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sábado, novembro 23, 2024
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Cana-de-açúcar – Hora de controlar as doenças

Autores

Renato Passos Brandão
Gerente Especialista em Nutrição Vegetal
Raphael Bianco Roxo Rodrigues
Gerente Técnico de São Paulo e Sul de Minas
José Renato Otávio
Estagiário do Deptº Agronômico do Grupo Vittia

Fotos Shutterstock

Nas últimas décadas, a cana-de-açúcar tem passado por mudanças significativas. A colheita de cana crua preservando a palha do canavial na superfície do solo e a expansão do cultivo em solos com menor fertilidade natural do solo causaram alterações significativas no manejo da cultura.

As mudanças no sistema de produção e o plantio da cana em regiões marginais – solos de menor fertilidade natural e menores teores de argila – tem aumentado os estresses na cultura, predispondo-a às doenças.

Até o presente momento foram relatados mais de 200 patógenos em cana, sendo 60 no Brasil e nove de importância econômica reconhecida, reduzindo o potencial produtivo da cultura.

Entretanto, a preocupação dos produtores de cana com as doenças é menor que em outras culturas. O método de controle de doenças em canaviais tem sido o uso de variedades mais resistentes aos patógenos. A prática do roguing, ou retirada de plantas doentes dos viveiros, é uma prática adicional para a manutenção das doenças abaixo do nível de dano econômico (Sordi, 2018).

Outras medidas de controle de doenças são o uso de mudas sadias, escolha do local e época de plantio mais adequada, tratamento térmico de mudas, adubação balanceada e controle de pragas como a broca e os pulgões que podem disseminar as doenças (Simon, 2019).

Alerta

Apesar das variedades atuais de cana serem resistentes à maioria das doenças, não significa que são totalmente imunes, ou seja, podem ser infectadas por uma ou mais doenças e ocasionarem perdas significativas à produtividade da cultura. Variedades de cana que são resistentes em determinado ambiente de produção podem apresentar diferente comportamento em outro local ou época.

Dentre as doenças fúngicas que podem causar prejuízos aos canaviais destacam-se as ferrugens e o carvão. As estrias vermelhas são uma das principais doenças que afetam os canaviais, causadas por bactérias. Outras doenças também podem provocar prejuízos econômicos à cana, dependendo de diversos fatores, destacando-se o ambiente de produção e a sensibilidade das variedades às doenças (Santos, 2008).

A ferrugem marrom é uma doença causada pelo fungo Puccinia melanocephala. No Brasil, ela foi detectada inicialmente em fins de 1986, e até o presente momento os danos econômicos não são significativos, pois a maioria das variedades cultivadas é resistente ao fungo.

A sintomatologia é caracterizada por pústulas na página inferior das folhas, com coloração amarelada a marrom-escuro, formação de esporos subepidérmicos com a ruptura da epiderme para a sua liberação. Em variedades muito suscetíveis, as pústulas agrupam-se, formando placas de tecido necrosado (Figura 1). Plantas de cana com alta infestação têm crescimento retardado, com folhas queimadas e sem brilho.

Evolução da doença

Em meados de 2001, na Austrália, surgiu uma nova espécie de ferrugem (Puccinia kuehnii), denominada ferrugem-alaranjada, que inicialmente gerou enormes prejuízos na produção canavieira. As pústulas maduras desse fungo são mais alaranjadas, responsáveis pela denominação desta doença fúngica (Figura 2). Os urediniósporos da ferrugem-alaranjada são mais leves, marrom-dourados e de parede mais adensada.

No Brasil, os primeiros relatos da ferrugem-alaranjada ocorreram em dezembro de 2009. Os danos econômicos da ferrugem-alaranjada também não são significativos, pois as variedades suscetíveis foram gradativamente substituídas por resistentes.

Outra diferença entre a ferrugem marrom e a alaranjada nas condições brasileiras é a época de maior presença das ferrugens nos canaviais. A ferrugem marrom se manifesta com maior intensidade no período de maior desenvolvimento vegetativo da cana. Isso ocorre geralmente do quatro ao oitavo mês do plantio ou do corte, enquanto que a ferrugem alaranjada é mais evidente em touceiras de cana desenvolvidas no início da fase de maturação.

Ustilago scitaminea

O carvão, doença causada pelo fungo Ustilago scitaminea, ocorre em praticamente todos os países produtores de cana. No Brasil, foi constatado inicialmente em 1946, no Estado de São Paulo. Os danos causados pelo carvão são variáveis, podendo causar perdas de até 100% em variedades suscetíveis.

Os danos ocorrem tanto na redução da produção como na perda de qualidade do caldo. É uma doença de fácil identificação, caracterizando-se pela emergência de um “chicote” negro, que consiste em uma modificação do meristema apical do colmo, induzido pelo fungo (Figura

Estrias vermelhas

As estrias vermelhas são causadas pela bactéria Acidovorax avenae subsp. avenae. A principal característica desta doença são estrias vermelhas nas folhas e morte do ponteiro (“coração morto”). As variedades comerciais são resistentes ou podem apresentar uma ligeira suscetibilidade. Em determinadas situações podem ocorrer estrias vermelhas em alguns colmos da touceira, mas de maneira geral ocorre recuperação do canavial.

Conforme comentado anteriormente, o método de controle mais eficiente e econômico de doenças em cana é a utilização de variedades resistentes e a prática do roguing.

Soluções

Recentemente, tem aumentado o uso de fungicidas visando o controle das ferrugens, propiciando uma sanidade geral das folhas. Com a copa das plantas mais sadia, aumenta a resposta a outros tratos culturais, dentre os quais as aplicações foliares de micronutrientes (Sordi, 2018) e biofertilizantes à base de aminoácidos e extratos de algas.

Segundo Forcelini (2018), o controle de doenças nas culturas pode ser realizado com os fungicidas unissítios, associado com os indutores de resistência das plantas – fosfitos – e produtos biológicos à base de metabólitos de Bacillus subtilis. Segundo esse mesmo pesquisador, a associação dos três grupos na mesma aplicação com os fungicidas cúpricos tem proporcionado os melhores resultados no controle de doenças nas culturas.

O NHT® Cobre Super é um fertilizante fluido, de suspensão concentrada, fonte de cobre, com uma formulação diferenciada. O NHT® Cobre Super é produzido a partir do carbonato de cobre, formando uma barreira protetora tóxica aos fungos fitopatogênicos na superfície foliar da cana.

No momento em que os esporos dos fungos são depositados nos tecidos vegetais suscetíveis e germinam, o ingrediente ativo – carbonato de cobre – entra em contato com o tubo polínico dos fungos, e por meio de inúmeros mecanismos bioquímicos, causa a morte do protoplasma dos fungos.

De forma similar ao NHT® Cobre Super, o NHT® Zinco também atua em dois ou mais processos metabólitos dos fungos, como a atividade enzimática, desorganizando numerosas funções celulares, causando a sua morte. São denominados de protetores ou multissítios.

O NHT® Cobre Super e o NHT® Zinco apresentam aspectos técnicos que devem ser observados para potencializar os seus efeitos benéficos no controle das doenças fúngicas na cana.

Benefícios:

ð Melhor eficiência, quando aplicado preventivamente, ou seja, antes da penetração do patógeno nos tecidos do hospedeiro. O NHT® Cobre Super e o NHT® Zinco atuam sobre o esporo e o tubo germinativo dos fungos;

ð Inicialmente, os íons Cu2+ e Zn2+ do NHT® Cobre Super e NHT® Zinco, respectivamente, não penetram nas folhas das plantas. São fertilizantes com baixa solubilidade em água – carbonatos e óxidos –, permanecendo na superfície foliar e formando uma barreira protetora para as plantas contra os fungos fitopatogênicos;

ð Necessitam de uma boa cobertura do alvo a ser protegido – folhas da cana. Utilizar um adjuvante com grande capacidade de redução de deriva e espalhamento da calda de pulverização na superfície foliar – Naft® e Silkon®;

ð Com o crescimento da cana, surgem novas áreas foliares desprotegidas, necessitando de aplicações periódicas do NHT® Cobre Super e o NHT® Zinco;

ð São lavados pela água da chuva, sofrem hidrólise, fotólise e reagem com a atmosfera, necessitando de pulverizações foliares periódicas;

ð O NHT® Cobre Super e o NHT® Zinco reagem em caldas com pH na faixa ácida. Evitar caldas de pulverização com pH menor que 6,0;

ð O NHT® Cobre Super pode apresentar efeito sobre as lesões causadas por fungos em estádios mais avançados da cultura. Entretanto, deve-se tomar cuidados com possível fitotoxidez em doses elevadas do produto.

Considerações finais

Um dos métodos mais eficientes para o controle de doenças em canaviais tem sido o uso de variedades mais resistentes, sendo que a prática do roguing, ou retirada de plantas doentes dos viveiros, constitui uma prática adicional para a manutenção das doenças abaixo do nível de dano econômico.

Entretanto, com as mudanças no sistema de produção e o plantio da cana em regiões marginais – solos de menor fertilidade natural e menores teores de argila – tem aumentado os estresses na cultura, predispondo-a às doenças.

Até pouco tempo atrás, o uso de fungicida era pouco representativo em cana. Entretanto, tem sido observado o uso crescente de fungicidas unissítios em cana, propiciando uma maior sanidade das folhas. Conforme relatado por pesquisadores e em observações de campo, a associação de produtos com princípios distintos no controle de doenças em cana tem propiciado o melhor controle de doenças, com aumentos expressivos na produtividade – fungicidas unissítios e multissítios com um indutor de resistência – fosfito ou produtos biológicos à base de metabólitos de Bacillus subtilis.

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