Â
MaurÃcio Dominguez Nasser
Pesquisador CientÃfico da Apta Regional Alta Paulista – Adamantina/SP
Flávia Aparecida de Carvalho Mariano Nasser
Engenheira agrônoma e pós-doutoranda – Unesp – Botucatu
A adubação foliar visa o fornecimento de nutrientes às plantas de forma prontamente absorvÃvel, cuja finalidade é a correção imediata das deficiências, servindo como um complemento da adubação via solo. Nesse tipo de adubação, são utilizados principalmente os micronutrientes, os quais se encontram em quantidades muito pequenas no solo, pelo fato de a aplicação de alguns micronutrientes via solo não apresentar uma eficiência tão boa quanto via foliar.
Nutrientes essenciais para o cafeeiro
No pé de café, os nutrientes essenciais (sem estes as plantas não completam seu ciclo de vida) são o nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), zinco (Zn), boro (B), ferro (Fe), manganês (Mn) e cobre (Cu).
Conforme diversos trabalhos de pesquisa já realizados para a cafeicultura brasileira, cada nutriente presente no solo deve estar contido ou enquadrado numa faixa adequada. As análises químicas de solo irão determinar se o nutriente ou os nutrientes se apresentam na quantidade ideal, em excesso ou com deficiência.
Assim, o produtor rural, “o paciente“, e o engenheiro agrônomo, “o médico“, podem planejar uma boa adubação de solo e foliar para que a lavoura cafeeira produza de forma significativa e por vários anos, tornando-se rentável e sustentável, que é o objetivo principal deste empreendimento chamado cafeicultura.
Importância da adubação foliar para o cafeeiro
No contexto de adubação, a realização de uma adubação foliar via pulverização de forma manual ou mecanizada é importante, pois sempre será um complemento da adubação feita no solo, principalmente para fornecer os micronutrientes à planta do cafeeiro, com destaque para o zinco, boro, cobre, manganês e ferro.
Manejo
Geralmente, a adubação foliar é realizada em três a quatro aplicações ao longo do ano de produção, que se inicia em setembro/outubro e vai até antes da colheita do grão, em maio/junho. Neste período, recomenda-se respeitar 45 dias de intervalo entre as aplicações com micronutrientes.
Além das recomendações acima, é importante verificar a compatibilidade da mistura dos sais ou produtos à base de micronutrientes e usados como fertilizantes ou adubos foliares durante o preparo da chamada calda de pulverização.
Este ato é necessário para evitar o risco de perda do efeito esperado do produto comercial, ou até problema de intoxicar as folhas das plantas, gerado pelo excesso de um ou mais elementos químicos, ou mistura inadequada dos mesmos.
Outro cuidado é realizar a pulverização quando as folhas do cafeeiro apresentam seu aspecto visual natural, sem estarem murchas ou desidratadas. Nestes casos citados, o serviço de pulverizar pode se tornar ineficiente, e gerar retrabalho, pois haverá necessidade de nova aplicação, o que vai acarretar aumento no custo de produção da lavoura.
Correção ideal
Inicialmente, é primordial que se faça a correção dos nutrientes pela adubação quÃmica de solo, e até pela calagem, que fornece cálcio e magnésio, além de elevar o pH do solo. Importante atentar para o fato de que toda aplicação via solo ou via foliar deve obedecer às orientações técnicas fornecidas pelo agrônomo de sua confiança.
A complementação da adubação por solo ou pela folha visa ajustar o planejamento inicial da adubação destinada ao cafeeiro durante o ano de condução da safra. Esta complementação tenta atingir de forma equilibrada o desenvolvimento da planta, para que ela produza significativamente e, ao mesmo tempo, prepare a planta para a safra seguinte.
Também tem por objetivo evitar excesso de nutrientes, que podem ser arrastados para o lençol freático, podendo contaminar mananciais hídricos, e que a planta não apresente deficiência mineral, prejudicando sua produção de flores, frutos e grãos.
Custo
Estima-se que o custo da adubação foliar na cafeicultura gira em torno de 2% de uma saca beneficiada, visto que a quantidade de adubo é pequena, e esta adubação pode acompanhar um defensivo agrícola na calda de pulverização, otimizando a operação da própria adubação foliar e da aplicação de um fungicida ou inseticida.
O cafezal que não recebe adubação foliar apresenta um aspecto visual de plantas desuniformes em altura e, consequentemente, no volume geral de folhas. Isso pode gerar perdas na ordem de 20 a 30% na produtividade em sacas por hectare. E na fase de formação do cafeeiro, a adubação foliar acelera o desenvolvimento inicial da planta.