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Giancarlo Couto da Costa
Engenheiro agrônomo, consultor técnico, produtor rural e empresário
Algas marinhas são classificadas como vegetais sem sistema vascular. Entretanto, suas ceÌlulas podem formar aglomerações, na forma de fios ou de laÌ‚minas finas. Encontram-se distribuiÌdas por diferentes habitat: oceanos, corpos de aÌgua doce, solos, rochas, sobre a neve e superfiÌcie de vegetais; desde que disponham de luz e umidade suficientes.
No reino Plantae são encontradas as macroalgas, organismos pluricelulares eucariontes e autoÌtrofos, que podem ser classificados em treÌ‚s grupos de acordo com a coloração. As principais caracteriÌsticas desses grupos são:
– Filo Chlorophyta. São descritas aproximadamente 10.000 espeÌcies. EÌ composto pelas algas verdes, extremamente abundantes nos ambientes aquaÌticos. Podem habitar aÌguas doces ou salgadas, solos uÌmidos ou troncos.
– Filo Rhodophyta. São descritas aproximadamente 6.000 espeÌcies. Composto pelas algas vermelhas, quase que exclusivamente pluricelulares e marinhas (99%) que vivem fixadas em substratos. A principal caracteriÌstica eÌ a presença do pigmento ficoeritrina em suas células, responsaÌvel pela coloração avermelhada desses organismos.
–          Filo Phaeophyta. Composto pelas algas marrons, organismos pluricelulares predominantemente marinhos. As algas pardas são as maiores existentes, podendo atingir mais de 25 metros de comprimento. Nesses organismos são encontrados os pigmentos fucoxantina, carotenoides e substâncias de reserva, oÌleos e polissacariÌdeos (laminarana).
Estudos
No Brasil, muitos estudos veÌ‚m sendo realizados por diversas instituições de pesquisa, tendo como objeto de trabalho as algas marinhas. Estes estudos veÌ‚m gerando conhecimento cientiÌfico em diversas aÌreas, entre elas sua aplicação na agricultura.
As algas podem ser usadas na agricultura na forma seca ou de extratos, sendo usadas como fertilizantes bioestimulantes e/ou fitoprotetores, e apresentam a capacidade de aumentar a resisteÌ‚ncia das plantas a doenças e ateÌ mesmo a outros estresses.
O mar, com certeza, eÌ grande fornecedor de organismos uÌteis ao homem, poreÌm, pouco estudados, entre eles destacando-se as algas marinhas. As macroalgas são organismos muito diversificados e de ocorreÌ‚ncia frequente em ambientes marinhos.
Potencial
O potencial das algas em melhorar as condições do solo para o cultivo agriÌcola tem recebido mais atenção nas uÌltimas deÌcadas, propriedade que tem sido atribuiÌda ao fato de que o solo fica revestido por partiÌculas de polissacariÌdeos que estimulam o crescimento de bacteÌrias e fungos saproÌfitas do solo, eliminando, assim, os microrganismos patogeÌ‚nicos.
AleÌm disso, as algas melhoram a agregação do solo, minimizando a erosão e otimizando a aeração, aumentando a capacidade de retenção e de movimentação da aÌgua, desenvolvimento de raiÌzes, aleÌm de fertilizaÌ-lo.
A alga marinha A. nodosum, pertencente aÌ€ divisão Phaeophyta, eÌ encontrada nas aÌguas frias e limpas do AtlaÌ‚ntico Norte na Costa de Nova Scotia, CanadaÌ. TambeÌm conhecida como alga marrom, atua como um verdadeiro adubo natural, sendo explorada comercialmente em uma enorme gama de produtos.
Benefícios da A. nodosum
O extrato dessa alga estimula o crescimento vegetal e sua composição eÌ rica em macro e micronutrientes, carboidratos, aminoaÌcidos e promotores de crescimento. Segundo Anasac (2006), as ações combinadas dessas moleÌculas e nutrientes produzem um amplo efeito estimulante que se expressa em melhor qualidade de frutos.
A aplicação do extrato de A. nodosum estimula processos fisioloÌgicos da planta, como absorção de nutrientes e fotossiÌntese, devido aÌ€s moleÌculas extraiÌdas (elicitores) da alga. Plantas pulverizadas com produtos aÌ€ base de A. nodosum podem sofrer um aumento da atividade da nitrato redutase, uma enzima do metabolismo do nitrogeÌ‚nio, estimulando o crescimento de plantas em condições adversas, principalmente em deficieÌ‚ncia de nitrogeÌ‚nio.
Estas plantas marinhas são ricas em nutrientes e vitaminas, mas tambeÌm contêm hormoÌ‚nios de crescimento e oligossacariÌdeos. O seu elevado teor de hidrocoloides tambeÌm permite aÌ€s algas condicionarem propriedades do solo que permitem a liberação lenta de minerais e moleÌculas ativas e mantêm a umidade do solo de acordo com a necessidade das plantas.
Algas x estresse hídrico
A utilização de algas promove um maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas e, como se sabe, a raiz é a “boca“ da planta. Sendo assim, quanto mais raiz, maior a capacidade de absorção de água e nutrientes.
Em condições de veranicos prolongados, uma planta com maior volume radicular suportará mais o stress hídrico.