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Enfezamentos – Principais problemas enfrentados pelos milhocultores

André Aguirre Ramos

Engenheiro agrônomo, mestre e consultor da Oficina da Lavoura

andre.aguirreramos@gmail.com

 

Créditos André Aguirre Ramos
Créditos André Aguirre Ramos

A cultura do milho tem enfrentado várias adversidades no Brasil, principalmente no Brasil Central. As últimas dessas adversidades estão sendo os enfezamentos causados pela cigarrinha do milho (Dalbulusmaidis).

A presença dessa cigarrinha na cultura do milho não é nenhuma novidade. Em diferentes níveis de população, ela está presente em praticamente todas as épocas de plantio – verão, safrinha e inverno (irrigado). A novidade é o aumento no potencial da transmissão de enfezamentos e viroses em grandes regiões, independente se são mais quentes ou mais temperadas, também chamadas de terras baixas e altas, respectivamente.

Um por um

 

Dos enfezamentos transmitidos pelas cigarrinhas, podemos dividi-los em molicutes, que são os enfezamentos pálido e vermelho, e virose. Os molicutes são:

ðSpiroplasma (Spiroplasmakunkelii): causador do enfezamento pálido;

ðFitoplasma (Maizebushystuntphytoplasma): responsável pelo enfezamento vermelho;

E a virose é o vírus da risca do milho, também chamado de rayado fino.

Prejuízos

Espigas mal formadas devido ao enfezamento - Créditos André Aguirre Ramos
Espigas mal formadas devido ao enfezamento – Créditos André Aguirre Ramos

Há alguns anos, começamos a verificar o aparecimento de plantas com sintomas de viroses, enfezamento pálido e vermelho em regiões de diferentes altitudes, nas lavouras de inverno irrigadas, agravados pelos períodos de seca prolongados no início da safra de verão do ano anterior. Essas plantas apresentavam sintomas nas folhas, com listras amareladas, espigas mal formadas e plantas acamadas a partir dos 85 dias do plantio.

Uma característica marcante desse tipo de enfezamento é que ele debilita a planta, e quando a mesma começa o processo de transferência de fotoassimilados da folha para o colmo e do colmo para o grão, o mesmo se torna extremamente sensível a doenças como fusário (Fusariummonilliforme), diplodia (Stenocarpela spp.), Phytium (Phytiumsp), e inclusive podridão bacteriana (Erwinia sp.).

Planta com spiroplasma, enfezamento pálido - Créditos André Aguirre Ramos
Planta com spiroplasma, enfezamento pálido – Créditos André Aguirre Ramos

Por exemplo, no oeste baiano, no inverno irrigado, a doença favorecida foi o Phytium; na safrinha 2015 no Sudoeste de Goiás a doença favorecida foi o fusário, bem como no irrigado do Triângulo Mineiro nos plantios recentes. Já na safrinha 2017, na região do sudoeste do Estado de Goiás, predominou a virose rayado fino.

As doenças causadas por esses patógenos não se restringem apenas a milhos comerciais, mas também a grande parte da produção de sementes de milho na safra 2015/16, a qual foi extremamente prejudicada por esse problema.

Já neste ano, o alto custo de controle da cigarrinha, chegando a exigir 19 aplicações e ainda provocando perdas de produtividade de sementes, levaram algumas empresas a transferir seus campos de produção de sementes para algumas regiões mais ao Sul de São Paulo e do Brasil. Temos relatos de lavoura de milho doce irrigado com podridão bacteriana (Erwiniasp.) desde 2015 na região leste do Estado de Goiás.

Planta com Pythium - Créditos André Aguirre Ramos
Planta com Pythium – Créditos André Aguirre Ramos

Sintomas

As plantas infectadas apresentam os entrenós mais curtos que as plantas normais. Já os sintomas nas espigas são bastante diversificados e dependem bastante da época que a planta foi infectada. Podemos ter desde espigas completamente estéreis, sem grãos, malformadas e/ou com pouca quantidade de grãos, e pequenas, ou ainda em alguns casos multi-espigamento na planta, porém, com espigas não viáveis.

Apesar de há algum tempo a Embrapa Milho e Sorgo relatar prejuízos pontuais com o problema, só recentemente tem ocorrido em áreas expressivas de produção de milho, como por exemplo, em milho irrigado no Oeste Baiano, no ano de 2014, e safrinha no Estado de Goiás, no ano de 2015, safrinha 2016, verão 2016/17 e safrinha 2017.

Fuzário em milho - Créditos André Aguirre Ramos
Fuzário em milho – Créditos André Aguirre Ramos

Favorecimento das doenças

Os fatos que provavelmente favoreceram tal ocorrência foram a condição inicial de muito calor e seca no início do verão, além da grande quantidade de milho voluntário resistente ao glifosato (tiguera), mal controlado nas lavouras de soja.

Outro fator são os campos de produção de milho semente no inverno, também chamadas “PONTES VERDES“, onde há um aumento na população do inseto transmissor que se contamina com as linhagens ou plantas tigueras contaminando esses milhos recém-implantados, e quanto mais cedo o contágio maior será o dano na cultura.

Este fator explica porque o Estado do Mato Grosso, que possui uma área enorme de milho de aproximadamente 4,2 milhões de hectares de milho safrinha, possui uma alta população de cigarrinha, mas não tem sintoma de enfezamentos ou rayado fino, simplesmente porque as cigarrinhas não foram contaminadas pelo milho verão, que praticamente não existe naquele Estado.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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