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Leandro Alvarenga Santos
Doutor e professor da Universidade Estadual do Centro Oeste – PR
Janaina Marek
Mestranda em produção vegetal da Universidade Estadual do Centro Oeste – PR
Aline José Maia
Pesquisadora e doutora da Universidade Estadual do Centro Oeste – PR
Cacilda M. D. Rios Faria
Doutora e professora da Universidade Estadual do Centro Oeste – PR
O controle biológico de doenças de plantas tem sido uma alternativa promissora para a diminuição na utilização de agrotóxicos. O controle biológico visa manter o ecossistema em equilíbrio, a partir de determinadas práticas, proporcionando ao hospedeiro em presença do patógeno, não sofrer danos significativos, devido a ação benéfica dos organismos não patogênicos do mesmo sistema, que atuam controlando tais fitopatógenos; por isso é denominado como o “controle de um microrganismo por outro microrganismo’. Reduzindo a densidade do inóculo ou dos processos decorrentes da doença provocada por um determinado patógeno.
Os princÃpios dos mecanismos de controle biológico baseiam-se em relações antagônicas tais como: competição, predação, amensalismo, parasitismo, resistência induzida ou pela produção de metabólitos que inibem o desenvolvimento do outro.
Por não ser poluente e não provocar desequilíbrios biológicos, o controle biológico é duradouro e aproveita o potencial biótico do agroecossistema, além de não ser tóxico para o homem e animais. Incluindo práticas culturais, criando assim um ambiente favorável aos antagonistas e a resistência da planta hospedeira, aproveitando o controle biológico natural ou a partir da introdução de um agente de controle biológico ao sistema produtivo.
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Estratégia
Uma eficiente estratégia para aumentar o potencial do controle biológico de doenças é o uso combinado de diferentes microrganismos para promover a ampliação do espectro de ação sobre diferentes patógenos e estabilizar o efeito controlador sob as diferentes condições de cultivo e de ambiente.
Por isso o controle biológico tem se apresentado como alternativa no manejo de diversos fitopatógenos, por minimizar o dano ambiental e ser mais vantajoso economicamente, comparado aos métodos químicos convencionais. Os microrganismos de controle biológico também podem ser utilizados no manejo integrado juntamente com fungicidas, proporcionando bons resultados.
Opções
No Brasil, diversos produtos biológicos estão disponíveis para utilização, dentre os quais: estirpes fracas de CTV para premunização contra a tristeza dos citros; estirpes fracas de PRSV-W para premunização contra o mosaico da abobrinha; Hansfordia pulvinata para o controle do mal-das-folhas da seringueira; Acremonium sp. para o controle da lixa do coqueiro; Clonostachys rosea para o controle do mofo cinzento; Bacillus subtilis para o controle de diversas doenças; Trichoderma spp. para o controle de patógenos de solo, de substrato e da parte aérea, etc.
Microrganismos antagonistas do gênero Bacillus e Pseudomonas têm sido avaliados como um meio de controlar podridões radiculares causadas por Phytophthora spp. em eucalipto e soja.
Alguns fungos, como o Gliocladium spp., habitante natural do solo, tem mostrado eficácia no biocontrole do mofo cinzento, em frutas como o morango. Verticillium lecanii é um fungo entomopatogênico promissor empregado no controle microbiano. As rizobactérias, microrganismos da rizosfera, têm proporcionado defesa contra o ataque de patógenos de solo em plantas.
Espécies de Trichoderma são potenciais antagonistas de diversos fungos fitopatogênicos, sendo vários os mecanismos de ação utilizados por esses fungos, dentre os quais destacam-se a produção de metabólitos e enzimas com propriedades antifúngicas, o hiperparasitismo e a competição por nutrientes.
Bactérias e fungos promotores de crescimento de plantas
As bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) são residentes epifÃticas ou endofiticas, não patogênicas, que atuam diretamente promovendo o crescimento ou indiretamente como agentes de controle biológico de doenças de plantas.
Os efeitos benéficos das BPCP podem ser observados em plantas, principalmente pelo aumento de área foliar, altura da planta, diâmetro do caule, número de folhas e matéria seca, redução do tempo de aclimatização, maior sobrevivência de mudas, controle de doenças e aumento de produtividade.
As BPCP endofÃticas têm grande potencialidade e praticabilidade de uso. As principais BPCP empregadas na agricultura são espécies de Pseudomonas, Bacillus, Burkholderia, Streptomyces, Rhizobium, Bradyrhizobium, Acetobacter e Herbaspirilum, Agrobacterium radiobacter e Enterobacter cloacae, entre outras.
Estas bactérias podem ser utilizadas para tratamento de sementes, explantes e mudas micropropagadas, incorporadas ao substrato de plantio, tratamento de estacas, tubérculos e raízes, pulverizações na parte aérea incluindo folhagem e frutos, e em pós-colheita. As BPCP atuam promovendo diretamente o crescimento pela produção de ácido cianídrico, fitohormônios, enzimas como a ACC-deaminase, mineralização de nutrientes, solubilização de fosfatos, fixação do nitrogênio e aumento da absorção pelas raízes, entre outros.