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sábado, novembro 23, 2024
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Bicho-mineiro x produtividade do café – Como vencer essa luta?

Autor

Thales Barcelos Resende
Doutorando em Agronomia/Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
thales_br@outlook.com

A cultura do café, assim com todas as outras cultivadas em nosso País, possui alguns insetos que podem prejudicar o desenvolvimento e até mesmo o produto final, conhecidos como insetos-praga, divididos em pragas-chave e pragas secundárias.

As pragas-chaves são aquelas que causam danos significativos à cultura todo ano, atingindo o nível de controle rapidamente, enquanto as pragas secundárias são aquelas que causam prejuízos de tempos em tempos.

Bicho-mineiro

O bicho-mineiro do café (Leucoptera coffeella) é classificado como uma praga-chave do cafeeiro, sendo responsável por grandes perdas em produtividade, principalmente em regiões mais quentes. Este nome se dá pelo fato de as lagartas, ao eclodirem, se alimentarem do interior da folha, formando minas.

Por ser um inseto pequeno (cerca de 2,0 mm de corpo e 5,0 mm de asas), ele ataca mais em regiões quentes e com precipitações mais definidas, o que é comum na região do Cerrado Mineiro. Por passar um longo período sem chuvas, a reprodução da praga fica favorecida pelo fato do calor diminuir seu ciclo, que varia de 19 a 87 dias. Quanto maior o número de ciclos, maior o número de insetos adultos, lagartas e ovos.  

Prejuízos

Os prejuízos causados por esta praga são chamados de danos indiretos, pois ela não ataca o produto final, e sim a planta, diminuindo a área foliar e não possibilitando que ela suporte altas produções.

A desfolha causada pela praga pode chegar a até 100%, ou seja, derruba todas as folhas da planta, causando um prejuízo de 72% na produção de café, resultados estes encontrados na região do Cerrado Mineiro por pesquisadores da Epamig.

Controle

O monitoramento das lavouras é imprescindível para o sucesso no controle desta praga. A coleta de folhas de forma aleatória é feita na área, sendo coletado um total de 100 folhas de maneira aleatória no talhão. Após feito isso, a contagem deve ser realizada, e no caso de encontrar 30% de minas com lagartas vivas, o controle deve ser realizado imediatamente.

Na prática, vemos um alto risco quando se deixa a praga chegar ao nível de controle. Portanto, recomenda-se as primeiras pulverizações com um nível mais baixo, em torno de 15%, para atingir a praga no primeiro ciclo, não deixando a proliferação dos adultos.

O controle desta praga de maneira preventiva é complicado, mas existem algumas práticas que podem ajudar na diminuição da população. Um inimigo natural que ocorre em áreas cafeeiras é a vespa-de-uganda, que preda as minas do inseto, ajudando no controle natural da área.

Então, o monitoramento para o uso de inseticidas de maneira racional na área é importante para que não atinja esses inimigos naturais. Quando o nível de controle é atingido, aí então é preciso iniciar o controle químico.

Químicos

Atualmente, são utilizados em larga escala dois grandes grupos químicos para o controle desta praga: os neonicotinoides, que são inseticidas sistêmicos aplicados no solo e que possuem um bom controle de insetos sugadores, assim como do bicho-mineiro, e os do grupo antranilamida, que são inseticidas foliares com um período residual menor, mas capazes de diminuir a população adulta do inseto também.

Já nos casos mais drásticos, em que a infestação fugiu do controle e a incidência da praga está acima de 30% de minas vivas, recomenda-se a aplicação de um fosforado com o intuito de diminuir a população. Porém, apenas em último caso, pois estes produtos são extremamente prejudiciais aos demais insetos presentes na área.

BOX

Novidades

As novidades no controle desta praga são escassas. Em 2018 surgiu o butenolida, um inseticida que chegou para quebrar o ciclo de resistência de alguns insetos aos grupos já existentes. Além da facilidade de aplicação, permite ser aplicado no solo ou via foliar.

Outra novidade feita por algumas empresas é a mistura de dois ou mais produtos em um só, aumentando a eficiência e o período residual tanto na planta quanto no solo, garantindo um efeito mais duradouro do controle.

Atenção redobrada

O bicho-mineiro, assim como qualquer praga, deve ter toda a atenção do produtor, pois pode causar muitos problemas. Porém, se bem manejado, este inseto não causa danos significativos ao cafeeiro. 

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