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Rodrigo da Silveira Campos
Engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Agroindústria de Alimentos
Consideradas o pulmão do planeta em virtude de produzirem oxigênio através da fotossíntese, as macro e microalgas povoam os mares, sendo elas o primeiro nível da cadeia alimentar para a fauna aquática.
As microalgas são invisÃveis a olho nu, porém,sãoa principal fonte de alimentos para as mais diversas formas de vida aquáticas. Por sua vez, as macroalgas são aquelas que estamos habituados a ver, e se desenvolvem abundantemente em águas doce ou salgada.
Utilizadas há séculos pelos humanos, suas propriedades são exploradas desde a culinária a produtos farmacêuticos.
As algas para a agricultura
Atualmente, a utilização das algas está sendo muito direcionada para a agricultura, por possuÃrem uma importante característica de absorverem e acumularem minerais presentes no mar, como o caso do cálcio e magnésio, além de diversos micronutrientes.
São muito importantes também no acúmulo de hormônios vegetais. Sua composição de aminoácidos, os quais atuam diretamente em vias metabólicas essenciais ao desenvolvimento do cafeeiro, potencializam todos os efeitos dos hormônios e dos nutrientes nelas encontrados.
A crescente demanda de algas está reforçando a maricultura. Essa, por sua vez, vai de encontro à sustentabilidade, hoje tão exigida na agricultura moderna.Das “fazendas marinhas“ aos campos no continente, observamos que seus extratos proporcionam uma opção a mais para o incremento do vigor das culturas.
Versatilidade
No Brasil, em várias regiões, a utilização de algas no manejo de adubação por meio da fertilização foliar já está incorporada na estratégia de produção.Na sojicultura há um grande potencial de uso, e o mesmo já está disseminado. Muitas vezes, ao comprar um bioestimulante, o produtor está comprando uma formulação que contém algas em sua composição.
As algas marinhas têm seu uso autorizado pelo MAPA como fertilizante mineral, como complexantes e aditivos orgânicos para uso em fertilizantes minerais. Trabalhos cientÃficos já demonstraram ter efeito positivo quando utilizadas na adubação foliar. Isso porque possuem uma complexa mistura de elementos essenciais ao metabolismo vegetal.
Por isso, diferem dos demais fertilizantes, possuem moléculas orgânicas, que quando absorvidas atuarão direta ou indiretamente em rotas metabólicas envolvidas na resistência da cultura aos estresses bióticos ou abióticos, no acúmulo e transporte de nutrientes, tanto quanto no desenvolvimento das diversas fases da cultura.
Existem relatos de que as algas favorecem a defesa da planta contra patógenos (estresse biótico), possuindo precursores ou mesmo sinalizadores que atuam em rotas metabólicas envolvidas na síntese de compostos que protegem as plantas, direta ou indiretamente. Um exemplo é a fenilalanina, um aminoácido que, quando presente, é precursor direto de substâncias que serão tóxicas para patógenos (os repelindo), e também na síntese de lignina, fundamental para a cicatrização de tecidos da planta.
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