Cristiane Bezerra da Silva
Bióloga e doutora em Ciências Farmacêuticas
Elasmopalmus lignosellus (Zeller, 1848) é uma praga de solo e pertence à ordem Lepidoptera e classe Pyralida, conhecida popularmente por lagarta-elasmo ou broca do colo. É comumente citada como uma das piores pragas do milho, mas também pode afetar outras culturas como amendoim, arroz, aveia, cana-de-açúcar, centeio, feijão, milho, soja, trigo.
Danos à cultura
A lagarta, depois que eclode, alimenta-se inicialmente de folhas. Em seguida desce para a região da base da planta, perfura uma galeria, construindo no orifÃcio de entrada um pequeno casulo saliente de seda, solo e material vegetal.
Quando termina o período larval, transforma-se em pupa, próximo à base da planta ou na proximidade do solo. O inseto possui hábito polÃfago, alimentando-se de plantas cultivadas ou silvestres, em especial gramÃneas e leguminosas. Prefere solos arenosos e, para o seu estabelecimento na lavoura, precisa de um período de seca prolongado durante o início da cultura.
Os maiores prejuízos são causados nos primeiros 20 dias após a germinação. Quando o ataque ocorre em plantas recém-emergidas, às vezes não se tem tempo de perceber o ataque da praga, devido ao secamento de toda a planta e sua remoção por ação do vento.
Caso a caso
Para cada cultura, os prejuízos podem ser diferentes:
Na cana- de açúcar, as lagartas atacam as plantas novas, cerca de 30 cm de altura. Provocam a destruição da gema apical, acarretando o secamento da folha mais nova e causando o sintoma de “coração morto”. Construindo galerias no centro da haste da cana, as plantas apresentam-se inicialmente amareladas, em seguida murcham as folhas internas, terminando com o secamento da planta toda, conhecido por “coração morto”.
Esta praga ataca mais em períodos secos, após as primeiras chuvas e principalmente em culturas situadas em solos arenosos. Os prejuízos maiores são observados nos primeiros 30 dias da cultura após o início da brotação.
Os prejuízos diretos causados pela abertura de galerias são:
– Perda de peso e morte das gemas;
– Tombamento pelo vento, se as galerias forem transversais;
– Secamento dos ponteiros, conhecido como coração morto, na cana nova;
– Enraizamento aéreo e brotações laterais.
Feijão
No feijão, as lagartas abrem galerias na região do colo do vegetal, causando secamento e morte das plantas novas. Quando em repouso, a lagarta aloja-se em abrigos laterais feitos de excrementos, terra, teia e causam maiores danos ao feijão.
 As plantas são sensÃveis ao ataque até 30 dias após a germinação, quando, então, o caule fica mais lenhoso, dificultando a penetração das lagartas. As plantas atacadas apresentam inicialmente um murchamento discreto, assemelhando-se a um sintoma de estresse hídrico. Posteriormente, tombam e secam completamente.
Milho
No milho, a lagarta ataca as plantas de milho com até 30 cm de altura e, pela destruição da gema apical, ocorre a morte da folha ainda enrolada. A morte dessa folha central provoca a sintomalogia conhecida como “coração morto”.
Uma folha enrolada atacada por elasmo, quando chega a abrir, apresenta orifÃcios redondos uns ao lado dos outros. Os maiores prejuízos são causados nos primeiros 30 dias após a germinação das plantas.
Soja
Na soja, essa praga é de ocorrência bastante generalizada, concorrendo para redução do número de plantas e, consequentemente, da produção. A lagarta recém-eclodida penetra na região do colo da planta e abre galeria no interior do caule.
Junto ao orifÃcio de entrada elas tecem casulos cobertos por excrementos e partículas de terra, provocando a murcha e, em seguida, a morte da planta ou danos, posteriormente, com a ação de ventos, intempéries ou implementos agrícolas. A mesma lagarta pode chegar a atacar três plantas durante o seu ciclo.
Nos anos de seca, essa praga pode destruir lavouras inteiras logo após a emergência das plantas. Em regiões de solo arenoso, esse ataque é mais intenso, principalmente nos períodos de calor. As plantas desenvolvidas toleram o ataque da praga. Em áreas de plantio direto, sua infestação, em geral, é menor.