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sábado, setembro 21, 2024
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Nutrição foliar – A ferramenta para o aumento de produtividade

Autores

Danilo Eduardo Rozane
Engenheiro agrônomo, doutor e professor – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp (campus de Registro – SP) e Universidade Federal do Paraná – UFPR (Curitiba – PR)
danilo.rozane@unesp.br
Henrique Antunes de Souza
Engenheiro agrônomo, doutor, pesquisador – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, CPAMN e professor – Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – CE e Universidade Federal do Piauí – UFPI – PI
henrique.souza@embrapa.br

As folhas, órgãos fotossintéticos, podem absorver elementos dissolvidos e a ela fornecidos. Essa capacidade originou a prática da adubação foliar, em que soluções de um ou mais nutrientes são aspergidas sobre a parte aérea das plantas, atingindo principalmente as folhas, para correção ou prevenção de deficiências nutricionais.

A aplicação e deposição de nutriente(s) no tecido foliar não implica necessariamente que o mesmo esteja ativo em termos fisiológicos. A eficiência da absorção e transporte do(s) nutriente(s) aplicado(s) via adubação foliar depende de inúmeros fatores que atuam isoladamente ou em combinação, os quais estão relacionados à morfologia e fisiologia da planta, às características da solução aplicada e ao ambiente externo.

A efetiva penetração/entrada dos nutrientes depositados na superfície foliar não ocorre em toda a superfície cuticular. Esta se concentra em áreas puntiformes, cuja localização coincide com os ectodermas, ou seja, filamentos protoplasmáticos que penetram a parede celular em contato com a cutícula.

A absorção é maior quando a solução é aplicada na face abaxial (inferior) da folha, pois a cutícula é mais delgada e as cavidades estomáticas (desde que não estejam ocupadas por gases), aumentam a superfície de contato com a solução.

Em complemento

Para o fornecimento dos nutrientes de maior exigência pelas plantas, em geral, inclusive a soja, faz-se necessário, em função das doses e dos custos envolvidos, que seja priorizada a aplicação via solo, em que as raízes, que é o órgão das plantas especializado na absorção, absorvam água e nutrientes.

No entanto, em agudas deficiências de nutrientes, em especial para aqueles que são menos exigidos, ou em condições adversas de mobilidade do nutriente na planta e/ou absorção via raízes, às vezes é necessário recorrer à adubação foliar.

Contudo, no que tange a avaliação do estado nutricional, que geralmente na cultura da soja é realizada pela diagnose foliar, esta prática deve ser preferida para identificar qualquer distúrbio nutricional que justifique a aplicação foliar de qualquer nutriente.

Cabe salientar que se houver anteriormente a diagnose foliar, a prática da adubação foliar e/ou aplicação de defensivos que contenham nutrientes, os teores observados na análise química poderão não refletir o real estado nutricional das plantas, haja vista, por exemplo, as possibilidades de retenção de nutrientes na cutícula.

Assim, se a prática da adubação foliar e/ou a utilização de defensivos que contenham em sua composição nutrientes a serem avaliados no balanço nutricional, for indicada anteriormente à avaliação do estado nutricional, se ressalta que deverá haver cautela na interpretação e avaliação de seus resultados.

Culturas beneficiadas

O uso de fertilizantes foliares é estratégia oportuna e pode ser empregada por várias culturas, porém, é necessário que trabalhos técnico-científicos subsidiem doses, fontes, épocas de aplicação e viabilidade financeira.

É necessário que se conheçam os fatores que limitam o desenvolvimento e a produtividade das plantas, para assim desenvolver e fornecer ferramentas para que os produtores possam tomar decisões mais eficazes para o manejo adequado de suas culturas.

Nesse contexto, o aspecto nutricional de plantas é fundamental, não apenas pelos efeitos diretos sobre a produtividade, mas também porque envolve a prática da adubação, que representa um significativo percentual dos custos de produção de culturas, como a da soja.

Por onde começar

O conhecimento dos fatores nutricionais que estão limitando a produtividade, obtido pela diagnose foliar das plantas, permite o estabelecimento de programas racionais de adubação, cujo uso eficiente aumenta as colheitas, reduz os custos e os riscos de contaminação do ambiente.

Dentre as ferramentas para avaliar o estado nutricional de plantas está o método do Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação ou DRIS (Diagnosis and Recommendation Integrated System) e o moderno e atual método de Diagnose da Composição Nutricional ou CND (Compositional Nutrients Diagnosis), que utiliza a transformação da razão log centralizada para analisar dados composicionais, como os teores de nutrientes.

É uma das mais recentes metodologias empregadas na interpretação da análise de tecido vegetal, e baseia-se nas relações entre o teor de um nutriente e a média geométrica dos teores dos demais componentes da matéria seca (relações multivariáveis); inclusive aqueles teores não determinados analiticamente são considerados para fins de expressão do equilíbrio.

O método consiste na avaliação dos teores de nutrientes presentes no tecido vegetal específico de cada cultura, com base em dados de amostras de uma população de referência, ou seja, de alta produtividade.

Dessa forma, o produtor após enviar ao laboratório as amostras foliares de seu talhão, informará ao programa, da cultura de interesse, os dados correspondentes aos teores de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn), para que o software realize os procedimentos matemáticos para fornecer os índices para cada nutriente (IN, IP, IK, … IZn), além da medida geral (CND-r²).

Nutrientes que apresentarem índices negativos e positivos representam, respectivamente, o desequilíbrio químico pela falta e pelo excesso. Quanto maior for o valor do índice geral, maior será o desequilíbrio químico dos nutrientes avaliados.

O software estabelece o balanço nutricional na área de produção, auxiliando no manejo sustentável da adubação, contribuindo na otimização de recursos financeiros, a fim de maximizar o retorno econômico e contribuir com o equilíbrio nutricional e, por conseguinte, o ambiental.

Estão disponíveis gratuitamente softwares para diversas culturas, os quais podem ser consultados no endereço http://www.registro.unesp.br/sites/cnd/. Para a cultura da Soja, o “CND-Soja” já está pronto. Estamos aguardando somente seu registro, e em breve também será disponibilizado gratuitamente.

Na dose certa

A dosagem está condicionada às características de cada produto, bem como às do ambiente. Poderíamos destacar que o caminhamento de cada nutriente (soluto) da epiderme para o interior da folha até atingir o sistema de vasos condutores (xilema e/ou floema) se faz vias apoplasto (conjunto de paredes celulares e espaços entre as células) e simplasto (constituído pelo continuum citoplasmático, devido às comunicações entre uma célula e outra), sendo que a velocidade de absorção pelas folhas é dependente do elemento, da concentração da solução aplicada, das condições ambientais e da espécie.

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