Jorge Jacob Neto
Engenheiro agrônomo, PhD e professor titular do Departamento de Fitotecnia do Instituto de Agronomia da UFRRJ
Aldir Carlos Silva
Engenheiro agrônomo, doutor e bolsista Capes de Pós-Doutorado do Departamento de Solos do Instituto de Agronomia da UFRRJ
Joice de Jesus Lemos
Engenheira agrônoma, doutora e professora substituta do Departamento de Fitotecnia do Instituto de Agronomia da UFRRJ
No Brasil o uso de fertilizantes foliares aumentou gradativamente a partir dos anos 80. Em culturas como café, citros, entre outras, já era utilizado desde os anos 60. Entretanto, com o aumento da área plantada de soja, a partir dos anos 80, o uso da adubação foliar atingiu valores mais elevados, especialmente utilizando adubos contendo molibdênio (Mo) e cobalto (Co).
Embora já tivesse a informação que poderia ocorrer a absorção de água depositada na superfície da folha desde o século 17, a absorção de nutrientes “per si“ só foi sugerida no século 19. É importante frisar que mesmo sendo conhecido desde esta época, a absorção foliar não é muito estudada, nem seu mecanismo fisiológico muito entendido.
A falta de conhecimento pode levar a interpretações equivocadas do real impacto que um determinado produto pode provocar na planta, por isso, são necessários mais estudos a este respeito, pois são poucos são os trabalhos cientÃficos enfocando a fisiologia envolvida, especialmente quando se usa aminoácidos como adubo foliar em feijão.
Fisiologia da aplicação foliar
Na verdade a absorção foliar é dependente de vários fatores, que agem, na maioria das vezes, conjuntamente e não isoladamente. Por exemplo, quanto ao ambiente ela depende de luz, umidade atmosférica e temperatura.
A absorção também depende das características intrÃnsecas das soluções a serem usadas na pulverização, como solubilidade dos nutrientes, composição, concentrações dos elementos e pH.
Na análise, o tipo de folha e sua morfologia também podem influenciar na resposta à aplicação foliar. Por exemplo, a estrutura da folha, a composição quÃmica da cutÃcula e a idade da folha, sua pilosidade, são elementos a serem considerados.
Os fatores inerentes à folha, como a cutÃcula fina e um número maior de estômatos, favorecem a absorção foliar. Substâncias polares geralmente apresentam grupos de afinidades com a água e possuem afinidade com a pectina e as apolares com a cera e cutina, facilitando a penetração.
Obstáculos
Acredita-se que a translocação via simplástica ou apoplástica ocorra para todos os elementos nutricionais fornecidos à folha, provavelmente até mesmo para os aminoácidos. A epiderme é o primeiro ponto de contato do nutriente com a planta, a não ser que haja fendas (feridas), na folha.
Os nutrientes, ao entrarem em contato com a epiderme, precisam passar por sua estrutura de organização, portanto, até chegar à membrana celular por esta via, necessita ultrapassar estas camadas. A estrutura da epiderme é geralmente permeável à água e a outras substâncias polares ou não, lipossolúveis ou hidrossolúveis.
Adubação foliar
É sempre importante, quando se comenta sobre a adubação foliar, mencionar o uso de produtos que ajudam a fixar os elementos nutricionais na folha e/ou até mesmo influenciar a sua absorção, como exemplo os surfactantes, que podem funcionar como espalhantes, e os adesivos, que são humectantes.
Estes produtos são, vias de regra, essenciais no processo de adubação foliar, entretanto, se usados em dosagens inadequadas, podem se tornar muito tóxicos para a planta. Portanto, o agricultor ou técnico devem tomar todos os cuidados possÃveis.
Aplicação de nutrientes ““ necessidades
 A aplicação foliar de nutrientes em feijão, assim como qualquer adubação na raiz, passa primeiro pela questão da necessidade fisiológica, do nível crÃtico do elemento e, em outras palavras, pela real necessidade da planta por aquele elemento.
Em muitos trabalhos cientÃficos não se tem observado resposta à aplicação foliar em feijão a um determinado elemento químico ou composto. De imediato, não é possível afirmar se foi realmente devido à aplicação do produto ou se a planta já estava com seu nível adequado do elemento.
Só se poderia determinar a real causa se análises químicas dos níveis dos elementos nos tecidos fossem realizadas. Para complicar, é preciso determinar qual tecido ou parte morfológica da planta deve ser analisado e em qual estágio morfológico.
Por exemplo, já foi demonstrado para plantas de feijão, sobrevivendo apenas do nitrogênio proveniente da fixação biológica do nitrogênio, que o local a ser amostrado para análise de deficiência de molibdênio são os nódulos.
Além deste exemplo, existem outros nutrientes em que a deficiência é específica de um determinado tecido, dependendo também do estágio morfológico em que a planta se encontra.