vagens por planta e depois o número de sementes por vagem e o peso do grão. Os principais fatores ambientais são: radiação solar, temperatura do ar e disponibilidade hídrica.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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