Andréia Marcilane Aker
Engenheira agrônoma, mestra em Ciências Ambientais e bolsista da Embrapa Rondônia
A cultura do feijão possui destaque no agronegócio entre as culturas anuais e é considerada uma planta de grande importância no cenário nacional, presente diariamente na alimentação da população brasileira. Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial da cultura.
Segundo o 9º levantamento da (Companhia Nacional de Abastecimento CONAB), realizado em junho, estima-se que a produção nacional deve chegar a 2,9 milhões de toneladas na safra 2015/16.
No entanto, o feijão apresenta grande variação quanto à sua produção anual, visto que seu cultivo é predominante em pequenas propriedades como cultivo de subsistência.
Além disso, o potencial produtivo de cultivares nem sempre tem sido alcançado, em função dos altos riscos com as intempéries que limitam a cultura, desencorajando maiores investimentos, mesmo com a utilização de cultivares com alto potencial produtivo e resistentes a pragas e doenças.
Características
O ciclo da cultura do feijão é curto, apresentando sistema radicular delicado e pouco profundo, com sua maior parte concentrada na camada de até 20 cm de profundidade do solo. A cultura é exigente em nutrientes, e devido a isso, é essencial que os nutrientes sejam fornecidos à planta em quantidade, tempo e local adequado.
Além disso, se deve ter um cuidado especial na escolha da área. Solos pesados, compactados, sujeitos a formar crosta na superfície ou ao encharcamento não são adequados para a cultura do feijoeiro.
São recomendados solos com boa aeração, de textura areno-argilosa, ricos em matéria orgânica e elementos nutritivos. Assim, é fundamental adotar medidas para conservar e melhorar o solo e evitar a sua degradação, para permitir boa produção de feijão, bem como reduzir o uso de insumos.
Limitações
Geralmente a produção da lavoura fica limitada, em casos de deficiência de cálcio, aumento da acidez e/ou excesso de alumÃnio, que resultam em baixo crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, havendo menor exploração do volume de solo, acarretando em falhas na absorção de nutrientes e água, sujeitando as plantas à deficiência mineral e ao déficit hídrico.
As plantas, quando possuem deficiência de cálcio, apresentam os seguintes sintomas: redução do crescimento, morte da gema apical, clorose e necrose internervais nas folhas mais novas (os sintomas de deficiências de cálcio são mais pronunciados nos tecidos jovens, visto que praticamente inexiste o seu transporte no floema). Consequentemente, a planta para de emitir novas brotações.
As folhas da parte inferior da planta apresentam pequenas manchas acinzentadas, que posteriormente são afetadas por clorose parcial intensa, que se inicia na base do folÃolo e progride entre as nervuras, resultando em formas de contorno irregular na porção do limbo, que se mantém verde, havendo queda dos folÃolos.
Caules, pecíolos e brotos ficam murchos e enrolados, e os legumes deformados. Em caso de deficiência severa, ocorrem lesões necróticas amarronzadas nos brotos e a planta pode morrer antes do florescimento.
Importância do cálcio
O cálcio influencia positivamente no crescimento do sistema radicular, sendo importante nos primeiros dias de germinação. O cálcio é absorvido pelas plantas junto com a água do solo, por fluxo de massa, e se desloca principalmente para os órgãos de transpiração, acumulando-se nas folhas, sendo limitado o seu transporte, via floema, para os grãos.
Dessa forma, o fornecimento de cálcio à cultura torna-se essencial para a preservação da capacidade de absorção das raízes mediante a conservação correta da membrana plasmática, assim como para a prevenção da perda de solutos para a solução externa, garantindo que a planta acumule maior quantidade de nutrientes.
É comumente sábio que a acidez do solo afeta diretamente na produtividade agrícola, bem como nas práticas de manejo, acarretando no mau desenvolvimento e na constituição nutricional das plantas, gerados pela variação da solubilidade de certos nutrientes (diminuição ou aumento), tornando-se necessário a sua correção por meio do uso de calcário.
Correção do solo
A maioria dos solos no Brasil é naturalmente ácida, apresentando elevado teor de alumÃnio em níveis fitotóxicos e baixos teores de cálcio e magnésio trocáveis, características estas que são desfavoráveis ao desenvolvimento do feijoeiro.
A prática da calagem é considerada uma das técnicas que mais contribui para o aumento da eficiência dos adubos e, consequentemente, a produtividade da cultura, gerando retorno financeiro para o produtor. No entanto, a prática ainda é subutilizada, tendo em vista a pouca informação recebida no campo pelos produtores.
