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sábado, setembro 21, 2024
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Algas – Aliadas na fitossanidade vegetal

Autores

Brenda Ventura de Lima e Silva
Mestre em Fitopatologia e servidora – IF Goiano – campus Morrinhos
brendavlima@yahoo.com.br
Juliano Henrique Alves de Sousa Carvalho
Graduando em Agronomia – IF Goiano – campus Morrinhos
Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano – campus Morrinhos

Fotos Shutterstock

As algas são organismos semelhantes às plantas, no entanto, não possuem folhas, raízes ou tecidos vasculares. A maioria das espécies é aquática, mas existem algumas que, associadas em simbiose com fungos, formam liquens, podendo viver em ambientes secos.

O grupo das algas é classificado em função da composição da parede celular, tipo de substâncias de reserva e, principalmente, do tipo de pigmento: clorofíceas ou algas verdes, rodofíceas ou algas vermelhas e as feofíceas, também denominadas de algas pardas ou marrons.

As algas pardas ou marrons são exclusivamente marinhas e são utilizadas para diversas finalidades, desde segmentos alimentícios, farmacêuticos, cosméticos, na indústria tintureira e empregada em sistemas de produção agrícola.

Tendência

O uso de produtos comerciais à base de extrato de algas é frequente na Comunidade Europeia, indicado como biofertilizante, bioestimulante e/ou fitoprotetor, na forma seca ou de extrato líquido, inclusive para o sistema de cultivo orgânico.

As algas apresentam um rápido desenvolvimento e produzem um grande volume de biomassa, podendo conter em sua formulação minerais como: cálcio, magnésio, enxofre, ferro, silício, boro, zinco, molibdênio, cloro, cobalto, cobre e manganês. Esta composição nutricional tem proporcionado efeitos positivos sobre o crescimento, desenvolvimento das plantas cultivadas, culminando no aumento nos rendimentos das colheitas da ordem de 15 a 20% em condições de campo e em ambientes protegidos.

Opções

Atualmente, estão disponíveis para uso agrícola extratos de diversas espécies de algas, como Ascophyllum nodosum, Laminaria spp., Ecklonia máxima, Sargassum spp., Durvillaea spp., entre outras.

A espécie Ascophyllum nodosum é a mais pesquisada na agricultura. Seu extrato possui a propriedade de estimular o crescimento vegetal devido à sua composição rica em macro e micronutrientes, carboidratos, aminoácidos e hormônios vegetais próprios da alga.

Além disso, proporciona um melhor estabelecimento inicial das plantas, aumento na resistência a estresses, como seca, temperatura, salinidade, doenças e insetos, maior desenvolvimento e produtividade.

Os extratos desta alga marinha também afetam as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, aumentando a capacidade de retenção de umidade e promovendo o desenvolvimento de microrganismos do solo benéficos, qualidades que influenciam positivamente o crescimento e a sanidade das plantas.

Contra doenças

A utilização de algas marinhas e dos seus metabólitos no manejo de doenças de plantas é recente, todavia, há um aumento no interesse de pesquisas direcionadas ao emprego das algas na nutrição das plantas e para reduzir doenças. A ação advém da atividade antimicrobiana, indução de mecanismos de defesa vegetal e promoção do crescimento de plantas.

Diversas pesquisas demonstram a atividade antimicrobiana de algumas algas, principalmente nas algas vermelhas e marrons, no controle de fungos e bactérias causadoras de doenças de plantas.

Vale ressaltar que as algas marinhas são fonte importante de antibióticos com ampla e eficiente atividade antibacteriana, principalmente de espécies clínicas, porém, observa-se que ainda existem poucos estudos sobre bactérias fitopatogênicas, como Xanthomonas campestris e Erwinia carotovora.

Estes efeitos da aplicação de extratos de algas nas plantas são relatados em diversos cultivos de importância agrícola para o Brasil, tais como feijoeiro, soja, trigo, batata, tomate, citros, cafeeiro, entre outros.

Em campo

Na cultura da soja, o efeito do extrato aquoso da alga vermelha Kappaphycus alvarezi foi testado sobre crescimento, rendimento e assimilação de nutrientes. As aplicações foliares (30 e 60 dias após a germinação) do extrato, em concentrações variando de 2,5 a 15%, melhoraram significativamente o rendimento da cultura.

Sobre a cultura do trigo, a aplicação de extrato a 20% da alga Sargassum wightii melhorou o comprimento da raiz, o número de raízes laterais, o comprimento dos brotos e número de ramos. Os extratos das algas pardas Ecklonia maxima, Sargassum sp. e ácidos húmico e fúlvico melhoraram a capacidade de germinação de sementes.

As plantas pulverizadas duas vezes com as substâncias testadas apresentaram os maiores brotos e raízes. As plantas obtidas a partir de sementes embebidas em soluções de extratos das algas foram caracterizadas por um maior peso da parte aérea e raízes em comparação com os ácidos húmico e fúlvico.

O uso conjunto de extrato da alga Ascophylum nodosum, cálcio e ácido L-glutâmico pode promover maior crescimento inicial das plantas e produção de grãos de feijão.

Sustentabilidade

Apesar do caráter sustentável do uso das algas marinhas, devido a serem consideradas um recurso natural renovável, a utilização dessa biomassa deve ser realizada de maneira a preservar os bancos naturais e evitar os impactos ambientais adversos, seja sendo extraída ou cultivada, sempre de forma consciente e sustentável, sem prejudicar o meio ambiente.

Neste contexto, as algas possuem alto potencial de emprego na agricultura do terceiro milênio, principalmente por riqueza em diversidade e os efeitos agronômicos benéficos comprovados na agricultura.

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