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domingo, novembro 24, 2024
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Tratamento de sementes de soja no manejo integrado de fitonematoides

 

Daniel Cassetari Neto

Doutor e professor da UFMT/FAMEV/DFF, Cuiabá ““ MT

cassetari@ufmt.br

Andréia Quixabeira Machado

Engenheira agrônoma, MSc. e fiscal estadual de Defesa Agropecuária e Florestal – INDEA/MT

machadoaq@terra.com.br

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

Entre os organismos que provocam processos de interferência na fisiologia ou no metabolismo das plantas cultivadas, resultando em redução de algum de seus componentes de produtividade, encontram-se os nematoides. Estes microrganismos habitam a fase líquida dos solos e encontram alimento nas raízes dos vegetais, causando redução ou interrupção no processo de absorção de água e nutrientes.

Nas culturas da soja, milho e algodão cultivados no cerrado das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, as espécies de nematoides mais comuns associadas à redução na produtividade ou no aumento do custo de produção são Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica (nematoides de galhas), Heterodera glycines (nematoide do cisto), Rotylenchus reniformis (nematoide reniforme, específico para o algodão) e Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões).

Essas espécies encontram-se disseminadas em maiores ou menores populações e níveis de dano. Essa variação depende de uma série de fatores: o cultivo em sucessão e a rotação de espécies hospedeiras que permitam a alimentação e reprodução dos nematoides, o manejo do solo e o cultivo de espécies para a formação de palhada no sistema de plantio direto, a intensa movimentação de maquinário e implementos, com consequente movimentação de partículas de solo, o desequilíbrio na fração biótica do solo provocado pelo cultivo intensivo e as condições edafoclimáticas favoráveis à reprodução e disseminação dos nematoides.

Há várias opções de tratamento para a soja, e os nematicidas estão entre as mais promissoras - Crédito Fernando Gomes
Há várias opções de tratamento para a soja, e os nematicidas estão entre as mais promissoras – Crédito Fernando Gomes

Prejuízos

Em recente levantamento da distribuição de nematoides em áreas de cultivo de soja, milho e algodão no Estado de Mato Grosso, os nematoides Heterodera glycines e Meloidogyne spp. foram encontrados em 38,4 e 23,7% das amostras, respectivamente, enquanto Pratylenchus brachyurus foi encontrado em 96,4%.

Os danos provocados por esses nematoides são de difícil mensuração em condições de campo, tanto pela distribuição irregular de suas populações no solo quanto pela ocorrência simultânea de outros fatores limitantes.

O ciclo de vida dos nematoides fitopatogênicos varia em função da temperatura e umidade do solo e da disponibilidade de alimento. Organismos ovíparos, os nematoides fazem a postura de ovos individualizados ou de massa de ovos no interior das raízes ou em matriz mucilaginosa no solo, conferindo proteção à postura.

Os ovos podem sobreviver por períodos variados de tempo no solo, mesmo em condições adversas. Dentro do ovo as larvas (juvenis) sofrem a primeira ecdise, passando para o segundo estágio larval antes da eclosão. Os demais estágios do desenvolvimento do nematoide ocorrem no solo ou no interior das raízes.

A eclosão da larva é estimulada pela presença, no solo, de proteínas exsudadas pelas raízes. Estes exsudatos também respondem, juntamente com o processo de fluxo de massa, pela orientação do nematoide até a raiz.

Alimento dos nematoides

O processo de alimentação dos nematoides ocorre por meio da introdução do estilete, (aparato esclerotizado localizado na parte anterior do esôfago e especializado na perfuração) na raiz. A ação mecânica do estilete é potencializada pela ação química de enzimas produzidas em bulbos localizados no esôfago do nematoide.

Assim, o nematoide penetra parcial (ectoparasita) ou totalmente (endoparasita) em raízes tenras, caminhando dentro do tecido radicular em busca de alimento (migrador) ou promovendo a drenagem do alimento até o sítio de infecção (sedentário).

Nematoides migradores abrem galerias no interior das raízes levando à necrose e ao apodrecimento do sistema radicular pela ação de fungos e bactérias saprofíticas encontradas no solo.

Nematoides sedentários estimulam a hipertrofia e hiperplasia de células no sítio de alimentação e provocam a formação de tumores (galhas), que funcionam como dreno de alimento. Em ambos os casos, o sistema radicular infectado apresenta desenvolvimento comprometido e redução no processo de absorção. O reflexo desse processo de interferência pode ser observado em plantas mal desenvolvidas, com sintomas de deficiência nutricional e redução da produtividade.

Manejo

De maneira geral, o manejo de doenças prevê uma sequência lógica de eventos que devem ser levados em consideração na tomada de decisão sobre as táticas a serem adotadas.

Medidas que sejam dirigidas ao ambiente, ao hospedeiro e ao patógeno devem ser utilizadas em conjunto, caracterizando o manejo integrado, com as seguintes:

  • Ø Evitar a entrada de nematoides em uma determinada área (propriedade ou talhão);
  • Ø Evitar sua multiplicação;
  • Ø Evitar o contato do nematoide com o hospedeiro preferencial;
  • Ø Evitar que o contato seja patogênico;
  • Ø Promover a cura da planta doente e buscar condições edafoclimáticas desfavoráveis aos nematoides compõem essa sequência lógica dentro do manejo integrado.

Livres de nematoides, as plantas de soja germinam melhor - Crédito Luize Hess
Livres de nematoides, as plantas de soja germinam melhor – Crédito Luize Hess

Especificamente em relação aos nematoides fitopatogênicos em culturas anuais, quanto mais preventivas forem as medidas adotadas, maior será a chance de sucesso, uma vez que medidas de curto prazo são pouco efetivas na paralisação do processo patogênico já instalado.

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