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A nova realidade do manejo de plantas daninhas no cultivo de cana-de-açúcar

Pedro Jacob Christoffoleti

Pesquisador da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz“ (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Wolf Team da UPL Brasil

pjchris@carpa.ciagri.usp.br

Crédito: Andréia Cristina Hirata
Crédito: Andréia Cristina Hirata

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2016/17 de cana-de-açúcar produzida pelo Brasil deverá chegar a 691 milhões de toneladas, com um aumento de 3,8% em relação à safra anterior, quando foram colhidas 665,6 milhões de toneladas. Esta será a maior safra já colhida no País.

Apesar dos números bastante promissores, um problema cresce e já está gerando quedas na produtividade, podendo se agravar ainda mais em um futuro próximo. A mudança de colheita manual e, consequentemente, queima de palha da cana para a colheita mecanizada, definida pelo Protocolo Agroambiental para acontecer até 2017, apesar de muito benéfica do ponto de vista ambiental, traz uma nova realidade para o agricultor se adaptar quando se fala em manejo da alteração da dinâmica populacional de plantas daninhas nos canaviais.

Consequências

O fim das queimadas foi um avanço nos impactos ambientais causados pelo cultivo, mas abriu espaço para incremento das plantas daninhas da classe das folhas largas, como mamona, mucuna, merremias, cordas-de-viola, bucha, entre outras, que raramente eram vistas nos canaviais.

Estas ervas, se não combatidas da forma correta, podem rapidamente infestar as áreas cultivadas de cana e causar sérias consequências. A primeira delas é operacional. Durante a colheita elas dificultam a operação das colheitadeiras, que precisa ser paralisada até que seja feita a limpeza. Este tempo perdido gera grandes prejuízos ao produtor, já que o custo deste tipo de equipamento é alto e cada minuto perdido interfere no prazo para realizar a colheita.

A segunda é a influência da erva na qualidade industrial da matéria-prima enviada para a indústria. A mistura da cana-de-açúcar com as plantas daninhas na hora da colheita mecanizada diminui o teor de sacarose e a pureza do extrato final, reduzindo a qualidade do produto que o agricultor tem em sua lavoura e, consequentemente, o rendimento tecnológico. Com isso, as usinas passam a pagar menos, gerando ainda mais prejuízo para o produtor.

Outro fator de risco é a queda de produtividade, comum em todas as lavouras cujo controle das folhas largas foi inadequado durante os tratos culturais. Atualmente, as “reboleiras“ – como são chamados os focos de ervas no meio do canavial – podem causar redução no resultado da safra 2016/17 na maioria das unidades de produção de cana do País.

E agora?

O desconhecimento dos produtores de cana das infestações que ocorrem no interior do canavial já desenvolvido, algo difícil de observar quando em fase final de colheita, faz com que este problema seja negligenciado, uma acomodação do agricultor em prevenir um futuro risco.

É preciso antever o problema, mesmo na hora do plantio, para que estas folhas largas não infestem o canavial e tomem proporções que dificultarão o controle.Para enfrentar este novo desafio, os produtores de cana-de-açúcar precisam se preparar para fazer o manejo das plantas daninhas de folhas largas de difícil controle da forma correta até o fechamento do canavial.

Após isso, a dificuldade aumenta, pois só se consegue fazer o controle com aplicação aérea de herbicidas específicos utilizando avião ou até helicóptero, representando alto custo.

Crédito: Miriam Lins
Crédito: Miriam Lins

Informações são a arma mais forte

O intercâmbio de informações com agricultores que trabalham com outras culturas também é importante. Produtores de soja, algodão ou milho já enfrentam este problema há anos e podem passar experiências importantes no combate e na forma de se fazer o manejo preventivo.

O setor canavieiro já enfrenta graves crises ao longo dos últimos anos e precisa se precaver para não enfrentar outra no futuro. A nova realidade da colheita mecanizada trará grandes benefícios para todos, mas, como qualquer mudança, gera uma fase de adaptação. Aqueles que se planejarem e se preparem para a mudança devem sair mais fortes e ilesos.

 

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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