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Avanço da mosca-branca preocupa produtores e pesquisadores

Anderson Gonçalves da Silva

Doutor e professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus de Paragominas (PA,) e coordenador do Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas (GEMIP)

agroanderson.silva@yahoo.com.br

 Crédito Lúcia Vivan
Crédito Lúcia Vivan

Incluída no ano passado, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na lista das pragas consideradas de maior risco sanitário e com potencial para provocar prejuízos econômicos, a mosca-branca, ou Bemisia tabaci (Genn.) (Hemiptera: Aleyrodidae), vem a cada safra crescendo e já atormenta produtores das principais culturas, como: soja, algodão, feijão, hortaliças e frutas em geral, apresentando expressiva importância para o agronegócio brasileiro, com prejuízos estimados em dezenas de bilhões de dólares.

Essa inclusão na lista, pelo MAPA, implica em prioridade para registro de produtos fitossanitários, dentre outras medidas emergenciais.

 Ataque severo de mosca-branca à soja - Crédito Lúcia Vivan
Ataque severo de mosca-branca à soja – Crédito Lúcia Vivan

Evolução

Esse inseto foi introduzido no Brasil na década de 1990 e já foi considerada uma praga secundária nos cultivos brasileiros. Porém, hoje tem se tornado cada vez mais importante economicamente, principalmente seu biótipo B (estima-se que tenham cerca de 40 biótipos diferentes), mas agressivo e eficiente na transmissão de viroses, preocupando cada vez mais produtores, assistência técnica e pesquisadores, principalmente nas últimas safras devido à ocorrência de altas infestações aliadas à dificuldade de seu controle.

Dentre as causas que podem ser consideradas para o crescimento da mosca-branca em plantios brasileiros, destaca-se: abandono do monitoramento das pragas, a sua alta capacidade reprodutiva, presença de várias raças fisiológicas ou biótipos, adaptabilidade às várias condições ambientais do País, resistência a inseticidas, presença de culturas hospedeiras durante todo o ano e eliminação de fungos que controlam naturalmente a praga em função de aplicações de fungicidas não seletivos visando ao controle de doenças; a alteração do sistema de plantio convencional para o direto; aumento dos monocultivos; aplicações preventivas de inseticidas; evolução da resistência das pragas aos ingredientes ativos dos produtos; e plantios em sucessão nas mesmas áreas produtivas, beneficiando a mosca-branca devido à constante oferta de alimento.

O abandono do monitoramento das pragas está entre as principais causas para a infestação da mosca-branca - Crédito Helio Orides D
O abandono do monitoramento das pragas está entre as principais causas para a infestação da mosca-branca – Crédito Helio Orides 

A praga

A mosca-branca (B. tabaci) biótipo B é um inseto sugador pertencente à ordem Hemíptera (logo, é erroneamente chamada de mosca, já que esse termo se enquadra aos insetos da ordem Diptera). Os adultos são pequenos, com 1 mm de comprimento, com quatro asas membranosas, recobertas com substâncias pulverulentas (cerosas) de coloração branca, de onde vem seu nome comum, sendo esta última fase a mais fácil de ser visualizada pelo produtor, uma vez que a presença dos ovos e ninfas é quase imperceptível a olho nu devido ao seu tamanho diminuto.

Apresenta metamorfose incompleta, passando pelos estágios de ovo, ninfa (com quatro ecdises) e adulto; com período de desenvolvimento bastante rápido, com ciclo completo em torno de 15 dias, que vão ser influenciados principalmente pelas condições climáticas (SILVA, 2012). A longevidade das fêmeas é de aproximadamente 18 dias, com oviposição média de 110 ovos por fêmea.

Os danos

Geralmente os danos ocorrem na face inferior das folhas, onde tanto as ninfas quanto os adultos permanecem sugando continuamente a seiva das plantas, causando danos diretos e indiretos. Os danos diretos ocorrem em decorrência do tipo de alimentação, causados pela retirada de seiva do floema e inoculação de toxinas (enzimas digestivas) que provocam alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, e que pode reduzir a produtividade e a qualidade dos grãos, fibras, frutas e hortaliças. Contudo, essa perda é significativa apenas em altas infestações.

Também podem injetar toxinas pela sua saliva, provocando desordens fisiológicas nas plantas, como o fruto de tomate que apresenta esbranquiçamento interno e aspecto esponjoso.

Além disso, suas excretas açucaradas (honeydew) promovem a proliferação da fumagina (Campinodium spp.), fungo que se desenvolve na face superior das folhas reduzindo a área fotossintética e, consequentemente, a produtividade.

De forma indireta, mais prejudicial, a mosca-branca pode comprometer as plantas hospedeiras pela transmissão de viroses, como o vírus do mosaico anão (VME) evírus do mosaico crespo (VMCrS) nas plantas de soja, o vírus do mosaico dourado (VMDF) em feijão, soja e caupi, transmissão do vírus causador do amarelão em melão, viroses em algodoeiro, etc.; danos que podem comprometer até 100% dos plantios.

A mosca-branca sugam continuamente a seiva das plantas - Crédito Adeney Bueno
A mosca-branca sugam continuamente a seiva das plantas – Crédito Adeney Bueno

Plantas hospedeiras

A mosca-branca tem sido responsável por grandes perdas no setor agrícola no mundo todo, podendo ser encontradas nos mais diversos biomas. Os tipos de vegetação vão de cultivos agrícolas herbáceos a sistemas perenes, em culturas em campo aberto ou em ambiente protegido.

Esta é apontada como uma das principais pragas da maioria das plantas cultivadas,apresentando mais de 900 plantas hospedeiras pertencentes a mais de 80 famílias botânicas.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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