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Bicho-mineiro – Praga ataca com força total

 

Carlos Henrique Cardeal Guiraldeli

Engenheiro agrônomo

cguiraldeli@gmail.com

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

Tem-se notado uma enorme incidência do bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) nos cafezais. A praga que continua causando prejuízos nas lavouras e já é considerada a mais disseminada pelos cafeeiros em todo Brasil.

Levantamentos realizados nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo indicam uma redução de 30%, 50% da capacidade produtiva do cafeeiro, dependendo da intensidade, duração do ataque e época de sua ocorrência.

Quem é ele

O bicho-mineiro é uma mariposa da família Lepidoptera, a qual, durante a fase larval, causa sérios prejuízos à cultura do cafeeiro. O nome popular “bicho-mineiro“ se deupelas galerias originadas entre as epidermes foliares, comumente denominadas de “minas“, as quais secam e amentam de tamanho conforme as lagartas se desenvolvem.

O ciclo total de Leucoptera coffeella é em torno de 40, sendo que o período larval, no qual acontece o ataque, tem duração de 07 a 11 dias, de acordo com a temperatura e umidade. As larvas atacam o mesófilo foliar causando a destruição do parênquima e consequente redução significativa da área foliar, redução da taxa fotossintética, aumento na produção de etileno e proveniente queda das folhas. O ataque ocorre principalmente no terço médio e superior da planta.

Prejuízos

O ataque do bicho-mineiro do cafeeiro, devido à necrose foliar, acarreta dificuldade na translocação de seiva e água. A diminuição neste fluxo, principalmente nas épocas mais secas do ano, provoca um aumento da produção de etileno pela planta, e a consequente queda acentuada das folhas.

Estudos revelam que o ataque severo da praga pode reduzir até 60% da área foliar da planta, causando impacto significativo na produtividade, a qual pode ser reduzida em até 50%.

A desfolha ocasionada principalmente nos períodos da seca demanda maior energia da planta na recomposição da sua massa foliar, o que acarreta a diminuição da formação de gemas florais e, consequentemente, dos frutos. A recuperação das lavouras desfolhadas leva até dois anos.

Manejo preventivo

O controle preventivo do bicho-mineiro consiste basicamente no manejo cultural, propiciando condições favoráveis para a disseminação de inimigos naturais, parasitoides e entomopatógenos da praga, além de algumas técnicas de cultivo para redução da incidência da praga. Dentre elas, pode-se destacar:

ÃœA ocorrência de chuvas combate o bicho-mineiro;

ÃœO uso de defensivos à base de oxicloreto de cobre, usados no combate à ferrugem do cafeeiro, é associado ao aumento na incidência da praga;

ÃœLavouras mais arejadas estão mais propensas ao ataque.

A eficiência no manejo preventivo do bicho-mineiro é variável e está relacionada principalmente a cultivar do cafeeiro e sua interação com as condições climáticas da área de cultivo. Vale ressaltar que o controle químico curativo é o mais adotado para o combate da praga, pois controle preventivo cultural nem sempre acarreta resultados satisfatórios.

No que diz respeito ao controle biológico por meio de predadores naturais, este apresenta eficiência de 70%, enquanto o controle via parasitoides pode atingir 20%.

Vespa predadora procurando lagarta de bicho-mineiro na lesão - Crédito Paulo Rebelles Reis
Vespa predadora procurando lagarta de bicho-mineiro na lesão – Crédito Paulo Rebelles Reis

Manejocurativo

O tratamento mais comum no controle curativo do bicho mineiro do cafeeiro, sem dúvida, é o método químico. O controle químico bem realizado está diretamente relacionado ao MIP ““ Manejo Integrado de Pragas. O monitoramento deve acontecer a cada 15 dias a partir da cessão do período chuvoso, coletando-se folhas do terço médio entre o 3º e 4º par a contar do a contar da extremidade, em aproximadamente 25 plantas por talhão, distribuídos uniformemente quanto a idade, variedade e localização, em toda a propriedade. A coleta deve ser realizada aleatoriamente, em zigue-zague, coletando-se aproximadamente 100 folhas por talhão.

Para lavouras adultas, já em produção, o controle deve acontecer quando o percentual de folhas atacadas estiver em torno de 30%. Já para lavouras com três anos pós-plantio, ou menos, não é necessário a identificação do percentual, o tratamento deve ser iniciado assim que se detectar ataque da praga.

Os resultados satisfatórios no controle químico da praga estão relacionados ao uso de inseticidas granulados de solo, associados a pulverizações foliares no período de pico da praga. Dente os princípios ativos recomendados, inseticidas dos grupos químicos dos piretróides, neocotinóides e fosforados apresentam melhores resultados. Deve-se atentar para a rotação de princípios ativos para evitar resistência da praga e consequentemente obter melhores resultados no controle.

O tratamento químico preventivo, principalmente via solo, deve ser iniciado ao final do período chuvoso, devendo ser associado às pulverizações foliares curativas para se evitar explosão populacional da praga. Já em casos de incidência da praga em veranicos no período chuvoso, o tratamento via pulverizações foliares se faz necessário e eficiente.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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