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sábado, setembro 21, 2024
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Fitorreguladores – Mais germinação e emergência das plantas

Autora

Janaina Marek
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Produção Vegetal e pesquisadora
janainamarek@yahoo.com.br

Créditos Janaina Marek

Os fitorreguladores, também conhecidos como bioestimulantes, biorreguladores ou reguladores vegetais, são compostos orgânicos constituídos por hormônios vegetais, que podem ser aplicados via tratamento de sementes ou diretamente nas plantas.

Atuam de forma equivalente aos hormônios vegetais, sintetizados pela própria planta, uma vez que agem influenciando, negativamente ou positivamente, diferentes processos fisiológicos, como germinação, floração, frutificação e senescência, regulando a expressão do potencial genético das plantas.

Os hormônios vegetais são substâncias endógenas, ativas em baixíssimas concentrações, que modificam quantitativa e/ou qualitativamente o crescimento e desenvolvimento vegetal. São compostos orgânicos, não nutrientes, de ocorrência natural e produzidos pela planta, podendo agir no local de síntese ou serem translocados.

Os hormônios vegetais

Entre os principais grupos de hormônios vegetais, temos: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, ácido abscísico, brassinosteroides, jasmonatos, salicilatos e poliaminas.

Os reguladores vegetais, produzidos sinteticamente e comercializados, podem conter um ou mais destes hormônios vegetais, em combinação com outras substâncias, como aminoácidos, nutrientes, vitaminas, etc.

Entre os hormônios vegetais promotores de efeitos fisiológicos positivos no crescimento e desenvolvimento das plantas, que são encontrados em produtos registrados como reguladores vegetais ou reguladores de crescimento (Agrofit, 2018), temos apenas as auxinas, giberelinas e citocininas.

† Auxinas:

” Promovem o alongamento celular e o crescimento do sistema radicular, do caule e das partes florais;

” Promovem a diferenciação dos tecidos vasculares (xilema e floema), e assim melhoram a partição e o movimento de água, nutrientes e fotoassimilados entre os órgãos;

” Controlam a abscisão, inibindo a queda de folhas, flores e frutos;

Importante ressaltar aqui que o efeito causado pelas auxinas sobre as plantas depende da concentração e do tipo de auxina aplicada.

† Citocininas:

” Promovem a divisão celular, a diferenciação celular, a maior brotação de gemas e maior expansão de folhas e cotilédones (fonte e dreno);

” Retardam a senescência foliar, mantendo a síntese de proteínas e diminuindo a presença de radicais livres;

” Promovem o maior desenvolvimento dos cloroplastos, com aumento na síntese de clorofila e da enzima rubisco (responsável pela fixação do CO2 em compostos orgânicos, como os carboidratos);

” Estimulam a maior abertura estomática, com isso ocorrem maiores trocas gasosas;

” Por isso, também interferem na fotossíntese, aumentando a sua intensidade, e com isso a produtividade das plantas.

† Giberelinas:

” Promovem a germinação de sementes e a quebra de dormência em algumas espécies, estimulando a produção de enzimas que atuam na mobilização de reservas armazenadas no endosperma;

” Promovem a divisão e o alongamento celular;

” Promovem o crescimento do caule, a fixação e o crescimento de frutos;

” Retardam a degradação da clorofila.

Como usar?

Os fitorreguladores podem ser empregados tanto no tratamento de sementes como no sulco de semeadura e/ou em pulverizações foliares, em aplicação em fases iniciais da cultura, com o objetivo de melhorar a germinação, a emergência e o desenvolvimento inicial de plantas.

Produtos e resultados de pesquisas

Pesquisadores têm demonstrado que os efeitos dos reguladores vegetais sobre plantas cultivadas têm contribuído para minimizar os efeitos nocivos de estresses abióticos ou bióticos, e para melhorar a produtividade das culturas.

Estas substâncias também interferem em processos fisiológicos, como: a germinação, o desenvolvimento inicial das plântulas, o crescimento e desenvolvimento do sistema radicular e foliar e a produção de compostos orgânicos.

O efeito dos fitorreguladores têm sido testados em diversas culturas, como: feijão, soja, milho, trigo, arroz, algodão, citros, café, cana-de-açúcar, cevada, mamona, frutíferas, alfafa, sorgo e diversas hortaliças, entre outras. 

Por que aplicar?      

Entre os efeitos observados em diferentes culturas com a aplicação de fitorreguladores estão:

_ Melhora do processo de germinação e desenvolvimento inicial das plântulas;

_ Favorecimento do desempenho dos processos metabólicos e fisiológicos da planta, como por exemplo a fotossíntese e o transporte e acúmulo de açúcares nos órgãos drenos;

_ Proporcionam aumento da absorção de água e nutrientes pelos vegetais, por melhorar o desenvolvimento do sistema radicular;

_ Minimizam os danos decorrentes de estresse hídrico e efeitos negativos causados por resíduos de herbicidas no solo. Neste caso, plantas que se encontram em condições de estresse, com a aplicação de fitorreguladores observa-se melhor desenvolvimento das plantas, devido à melhoria do sistema de defesa antioxidante;

_ Permite, assim, a obtenção de maior produtividade, mesmo em condições ambientais adversas;

_ São fundamentais em todos os estágios fenológicos das plantas.

Produtos registrados

Uma série de substâncias com efeito biorregulador é amplamente utilizada na agricultura. No entanto, no Brasil, devido à legislação vigente, temos poucos reguladores vegetais registrados para a cultura do feijoeiro.

Entre os produtos registrados como reguladores vegetais se destaca o Stimulate®, que possui registro também para as culturas de alface, algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, cevada, citros, milho, soja, tomate, trigo e uva.

O Stimulate® é um produto classificado como fitorregulador ou bioestimulante, lançado pela Empresa Stoller do Brasil Ltda, que contém uma combinação de três princípios ativos, nas seguintes concentrações: ácido indolbutírico (0,005%), cinetina (0,009%) e ácido giberélico (0,005%), além de 99,981% de ingredientes inertes.

Em função de sua composição, proporção das substâncias e concentração, o Stimulate® influencia o crescimento e desenvolvimento vegetal, estimulando a divisão das células, assim como aumenta a absorção de nutrientes e água pelas plantas.

Efeito do tratamento de sementes de feijão

O tratamento de sementes de feijão com Stimulate® tem demonstrado resultados satisfatórios, pois o ácido giberélico promove a germinação de sementes, além de efeitos no desenvolvimento dos órgãos vegetativos e indução da formação de flores masculinas e femininas.

A citocinina está relacionada diretamente ao crescimento das plantas e à multiplicação celular. Já o ácido indolbutírico participa do crescimento e do desenvolvimento vegetativo.

Desta forma, a maior germinação e desenvolvimento inicial das plantas se deve à atuação das giberelinas na germinação, por induzirem a síntese de enzimas de lise, via ação gênica, promovendo a mobilização e quebra de substâncias de reserva no endosperma das sementes.

As citocininas, principalmente quando atuam juntamente com as auxinas, participam do processo de diferenciação celular e alongamento.

Dicas

Na cultura do feijão, o Stimulate® pode ser aplicado tanto no tratamento de sementes como no sulco de semeadura e/ou em pulverizações foliares, em aplicação em fases vegetativas e reprodutivas.

O Stimulate® é um produto não fitotóxico quando aplicado nas doses e épocas recomendadas. É uma substância líquida, não viscosa, de coloração castanha, solúvel em água e de fácil e rápida absorção por sementes, raízes, ramos, folhas e frutos.

Como já descrito, estas substâncias atuam em baixíssimas concentrações, por isso é importante seguir as doses recomendadas pelo fabricante, bem como o manejo de aplicação orientado por um engenheiro agrônomo.      

Benefícios

A aplicação do bioestimulante promoverá maior crescimento radicular, quando aplicado nos primeiros estágios de desenvolvimento da planta, proporcionando assim uma recuperação mais rápida após estresse hídrico, maior resistência a pragas e doenças, maior uniformidade e rapidez de estabelecimento do estande, bem como aumento da absorção de nutrientes e, consequentemente, da produtividade da cultura.

Os reguladores vegetais devem ser vistos como um produto que promoverá o aumento da produtividade, a partir da maior expressão do potencial genético da cultura, associado ao menor número de perdas.

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