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Gustavo Antônio Ruffeil Alves
Doutor e professor do Núcleo de Estudos Aplicados em Fitopatologia – NEAFito, Universidade Federal Rural da Amazônia – (UFRA)
Anderson Gonçalves da Silva
Doutor e professor do Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas – GEMIP, UFRA
O mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum é, atualmente, uma das principais doenças da cultura do feijão pelos prejuízos ocasionados nas últimas safras e pela dificuldade de controle. O fungo tem como hospedeiros mais de 400 espécies pertencentes a, aproximadamente, 200 gêneros botânicos.
Entre as mais importantes culturas estão, além da soja, o feijão, o girassol, o algodão, o tomate industrial, a batata e algumas outras hortaliças. A disseminação se dá principalmente pelas sementes, que podem estar infectadas com o micélio do fungo, ou por meio da contaminação, devido à presença de estruturas de sobrevivência denominadas de escleródios.
As condições de clima favoráveis para seu desenvolvimento são alta umidade e temperaturas amenas. Na ausência de hospedeiro suscetÃvel, o fungo pode persistir por um longo período no solo por meio das suas estruturas de resistência (escleródios), caracterizadas pela sua dureza e coloração escura, com forma semelhante a fezes de rato, que sobrevivem imersos no solo por um período médio de cinco anos ou mais, podendo chegar até 10 anos.
Alerta para o feijoeiro
Em atenção ao feijoeiro, esta doença comumente é bastante severa no cultivo “de inverno“ sob irrigação, em especial por pivô central. As condições de clima favoráveis para seu desenvolvimento são alta umidade e temperaturas amenas. Nessa situação, uma lavoura de feijão pode sofrer, em média, perdas de 30% ou mais, podendo chegar a 100% em períodos chuvosos e quando medidas preventivas não são tomadas.
Os sintomas iniciais são lesões encharcadas nas folhas ou outro tecido da parte aérea que normalmente tenham contato com as flores infectadas. As lesões espalham-se rapidamente para as hastes, ramos e vagens. Nos tecidos infectados aparece uma eflorescência que lembra algodão, constituindo os sinais caracterÃsticos da doença.
Até o feijoeiro florescer, dificilmente a doença torna-se importante; depois que a florada cai e a doença é disseminada rapidamente, porque a flor é fonte primária de energia, servindo de alimento para o fungo iniciar a infecção. Não há disponibilidade aos produtores de feijão de material resistente ao mofo branco, medida que seria a mais indicada e econômica para o manejo da doença.
Controle
Os métodos de controle do mofo branco, por serem limitados, devem ser tomados em conjunto para se tornarem mais eficientes. Primeiramente, deve-se fazer todo o possível para impedir a entrada do patógeno em áreas onde a doença ainda não foi observada, pois, uma vez presente, é muito difícil erradicá-lo.
É essencial o uso de sementes sadias, certificadas, de procedência conhecida e tratadas com fungicidas recomendados e registrados para a cultura e a doenças. Deve-se, também, proceder à limpeza minuciosa dos implementos agrícolas, principalmente no caso de terem sido utilizados em áreas onde a doença já tenha sido constatada e evitar condições ambientais que favoreçam o desenvolvimento do patógeno.
Para a realização de um manejo integrado de doenças, faz-se necessário conhecer o ciclo da doença, o histórico da área, o sistema de cultivo, as variações climáticas características do local, a realidade do produtor e definir as táticas agronômicas.
Estas táticas significam reduzir a população do patógeno na área, a taxa de progresso da doença, aumentar a resistência das plantas, modificar o ambiente, tornando-o desfavorável à doença, e favorecer antagonistas para o controle biológico.
Práticas agronômicas, tais como manejo de irrigação, densidade de plantas e hábitos de crescimento, são estreitamente relacionadas com o ciclo de vida do patógeno e manejo da doença. A avaliação da gama de agressividade das populações de S. sclerotiorum no cultivo do feijoeiro e o monitoramento de ano para ano alterando a estrutura da população no interior do cultivo podem contribuir para uma eficiente estratégia de manejo para controlar a doença causada por S. sclerotiorum nesta cultura.
Medidas alternativas
A rotação com plantas pertencentes à família Poaceae (Gramineae) é de grande importância, pois ela não é suscetÃvel ao patógeno, e com isso, quando o mesmo completar o seu ciclo, a cultura nada irá sofrer, por não ser suscetÃvel. Desta forma, irá reduzir o banco patogênico presente no solo, assim como o potencial de inóculo para os próximos cultivos de culturas suscetÃveis, como é o caso do feijoeiro.
Práticas de rotação e preparo do solo podem ser benéficos para a redução do número de escleródios e sua capacidade de germinar e formar apotécios que produz esporos dentro do campo, reduzindo assim o potencial de perdas de produção no feijoeiro.
A combinação de um esquema adequado de rotação de culturas com o plantio direto pode reduzir as perdas em áreas contaminadas. Essa combinação faz com que os escleródios sejam mantidos superficialmente no solo, onde estão mais sujeitos a ciclos de molhamento e secagem. Isso faz com que surjam rachaduras nas paredes dos escleródios, o que os torna suscetÃveis ao ataque de microrganismos.
O revolvimento no solo realizado no sistema de manejo convencional ajuda a disseminar os escleródios presentes, pois ao revolver o solo os escleródios ficam expostos ao ambiente e podem ser facilmente levados pela água, implementos e animais.
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