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Algas podem melhorar a eficiência dos fungicidas

Luís Antônio Siqueira de Azevedo

Professor de Fitopatologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e diretor técnico da LASA Suporte em Proteção de Plantas

luisasa@ufrrj.br

Crédito Jacto
Crédito Jacto

Os bioestimulantes são descritos por vários autores como produtos não nutricionais, que aplicados às plantas podem aumentar a produção e a resistência aos estresses causados por temperatura, déficit hídrico, entre outros. Estes funcionam como ativadores do metabolismo das células na planta, reativam processos fisiológicos nas diferentes fases de desenvolvimento, estimulam o crescimento radicular, induzem a formação de novos brotos, melhoram a qualidade e quantidade de frutos, entre outros.

Os bioestimulantes têm uma composição complexa, sendo mais comum a presença de aminoácidos, substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos), hormônios de crescimento de plantas, vitaminas e vários outros elementos, podendo conter também substâncias orgânicas provenientes de extrato de algas marinhas.

A utilização de extratos de algas na agricultura vem aumentando significativamente nas últimas décadas, sendo observado que consideráveis parcelas dos 15 milhões de toneladas métricas de algas marinhas colhidas anualmente são empregadas como bioestimulantes.

 O café é uma das culturas mais beneficiadas pelas algas - Crédito Miriam Lins
O café é uma das culturas mais beneficiadas pelas algas – Crédito Miriam Lins

Uso de algas marinhas na agricultura

A aplicação de extratos de algas está relacionada à maior absorção de nutrientes, maior formação de raízes laterais e maior desenvolvimento das plantas em geral. Os efeitos da aplicação de extratos de algas nas plantas são relatados em diversos cultivos de importância para o Brasil, tais como trigo, tomate, soja, feijão, citros, batata, café, entre outros.

Pesquisadores estão descobrindo ainda mais razões para o uso de extratos de algas na agricultura. Pesquisas com extratos da alga Ascophyllumnodosumcomprovaram melhor estabelecimento inicial das plantas, aumento na resistência a estresses, como seca, temperatura, salinidade, doenças e insetos, maior desenvolvimento de raízes, plantas com coloração verde mais intensa e maiores níveis nutricionais, maiores produtividades e melhores colheitas.

Os extratos desta alga marinha também afetam as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, aumentando a capacidade de retenção de umidade e promovendo o desenvolvimento de microrganismos do solo benéficos aos cultivos, atributos que também influenciam o crescimento e a sanidade das plantas.

Principais espécies de algas marinhas para o uso agrícola

Os produtos derivados de extratos de algas são produzidos principalmente a partir de espécies que habitam as águas salgadas. Ascophyllumnodosum (L.) Le Jolis destaca-se entre as espécies de algas marinhas comumente utilizadas, e tem sido muito estudada por suas propriedades que incluem desde a promoção de crescimento vegetal ao uso na alimentação humana e animal.

É uma alga marrom encontrada nos mares árticos e nas costas rochosas do oceano Atlântico, no Canadá e no norte da Europa, onde a temperatura da água não excede 27ºC.

Atualmente, estão disponíveis para uso agrícola extratos de diversas espécies de algas, como Ascophyllumnodosum, Laminaria spp.,Ecklonia máxima, Sargassum spp., Durvillaea spp., entre outras. A espécie mais utilizada é a Ascophyllumnodosum.

Análises de tecidos demonstraram que entre 46 e 60% do peso desta espécie é composta de carboidratos, como fucosoidinas, laminarinas e alginatos, que poderiam ter ação na sinalização em tecidos vegetais. Também se observa a presença de compostos ligados à defesa de plantas contra estresses, como betaínas, prolinas e hormônios como citocininas, auxinas e ácido abscísico, levantando à hipótese de que com a aplicação de tais compostos nas plantas se poderia obter melhor desenvolvimento e tolerância a estresses.

As algas proporcionam melhor desenvolvimento vegetativo, principalmente de raízes - Crédito Shutterstock
As algas proporcionam melhor desenvolvimento vegetativo, principalmente de raízes – Crédito Shutterstock

Benefícios

Os principais benefícios da aplicação de extratos de A.nodosum às plantas são: melhor desenvolvimento vegetativo, principalmente de raízes (com destaque para as raízes laterais e pelos absorventes) e a maior tolerância a estresses abióticos (como seca e salinidade) e bióticos.

Os resultados obtidos em diversas pesquisas sobre os efeitos de produtos à base dos extratos de alga no controle de doenças demonstram que estes produtos podem ter amplo espectro de ação, o que pode beneficiar indiretamente a produtividade das culturas.

Outros trabalhos sobre o controle de doenças utilizando produtos à base de extratos de alga também foram conduzidos em nosso país.Pesquisadores de São Paulo avaliaram a atividade antifúngica de 10 espécies de algas marinhas (Stypopodiumzonale, Laurenciadendroidea, Ascophyllumnodosum, Sargassummuticum, Pelvetiacanaliculata, Fucusspiralis, Sargassumfilipendula, Sargassumstenophyllum, Laminaria hyperboreaeGracilarialagenarium) sobre o controle dos patógenos Colletotrichumlagenarium e Aspergillusflavus.

Dentre estas espécies, seis algas (Stypopodiumzonale, Laurenciadendroidea, Ascophyllumnodosum, Sargassummuticum, Pelvetiacanaliculatae Fucusspiralis) apresentaram controle efetivo sobre o crescimento de Colletotrichumlagenarium, uma das espécies de fungos causadores da antracnose. Contudo, nenhum dos extratos conseguiu inibir o crescimento do fungo Aspergillusflavus.

A atividade inibitória de extratos aquosos e etanólicos de nove espécies de algas marinhas (Macrocystispyrifera, Macrocystisintegrifolia, Lessonianigrescens, Lessoniatrabeculata, Durvillaeaantarctica, Gracilariachilensis, Porphyra columbina, Gigartinaskottsbergii e Ulva costata) sobre fungos e bactérias fitopatogênicas também foi testada.

As algas proporcionam maior tolerância a estresses abióticos e bióticos - Crédito Shutterstock
As algas proporcionam maior tolerância a estresses abióticos e bióticos – Crédito Shutterstock

Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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