17.5 C
Nova Iorque
domingo, novembro 24, 2024
Início Revistas Grãos O solo ideal para o algodoeiro

O solo ideal para o algodoeiro

Gilvan Barbosa Ferreira

PhD em Solos e Nutrição de Plantas e pesquisador da Embrapa Algodão

gilvan.ferreira@embrapa.br

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

O algodoeiro é uma planta exigente em solos adequados para manifestar sua alta produtividade. Suas raízes são fortes, pivotantes e com muitas ramificações laterais. As raízes laterais podem alcançar 1,5 m de distância da planta, se ela estiver cultivada em condição isolada no campo.

Em geral, 70% dessas raízes estão concentradas a 30 cm do caule. A raiz pivotante pode alcançar mais de 2,5 m de profundidade, porém, mais de 80% das raízes estão concentradas entre 0 a 20 cm de profundidade, em solos argilosos, e de 0-40 cm em solos de textura média a arenosa.

Até os 50 dias da emergência, a raiz cresce cerca de três vezes mais que a parte aérea, podendo alcançar 90 cm de profundidade. Aos 122 dias após a emergência, quando a cultura abre o primeiro capulho e cessa o crescimento radicular, cada planta de algodão pode produzir até 422 m lineares de raízes.

Assim, a cultura exige um solo bem estruturado, poroso, profundo, fértil e livre de compactação ou de presença de alumínio tóxico em profundidade, para poder crescer e se desenvolver adequadamente.

Foto 02

Correção do solo

A correção da acidez superficial pode ser visualizada em dois momentos: a correção para implantação inicial da lavoura e a recorreção para corrigir o retorno da acidez do solo ao longo de vários anos de cultivo na mesma área.

A correção para implantação inicial da lavoura, seja em solos de áreas nativas recém-abertas para o cultivo agrícola, seja em solo de pastagens degradadas, deve prever a correção de um perfil mínimo de solo, não somente da camada arável. Isto é tão importante quanto mais arenoso for o solo e, especialmente, quando se cultiva em condição de cerrado, em transição ou tensão ecológica cerrado/caatinga, onde podem ocorrer fortes veranicos durante o período chuvoso.

A correção inicial também deve prever a instalação de sistemas sustentáveis de exploração agrícola, como o Sistema Plantio Direto (SPD), o Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Nesses casos, não deve haver movimentação de solo após a correção inicial e todo aporte de nutrientes deve ser feito posteriormente em superfície. Assim, a correção deve ser robusta.

 Gilvan Barbosa Ferreira, pesquisador da Embrapa Algodão - Crédito Arquivo pessoal
Gilvan Barbosa Ferreira, pesquisador da Embrapa Algodão – Crédito Arquivo pessoal

Foco

O foco da correção com calagem é a camada de solo de 0 a 40 cm de profundidade em solos arenosos e de textura média, e de 0 a 30 cm nos solos de textura argilosa e muito argilosa, para agricultores empresariais. Para os agricultores pequenos e médios, a correção deve ser feita na camada de 0 a 20 cm.

A análise de solo dessas duas camadas vai indicar o pH inicial em água ou CaCl-2 e os teores da soma de bases trocáveis (SB = Na++ K++ Ca2++ Mg2+, em mmolc dm-3), de alumínio trocável (Al3+, em mmolc dm-3), da acidez potencial (alumínio e hidrogênio ou Al+H, em mmolc dm-3) e a Capacidade de Troca de Cátions do solo a pH 7,0 (CTC ou T = SB + Al+H, em mmolc dm-3).

Daí se calcula a CTC efetiva (t = SB + Al, em mmolc dm-3), o volume de saturação por bases trocáveis (valor V = 100 SB/T) e o valor de saturação por alumínio (m = 100 Al/t). Os teores da matéria orgânica do solo (MOS), de fósforo disponível (observar sempre o extrator usado) e de micronutrientes (boro ““ B, cobre ““ Cu, ferro ““ Fe, manganês ““ Mn, molibdênio ““ Mo e zinco ““ Zn) também são importantes para controlar todos os critérios da fertilidade em valores adequados.

Gilvan Barbosa Ferreira, pesquisador da Embrapa Algodão - Crédito Arquivo pessoal
Gilvan Barbosa Ferreira, pesquisador da Embrapa Algodão – Crédito Arquivo pessoal

Solo

O solo ideal para o algodoeiro deve ter pH entre 6,0 e 6,5 (em água) e volume de saturação por bases trocáveis (V) entre 55 e 65% na camada de 0 a 20 cm do solo. Na camada de 20 a 40 cm, V maior que 40-45% e na camada de 40 a 60 cm, V > 35%.

Idealmente, até um metro de profundidade o teor de Ca deve ser maior que 5 mmolc dm-3 (ou maior que 40% na CTC efetiva) e o teor de Al3+ deve ser menor que 3 mmolc dm-3 (ou 30% da CTC efetiva).

A correção da acidez superficial é feita com o uso de calcário dolomítico (>12% de MgO) ou magnesiano (3 a 12% de MgO), tentando manter sempre o teor de Mg2+ superior a 1,0 mmolc dm-3. Para solos que já tenham esse teor de Mg, pode ser usado o calcário calcítico para correção do solo.

A fórmula básica usada para dimensionar a calagem, por camada de solo, é dada pelo critério da saturação por bases trocáveis:

Necessidade de calagem (NC, t ha-1) = T* (Vf ““ Vi)/(10*PRNT),                   Eq. 1

Onde:

T é a CTC a pH 7,0, em mmolc dm-3;

Vf e Vi são os valores dos volumes de saturações inicial (obtidos da análise de solo) e final desejadas (55 a 65%);

PRNT é o poder relativo de neutralização do calcário, fornecido pela mineradora ou no rótulo do produto. Os valores mais comuns estão entre 65 e 85%, porém, pode variar amplamente de 45 a 110%.

Os valores calculados em cada camada de 20 cm (Eq. 1) podem ser somados para determinar a quantidade de calcário a ser aplicada na área até a profundidade que se deseja, ou então se pode fazer as médias dos valores de Vi e Vf a se obter e usar a equação 2:

Necessidade Total de Calagem (NTC, t ha-1) = Tm * (Vfm ““ Vim)/(10*PRNT)* p/20* n, Eq. 2

Foto 04

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

Ou assine

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes