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sábado, maio 18, 2024
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Aminoácidos – A recuperação do estresse das plantas

 

Jorge Jacob Neto

Engenheiro agrônomo., Ph.D. e professor titular do Departamento de Fitotecnia da UFRRJ

j.jacob@globo.com

Joice de Jesus Lemos

Engenheira agrônoma, doutora e professora do Departamento de Fitotecnia da UFRRJ

Aldir Carlos Silva

Engenheiro agrônomo, doutor do departamento de Engenharia ““ UFRRJ

 CréditosShutterstock
CréditosShutterstock

Na agricultura em geral, substância como a prolina tem sido associada ao estresse hídrico de plantas anuais, especialmente em feijoeiro. Estudos indicam que o aminoácido prolina pode reduzir os efeitos de estresse, principalmente hídrico e salino, aumentando em até 100 vezes o conteúdo deste aminoácido no seu metabolismo como estratégia de sobrevivência.

Em plantas de pera, a aplicação via foliar deste aminoácido resultou em aumento da síntese de clorofila em folhas novas, ou seja, atua no processo de fotossíntese, imprescindível ao crescimento e desenvolvimento da planta.

Em experimentos com mangueiras da cv. Tommy Atkins foi observado que a aplicação via foliar de aminoácidos na dose de 60 mL L-1 favoreceu o aumento de 21,4% das panículas florais e 37,38% no pegamento de frutos.

Em videiras da cultivar Benitaka, duas pulverizações de uma solução contendo vinte aminoácidos (com maior concentração de glicina e ácido aspártico) na dosagem de 4,15 mg L-1, aplicadas a partir da frutificação e na fase de maturação dos frutos, intensificaram a coloração roxa por meio da antocianina, que é sintetizada pelo aminoácido fenilalanina. Também diminuíram a acidez das uvas, deixando-as mais doces, fato influenciado pela atuação de aminoácidos como asparagina, glutamato e glicina, para o consumo de mesa, obtendo-se cachos de melhor qualidade para comercialização.

Em plantas de alface roxa cv. Salad Bowl, quando foi aplicado via foliar 0,4mL L-1 de aminoácido L-glutâmico 30%, ocorreu maior incremento de massa fresca, diâmetro de cabeça e aumento da produtividade.

Da mesma forma, em chicória, quando foi aplicado 0,2 ml L-1 de aminoácido L-glutâmico 30%, observou-se aumento de volume radicular, área foliar e teor de clorofila. Resultados similares foram encontrados para plantas de rúcula.

Relação com o enraizamento

O aminoácido triptofano atua como precursor na formação do ácido indolacético (AIA) e pode agir no enraizamento vegetal. O aminoácido triptofano é comum em plantas como constituinte de proteínas e precursor intermediário da biossíntese de várias substâncias indólicas, entre elas o ácido indolacético.

As plantas cultivadas podem sofrer estresses causados por fatores bióticos e abióticos, como, por exemplo, situações de seca ou de geadas, salinidade, toxidez causada por alumínio, excesso de fertilizantes e outros produtos químicos como os herbicidas no controle de plantas daninhas, e a presença de pragas e doenças que atacam as plantas, fatores esses presentes no cotidiano da agricultura brasileira.

Essas variáveis influenciam diretamente o crescimento e o desenvolvimento das plantas, podendo afetar a produtividade no final da cultura. A aplicação de aminoácidos no campo tem sido uma técnica muito utilizada atualmente com o intuito de melhorar a qualidade da planta e do produto final a ser comercializado, podendo ser aplicado em diversas fases do ciclo das plantas, gerando efeito tanto de prevenção como na recuperação da planta, quando submetida a uma condição de estresse.

Em uvas os aminoácidos intensificaram a coloração roxa por meio da antocianina - CréditosShutterstock
Em uvas os aminoácidos intensificaram a coloração roxa por meio da antocianina – CréditosShutterstock

Qualidade final

Os aminoácidos estão envolvidos no metabolismo primário e secundário, levando à síntese de vários componentes (proteínas, enzimas, hormônios) que atuam na produção e qualidade dos frutos e hortaliças. Os aminoácidos nada mais são do que compostos formados por carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (grupo amino) que vão formar as proteínas, essenciais para o desenvolvimento das plantas.

Normalmente sua aplicação é realizada via foliar ou via semente e aplicada juntamente com a adubação de micronutrientes, macronutrientes e inseticidas/fungicidas nas culturas.

É comum haver um gasto energético elevado das plantas para a absorção e assimilação de nutrientes necessários para o seu crescimento e desenvolvimento. Quando aplicado diretamente na forma de aminoácidos, a planta economiza energia para sintetizar esses processos, visto que os elementos já estão prontamente disponíveis, e essa pode ser uma das mais importantes funções dos aminoácidos.

Na horticultura, assim como em toda a agricultura moderna, busca-se o cultivo de plantas de forma mais sustentável, evitando-se a poluição do solo e dos recursos hídricos por excesso de fertilizantes/produtos químicos aplicados à planta. Com isso a aplicação direcionada de aminoácidos, muitas vezes feita via foliar, visa à redução dos excessos, assim como a economia energética para a planta, produzindo com maior qualidade e quantidade, e com capacidade de superar as adversidades climáticas e bióticas presentes no campo.

O aminoácido pode ser aplicado com o objetivo de aumentar o enraizamento (até para a formação de um fruto saudável), reduzir as deficiências nutricionais, desequilíbrios hídricos e lesão pelo uso inadequado de herbicida.

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