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Gesso equilibra o solo e aumenta produtividade da cana

 

Djalma Martinhão Gomes de Sousa

Pesquisador – Fertilidade do solo da Embrapa Cerrados

djalma.sousa@embrapa.br

 

Gesso corrige acidez e aumenta produtividade da cana - Crédito Nutrion
Gesso corrige acidez e aumenta produtividade da cana – Crédito Nutrion

A cana-de-açúcar é uma cultura que apresenta elevada tolerância à acidez do solo comparada às principais culturas anuais. Em experimento na Embrapa Cerrados foram observados ganhos anuais de produtividade ao redor de 17 toneladas por hectare de colmos e 3,3 toneladas por hectare de açúcar em resposta ao gesso como corretivo da acidez superficial e fonte de enxofre.

Para a cana-de-açúcar

Mesmo sendo a cana-de-açúcar considerada uma cultura que em alguns ambientes tolera a acidez do solo, não significa dizer não ser necessária a aplicação de calcário no solo. Entretanto, o calcário age na camada de solo em que for misturado, isso é, até 20 cm de profundidade, e em algumas situações até 40 cm, quando utilizado equipamento que permite essa incorporação.

Mas, a acidez do ocorre também abaixo da camada mais superficial do solo (0 a 20 cm), e como essa cultura tem a possibilidade de expandir seu sistema radicular em profundidade, é necessário reduzir os efeitos tóxicos da acidez nas camadas abaixo de 20 cm, e para isso é utilizado o gesso.

Atuação no solo

Ao se aplicar gesso agrícola ou mineral (sulfato de cálcio) no solo, onde a acidez da camada superficial foi corrigida com calcário, o sulfato, após sua dissolução, movimenta-se para camadas inferiores (abaixo dos 20 primeiros centímetros, camada de ação do calcário) acompanhado por cátions, especialmente o cálcio.

Com a movimentação de cátions para a subsuperfície (camada entre 20 a 100 cm), o teor de cálcio e magnésio aumenta, acarretando redução no teor de alumínio tóxico e melhorando o ambiente do solo para as raízes se desenvolverem. Esses efeitos podem ser observados já no ano agrícola de aplicação do gesso.

Produtividade

Em um experimento que está sendo conduzido na Embrapa Cerrados, na cana-planta o ganho em produtividade devido ao uso do gesso foi de 13 t/ha de colmos, enquanto que na cana-soca os ganhos foram de 13 a 24 t/ha de colmo para a primeira e quarta socas, respectivamente.

Mais que benefícios

Além do aumento na produtividade de colmos, observou-se também ganhos na produção de açúcar, que variaram de 3,0 a 4,5 t/ha a mais com uso do gesso, isso devido ao uso mais eficiente dos nutrientes aplicados ao solo (nitrogênio, fósforo e potássio) e também da água armazenada nas camadas mais profundas do solo.

Outro aspecto a ser considerado é que, com o uso do gesso como melhorador de subsuperfície, resolve-se também o problema do enxofre como nutriente.

O gesso aumenta a produtividade de colmos - Crédito Ana Maria Diniz
O gesso aumenta a produtividade de colmos – Crédito Ana Maria Diniz

Recomendações

Para se decidir sobre a necessidade de aplicação de gesso deve-se fazer uma amostragem do solo nas profundidades de 40 a 60 cm e 60 a 80 cm para cana-de-açúcar. Caso haja dificuldade, na amostragem indicada, pode-se amostrar apenas a camada de 30 a 50 cm. Ao encaminhar para análise, solicitar também a determinação do teor de argila.

De posse dos resultados, se a saturação de alumínio for maior que 20%, ou o teor de cálcio for menor que 0,5 cmolc/dm3, há grande probabilidade de resposta ao gesso e este deve ser aplicado ao solo.

Se for recomendada a aplicação do gesso, para se definir a quantidade a usar, é necessário conhecer o teor de argila do solo. De posse desse valor, o cálculo pode ser feito utilizando-se as fórmulas abaixo:

D.G. (kg/ha) = 75 x argila (%)

D.G. = dose de gesso agrícola com 15% de enxofre

O gesso agrícola deve ser aplicado a lanço após a calagem, ou imediatamente antes, se esta for necessária. Caso haja dificuldade em incorporar o gesso ao solo pode-se deixá-lo na superfície.

Como a camada mais superficial do solo recebeu calcário e fosfato, o gesso, ao se dissolver na água, infiltrará no solo, passando por esta camada (ou camadas), ficando retido nas camadas subsuperficiais até 80 ou 100 cm de profundidade, quando a calagem foi feita para as camadas de solo de 0 a 20 cm ou 0 a 20 cm e 20 a 40 cm, respectivamente.

Há também a possibilidade de dividir a aplicação do gesso em duas ou três parcelas. Assim, em um solo com 60% de argila, a dose recomendada seria de 4.500 kg/ha de gesso, que pode ser aplicado 2.250 kg/ha para cana-planta e o restante após a segunda soca.

No caso de três aplicações de 1.500 kg/ha de gesso, aplicar para cana-planta após a primeira e terceira socas. Esses parcelamentos seriam para canavial de longevidade de seis cortes.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua para leitura completa.

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