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Embrapa impediu a entrada de mais de 70 pragas no Brasil

Crédito Cristiane Bezerra da Silva
Crédito Cristiane Bezerra da Silva

Estudo realizado por pesquisadores da Embrapa concluiu que de 1977 até 2013, as ações de quarentena desenvolvidas pela instituição impediram a entrada de 75 diferentes espécies de pragas agrícolas no Brasil. De 2014 a 2016, mais quatro espécies foram barradas.

Todas essas pragas, que incluem insetos, ácaros, nematoides, fungos, vírus e bactérias possuem um predicado em comum: são exóticas. Isso significa que não existem no País e, por isso, não há formas conhecidas para combatê-las.

Para se ter uma ideia, a entrada de apenas uma praga exótica  no início dos anos 2000, a lagarta Helicoverpa armigera, causou danos de cerca de US$ 1,7 bilhão aos cofres nacionais. Se multiplicarmos esse valor pelo número de pragas interceptadas, é possível estimar que o trabalho de quarentena desenvolvido pela Embrapa poupou centenas de bilhões de dólares à economia do País.

O estudo aponta ainda outro dado relevante e inédito: as pragas exóticas retidas não estão relacionadas ao país de origem, mas sim à parte da planta em que são identificadas. Segundo o pesquisador Marcelo Lopes, autor do artigo resultante desse estudo publicado na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), a incidência de pragas interceptadas em oliveira, lírio, maçã e videira foi 21 vezes maior do que em milho, trigo, arroz e algodão.

O que as difere é a forma de importação do material vegetal, já que as quatro primeiras são intercambiadas por propagação vegetativa, ou seja, na forma de mudas e estacas, enquanto as quatro últimas são enviadas por sementes.

“O fato de que o milho, o trigo, o arroz e o algodão são as espécies com maior volume de importação ““ o milho ocupa o primeiro lugar, com 755 importações – e, mesmo assim, apresentam baixo índice de contaminação por pragas ““ de 0,4 a 03% – corrobora a associação entre a contaminação e a parte da planta intercambiada. O importante é que esse levantamento leva à recomendação de que o envio de sementes é uma forma segura de intercâmbio internacional de culturas agrícolas”, ressalta o pesquisador.

Pragas não listadas

Outro dado muito importante revelado pelo estudo é a alta quantidade de pragas ausentes não regulamentadas (ANR) detectada no material vegetal avaliado. Trata-se de pragas que não existem no Brasil e que não estão incluídas na lista de espécies de importância quarentenária, elaborada pelo Mapa.

Segundo Lopes, 47 espécies, ou seja, mais da metade das pragas interceptadas pela Embrapa, pertencem à categoria de ausentes não regulamentadas. “Essa predominância constitui uma informação importante para o sistema de defesa vegetal no Brasil”, enfatiza o pesquisador, já que não possuem o status de quarentenárias, ou seja, não constam da lista do Mapa e, por isso, podem escapar das barreiras sanitárias.

Segundo o pesquisador, a informação sobre a alta incidência de ANRs também será informada ao Ministério. “Esperamos que esse estudo possa resultar na incorporação dessas espécies à lista de pragas quarentenárias, a exemplo do que já aconteceu em outros países da Europa, por exemplo”, afirma.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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