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Conhecendo melhor a broca-do-café para um controle mais eficiente

Paulo Rebelles Reis

Doutor e pesquisador da EPAMIG Sul de Minas/EcoCentro

paulo.rebelles@epamig.ufla.br

Crédito Daniel Vieira
Crédito Daniel Vieira

A broca-do-café, Hypothenemushampei (Coleoptera: Curculionidae, Scolytinae) é considerada, atualmente, e para a maioria das regiões cafeeiras do Brasil, a segunda praga em importância do cafeeiro Coffea spp.

Conhecida no Brasil desde 1922, e que até 1970 era considerada a principal praga do cafeeiro, passou a ser a segunda ou até terceira em importância na maioria das regiões cafeeiras do País, com exceção da Zona da Mata de Minas Gerais, Estados do Espírito Santo e Rondônia, e também em lavouras muito próximas às grandes represas, em qualquer região, devido às condições de alta umidade e temperatura nesses locais, condições ideais para o desenvolvimento do inseto e sua sobrevivência na entressafra.

Características

A broca constitui-se numa importante praga na cafeicultura irrigada, por esse tipo de manejo da cultura propiciar maior sobrevivência da broca-do-café na entressafra, nos frutos úmidos remanescentes da colheita e que permanecem nas plantas ou sobre o solo.

O inseto, fêmea adulta é um pequeno besouro de cor preta, luzidio, medindo aproximadamente 1,7 mm de comprimento por 0,7 mm de largura. O macho é menor que a fêmea e apresenta aproximadamente 1,2 mm de comprimento por 0,5 mm de largura, não voa (asas posteriores atrofiadas) e permanece constantemente dentro dos frutos, onde se realiza a cópula e fecundação das fêmeas.

As fêmeas perfuram os frutos, desde verdes (chumbões) até maduros (cerejas) ou secos (passas), geralmente na região da coroa, cavando uma galeria com cerca de 1 mm de diâmetro até atingir a semente.

No ciclo evolutivo da broca o desenvolvimento do macho é mais rápido (apenas dois instares larvais) que o desenvolvimento da fêmea (três instares larvais).

Frutos de café com brocas na entrada da galeria mortas pelo fungo Beauveriabassiana. - Crédito Paulo Rebelles Reis.
Frutos de café com brocas na entrada da galeria mortas pelo fungo Beauveriabassiana. – Crédito Paulo Rebelles Reis.

Frutos de café com brocas na entrada da galeria mortas pelo fungo Beauveriabassiana. - Crédito Paulo Rebelles Reis.
Frutos de café com brocas na entrada da galeria mortas pelo fungo Beauveriabassiana. – Crédito Paulo Rebelles Reis.

Danos

O ataque da broca-do-café, H. hampei, causa a queda de frutos, redução do peso dos grãos (prejuízo quantitativo) e redução da qualidade do café por meio da alteração no tipo e, às vezes, na bebida (prejuízo qualitativo).

Os danos são causados pelas larvas do inseto, que vivem no interior do fruto de café atacando geralmente uma só semente, e raramente as duas, para sua alimentação, podendo, portanto, a destruição do fruto ser parcial ou total.

Inicialmente os prejuízos causados pela broca são a queda de frutos. Para Coffeaarabica L. já foi constatado que a broca aumenta a porcentagem de queda natural de frutos da ordem de 8 a 13%, e para Coffeacanephora Pierre &Froehner (“˜Conillon’) a broca pode ser responsável por uma queda de frutos da ordem de 46%, por ser essa cultivar mais suscetível ao ataque da broca.

Os frutos broqueados que permanecem nas plantas sofrem redução de peso, tendo sido já demonstrado experimentalmente, em Minas Gerais, que essas perdas podem chegar a 21%, ou 12,6 kg por saco de 60 kg de café beneficiado.

Foi constatado, também, que a qualidade do café é alterada pelo ataque da broca, passando do tipo 2 ao tipo 7 somente com o aumento da infestação da praga, pois dois a cinco grãos broqueados constituem um defeito. As perdas aumentam durante a operação de beneficiamento (retirada da casca seca) devido à fragilidade que o grão atacado passa a apresentar, sendo quebrado e descartado com a ventilação da máquina de descascar.

Os danos provocados pela broca começam quando a infestação atinge 7 a 10% nos frutos da maior florada.

A qualidade da bebida do café não é diretamente influenciada pelo ataque da broca, mas sim indiretamente pela facilidade que os danos proporcionam à penetração de microrganismos, como fungos dos gêneros Fusarium e Penicillium, que estão relacionados à alteração da qualidade da bebida do café.

Perda de peso de café beneficiado em função da porcentagem de infestação pela broca-do-café. Na figura, a cor verde significa perda insignificante (3 a 5% de infestação); cor amarela requer atenção, início de perda (entre 5 e 10% de infestação) e cor vermelha as perdas são significativas (entre 10 e 100% de infestação). Crédito: Reis et al. (1984); Reis (2002).
Perda de peso de café beneficiado em função da porcentagem de infestação pela broca-do-café. Na figura, a cor verde significa perda insignificante (3 a 5% de infestação); cor amarela requer atenção, início de perda (entre 5 e 10% de infestação) e cor vermelha as perdas são significativas (entre 10 e 100% de infestação).
Crédito: Reis et al. (1984); Reis (2002).

Monitoramento da broca

Para que o controle seja iniciado na época correta, devem ser efetuadas amostragens periódicas dos frutos (monitoramento da broca), nos diversos talhões da lavoura, começando pelas partes mais baixas e úmidas.

O monitoramento da broca deve ser iniciado na época de “trânsito“ do inseto, geralmente de novembro a janeiro, aproximadamente três meses após a grande florada (outubro), ou seja, quando forem observados nas rosetas os primeiros frutos broqueados, e deve ser realizado até abril.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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