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sábado, novembro 23, 2024
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Depois das lagartas, lá vêm os percevejos

 

José Fernando Jurca Grigolli

MSc., doutorando em Agronomia, pesquisador da Fundação MS e membro do Núcleo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas de Cultivos Amazônicos ““ NEEMIP

João Rafael De Conte Carvalho de Alencar

MSc., doutorando em Entomologia, professor do Instituto Taquaritinguense de Ensino Superior (ITES – SP) e membro do NEEMIP

Anderson Gonçalves da Silva

Doutor e professor do NEEMIP, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Câmpus de Paragominas (PA)

agroanderson.silva@yahoo.com.br

 

Crédito Jovenil da Silva
Crédito Jovenil da Silva

Com tristeza, o Brasil já ofereceu o troféu de praga mais notória para a lagarta Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae), que desde 2012 tem provocado prejuízos milionários para os agricultores em diversas regiões do país, acarretando, também, vultosos investimentos em pesquisas a fim de melhorar o seu manejo na lavoura.

Na próxima safra, no entanto, as previsões indicam que esse cenário mudará e os percevejos devem roubar a cena. No Brasil, há três espécies de percevejos considerados pragas de grande importância para a soja: o percevejo verde pequeno, o verde e o marrom, dentre outros.

Os percevejos

Quanto aos percevejos (Hemíptera: Heteroptera) que atacam a cultura da soja, são várias as espécies, que variam em importância principalmente de acordo com a região de cultivo. No sul do Brasil e no Paraná, existem duas espécies de grande importância: o percevejo verde (Nezara viridula) e o percevejo marrom (Euschistus heros), com maior ocorrência do percevejo marrom da soja.

Nas outras regiões de cultivo, como o centro-oeste, o percevejo marrom é o destaque, e com ataque maior em função das condições climáticas. Além destas espécies, ainda ocorrem percevejo pequeno verde (Piezodorus guildini), percevejo edessa (Edessa meditabunda), percevejo acrosterno (Chinavia sp.) o formigão da soja (Neomegalotomus parvus), percevejo pardo (Thyanta perditor) e os percevejos de barriga verde (Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus), que ocorrem concomitantemente, entretanto, com menor expressão.

Para a região Norte, especialmente o estado do Pará, o percevejo verde pequeno, o verde e o marrom são os principais problemas para a cultura da soja.

Prejuízos

Ovos de percevejo marrom na soja  - Crédito Fernando Fávero
Ovos de percevejo marrom na soja – Crédito Fernando Fávero

Os danos causados pelos percevejos na soja podem ser divididos em três. O seu ataque pode causar redução direta na produtividade, fato observado na maioria dos casos quando não há controle efetivo.

Neste caso, as perdas podem chegar a até 40%, com redução do número de vagens por planta, da massa de mil grãos e do número de grãos por vagem. Outro aspecto é a redução da qualidade dos grãos, pois estes acabam ficando menores, murchos e “defeituosos“, sendo muitas vezes acometidos por fungos saprófagos que atacam os grãos, o que implica na redução do valor do produto final.

O terceiro dano que pode ser observado em função de seu ataque é a retenção foliar das plantas, conhecido como “soja louca“, e como consequência disso, há dificuldade na colheita, embuchamento de colheitadeiras, aumentando as perdas e os custos com herbicidas para dessecação.

Quando contra-atacar

O manejo fitossanitário provavelmente ocorrerá entre os estádios fisiológicos R2/R3, quando os percevejos migram dos abrigos naturais e plantas hospedeiras para as lavouras, onde encontram alimento e iniciam a reprodução. Essa geração de percevejos que chega à lavoura, comumente chamada de “vovôs“, deve ser controlada, pois são esses indivíduos que começarão a oviposição e a infestação da área.

O seu controle deve ser baseado em produtos à base de piretroides ou com a mistura piretroide e neonicotinoide. Há vários produtos comerciais no mercado (MAPA), mas em ensaios conduzidos na última safra, os maiores destaques foram com cinco produtos específicos.

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