Renato Passos Brandão
Gerente Especialista em Nutrição Vegetal
 Rafael Bianco Roxo Rodrigues
Gerente Técnico de São Paulo e Sul de Minas
Â
O molibdênio é o nutriente menos abundante no solo e é aquele que apresenta a menor concentração na matéria seca das plantas com valores próximos de 1 mg/kg (Motta et al., 2007; Dechen et al., 2018). A essencialidade do molibdênio às plantas foi demonstrada em 1939 por Arnon &Stout(Dechen&Nachtigall, 2018).
Molibdênio no solo
Â
O teor médio do molibdênio na litosfera é de 2,3 mg/kg (Dechen et al., 2018). Os teores de molibdênio disponíveis nos solos brasileiros são muito baixos, situando-se na faixa de 0,01 a 0,16 mg/kg. No Estado de São Paulo, as análises de 227 amostras originadas de 28 perfis pertencentes a quatorze unidades de solo mostraram uma variação de 0,11 a 5,74 mg/kg de Mo total e de 0,01 a 0,16 mg/kg de Mo solúvel no solo (Bataglia et al., 1976).
O fluxo de massa é o principal mecanismo de transporte do molibdênio às raízes da cana-de-açúcar, sendo absorvido na forma iônica de molibdato (MoO42-). Em solos com pH menor que 5,0, o molibdênio é absorvido como HMoO4– (Prado, 2007).
Disponibilidade de molibdênio à cana-de-açúcar
Â
A disponibilidade do molibdênio às plantas é afetada por diversos fatores, dentre os quais material de origem, textura, pH do solo e outros nutrientes no solo.
O teor total de molibdênio nos solos é influenciado pelo material de origem e pelo processo de formação dos solos (Tabela 1). Os solos derivados de rochas Ãgneas básicas (por exemplo, Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-Escuro) possuem os maiores teores totais de molibdênio, enquanto os solos derivados de arenitos e demais sedimentos arenosos possuem os menores teores do nutriente (Camargo, 1988).
Tabela 1. Teores totais dos micronutrientes em diferentes rochas, na crosta terrestre e nos solos.
Micronutriente |
Rochas Ãgneas | Rochas sedimentares | Crosta terrestre | Solos | |||
Granitos | Basaltos | Calcários | Arenitos | Folhelhos | |||
– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – mg kg-1 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – | |||||||
Boro | 15 | 5 | 20 | 35 | 100 | 10 | 7-80 |
Cobre |
10 | 100 | 4 | 30 | 45 | 55 | 10-80 |
Ferro | 27.000 | 86.000 | 3.800 | 9.800 | 47.000 | 56.000 | 10.000-100.000 |
Manganês | 400 | 1.500 | 1.100 | 10-100 | 850 | 950 | 30-30.000 |
Molibdênio | 2 | 1 | 0,4 | 0,2 | 2,6 | 1,5 | 0,2-10 |
Zinco | 40 | 100 | 20 | 16 | 95 | 70 | 10-300 |
Fonte: Adaptado de Krauskopf (1983) apud Motta et al. (2007).
A disponibilidade do molibdênio às plantas é afetada pelo pH do solo (Figura 1). Ao contrário dos micronutrientes metálicos ““ Cu, Fe, Mn, Ni e Zn, a disponibilidade do molibdênio à cana-de-açúcar aumenta com a elevação do valor do pH do solo (Dechenet al., 2018). O aumento de uma unidade no pH do solo, aumenta em 100 vezes a atividade do molibdênio na solução do solo (Prado, 2008).
Figura 1. Efeito do pH do solo na disponibilidade do molibdênio às plantas.
Fonte: Malavolta (1976).
Em solos ácidos e com teores elevados de óxidos de Fe e de Al, a fixação do ânion MO42- é elevada. Quanto maior for o teor desses óxidos e quanto menor for o valor do pH do solo, mais intensa é a fixação do molibdênio (Dechen et al., 2018), podendo induzir a deficiência em cana-de-açúcar.
A calagem corrige a deficiência de molibdênio nas culturas, caso o teor deste micronutriente esteja adequado no solo, conforme equação abaixo.