Â
Natália de Oliveira Aguiar
Engenheira agrônoma, doutoranda no Programa de Pós Graduação em Produção Vegetal na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
Luciano PasqualotoCanellas
Professor e pesquisador da UENF
Os ácidos húmicos são um conjunto de compostos orgânicos originados da decomposição de plantas e animais que, quando em solução em pequenas concentrações, promovem o crescimento das plantas simulando, em algumas situações, o efeito que os hormônios vegetais exercem sobre as plantas.
Na média, quando aplicado diretamente sobre as plantas os ácidos húmicos promovem um aumento de cerca de 20% no crescimento (de acordo com estudo de compilação dos efeitos de ácidos húmicos sobre o crescimento das plantas realizado recentemente por Michael Rose e colaboradores da Universidade da Austrália e publicado na revista “Advances in Agronomy“ volume 124, 2014).
Em solos tropicais ácidos e de baixa fertilidade natural, o efeito mais interessante dos ácidos húmicos é o aumento do número de raízes laterais nas plantas, o qual permite que a planta explore um volume maior de solo e, com isso, possa absorver mais nutrientes e água.
Do laboratório para o campo
Trabalho realizado na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) demonstrou que, além de aumentar o número e o crescimento das raízes, os ácidos húmicos promovem um aumento no transporte de nutrientes do solo para a planta através da ativação da enzima responsável pela energização desses transportadores.
Como o metabolismo das plantas é estimulado pelos ácidos húmicos, os efeitos da aplicação de produtos biológicos são otimizados, já que as plantas estão mais ativadas fisiologicamente. Por exemplo, o NUDIBA (Núcleo de Desenvolvimento de Insumos Biológicos para Agricultura) desenvolveu um produto à base de substâncias húmicas em combinação com um inoculante microbiano formado por microrganismos promotores do crescimento vegetal.
Esse produto foi testado em milho e em tomate aplicado via foliar e foram observados efeitos significativos na produção. Os resultados foram publicados nas revistas “PlantandSoil“ e “Hortscience“.
Quando aplicar
A época de aplicação depende da cultura e do objetivo do agricultor. Estudos desenvolvidos pelo NUDIBA com cana-de-açúcar, milho e tomate mostraram efeitos benéficos sobre a produção. Quando aplicado diretamente nas folhas de plantas de milho, o melhor resultado foi no estádio fisiológico entre seis e oito folhas verdadeiras.
Na cana-de-açúcar não houve diferenças quando a aplicação foi feita aos 60 e aos 90 dias após a emergência, e em tomate duas aplicações, uma imediatamente e outra 20 dias após o transplante, foram responsáveis por um incremento de 35% na produção.
Em termos gerais, incrementos acima de 5% na produção pagam o valor da aplicação.
Essa matéria você encontra na edição de março da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua.