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Estevam Antonio Chagas Reis
Mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras
Membro e vice-coordenador geral do Núcleo de Estudos em Cafeicultura ““ NECAF/UFLA
estevamreis@outlook.com
Marina Chagas Reis
Graduanda em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras
Na atual conjuntura da cafeicultura brasileira, o produtor tem procurado alternativas para suprir a crescente falta de mão de obra e atenuar os impactos negativos causados pelo elevado custo de colheita. Com este intuito, buscam-se novas técnicas que visam aprimorar os meios de cultivo e diminuir o custo de produção por unidade de área.
Diante deste cenário, tem-se realizado o manejo do cafeeiro através de podas programadas com o objetivo de obter produções elevadas. Sendo o esqueletamento o tipo de poda mais utilizado, muitos produtores estão aderindo ao chamado sistema Safra Zero.
Como funciona
O sistema Safra Zero consiste na poda cÃclica do cafeeiro, realizando-a com esqueletamento seguido de decote no ano de produção. Esta prática caracteriza-se pela poda dos ramos plagiotrópicos da planta, com distancia de 20 a 30 cm do ramo ortotrópico na parte superior e terminando na parte inferior, com distância de corte de 30 a 50 cm.
Quando o corte dos ramos plagiotrópicos é realizado em comprimentos maiores, dá-se o nome de desponte. O ideal é que após a realização da poda a planta apresente uma conformação cônica.
Decote
O decote se caracteriza pela poda do ramo ortotrópico em alturas de 1,2 a 2,5 m. A altura de corte tem relação direta com o estande de plantas por hectare. A recomendação para lavouras de menor espaçamento entre plantas se baseia no corte em alturas menores, de forma que possibilite a entrada de luz no interior das plantas e entre as linhas, induzindo a quebra de dormência de gemas.
A poda só pode ser realizada em lavouras aptas a esse sistema, pois assim atuará como uma ferramenta para o incremento de produtividade. Esse sistema visa a produtividade elevada do cafeeiro empregando-se a poda em um ano, sendo o ano posterior apenas para desenvolvimento vegetativo.
Desta forma, há ocorrência do crescimento de ramos novos para futura produção (esse ciclo se repete a cada dois anos).
Por onde começar
Para a implantação do sistema, deve-se “liberar“ o cafeeiro o mais cedo possível, preferencialmente a partir de junho, visto que o crescimento vegetativo é influenciado pela época de poda e pode comprometer a sua produção futura, como podemos verificar na imagem abaixo.
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Atenção
Caso o produtor realize a colheita mecânica, não haverá necessidade de desbrotas no terço superior da planta, reduzindo os custos da área. Em relação à adubação, não se deve restringir os tratos culturais mesmo com o depósito de resíduos advindos da poda.
Devido à alta relação C/N dos restos culturais, é necessário a adubação nitrogenada para equilibrar o sistema. A adubação potássica geralmente é dispensada em decorrência da elevada quantidade presente no material vegetal que é totalmente liberado (seu Ãndice de conversão é 100%).
A necessidade será no ano de produção de acordo com análise de solo e a carga pendente. Os restos vegetais também são ricos em macro e micronutrientes.
Fitossanidade
O controle fitossanitário deve ser realizado principalmente para doenças como phoma, ferrugem e mancha aureolada, pois as altas doses aplicadas de nitrogênio acarretam em maior infestação dessas doenças.
A phoma é a primeira doença a se manifestar quando não realizado o controle adequado da mesma, sendo necessário o monitoramento dos primeiros sinais da doença no ano de produção. A ferrugem também é outra doença que pode ocorrer em cafeeiros podados, pois são mais susceptÃveis e apresentam uma curva de progressão mais agressiva quando comparada a cafeeiros não podados.
Controles fitossanitários de pragas de solo também devem ser realizados quando necessário, buscando um maior desenvolvimento do sistema radicular e, consequentemente, do cafeeiro.
Quando se realiza o Safra Zero, uma das questões mais relevantes gira em torno do custo por saca de café beneficiado, o que torna esse sistema viável e de crescente utilização por parte dos cafeicultores.