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Fitorremediação de solos contaminados por herbicidas

Lucas Guedes Silva

Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitopatologia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

lucasguedess.agro@gmail.com

Luciano Bastos Moreira

Engenheiro agrônomo e mestrando em Entomologia ““ UFLA

lucianoauburn@gmail.com

Vanessa Sciani Massafera

Graduanda em Agronomia (UFLA) e integrante do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD)

vanessasciani@gmail.com

 

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

Na busca por alternativas para despoluir áreas contaminadas por herbicidas, metais pesados, petróleo e derivados, e outros compostos orgânicos, tem-se buscado por soluções que englobam: eficiência, simplicidade de execução, redução de tempo e custos.

Nesse contexto, o interesse pela utilização de técnicas in situ, como a fitorremediação, tem crescido de importância em detrimento das ex situ, que envolvem riscos ambientais como escavação, manipulação, transporte e armazenamento de materiais contaminados.

A fitorremediação pode ser caracterizada como o emprego de plantas, microrganismos e amenizantes (corretivos, fertilizantes, matéria orgânica, etc.) no solo, além de práticas agronômicas que, se aplicadas em conjunto, removem, imobilizam ou tornam os contaminantes inofensivos ao ecossistema.

Aplicação e mecanismos envolvidos

A fitorremediação se baseia na capacidade de metabolização do contaminante a um composto não-tóxico (ou menos tóxico) à planta e ao ambiente (fitodegradação), e ao estímulo à atividade microbiana, promovido pela liberação de exsudatos radiculares, que atuam degradando o composto no solo (fitoestimulação).

A fitorremediação é fundamentada na seletividade, natural ou desenvolvida, que algumas espécies vegetais exibem a determinados tipos de compostos ou mecanismos de ação, sendo esta característica de ocorrência comum em determinadas espécies tolerantes a certos herbicidas.

A seletividade deve-se ao fato de que os compostos orgânicos podem ser translocados para outros tecidos da planta e subsequentemente volatilizados. Podem, ainda, sofrer parcial ou completa degradação ou ser transformados em compostos menos tóxicos, combinados e/ou ligados a tecidos das plantas (compartimentalização).

Características desejáveis de um bom fitorremediador

Para a implantação de bons programas de fitorremediação, o conhecimento das características físico-químicas do solo e do contaminante, bem como sua distribuição na área, topografia e as condições climáticas locais são imprescindíveis para o sucesso da técnica, haja visto que as plantas fitorremediadoras selecionadas devem ser bem adaptadas às condições locais, reduzindo quaisquer fatores que possam interferir negativamente no sucesso do programa.

A escolha das plantas a serem empregadas deve ser feita de forma sensata e criteriosa, pois cada programa de descontaminação apresenta características próprias que o diferencia dos demais, devendo ser previamente estudadas todas as peculiaridades da área e do contaminante, a fim de se empregar um programa específico para cada situação.

Plantas com potencial para a fitorremediação devem apresentar algumas características básicas, como: alta tolerância, boa capacidade de absorção, concentração e metabolização ao contaminante; sistema radicular profundo e denso; alta taxa de crescimento e produção de biomassa; capacidade transpiratória e taxa de exsudação radicular elevada; resistência a pragas e doenças; fácil aquisição ou multiplicação de propágulos; fácil controle ou erradicação; e capacidade de desenvolver-se bem em ambientes diversos.

A fitorremediação apresenta elevado potencial de utilização, devido às suas vantagens - Créditos Shutterstock
A fitorremediação apresenta elevado potencial de utilização, devido às suas vantagens – Créditos Shutterstock

Vantagens e limitações da técnica

A fitorremediação apresenta elevado potencial de utilização, devido às vantagens que apresenta em relação às outras técnicas de remediação de contaminantes do solo. No entanto, essas vantagens se tornam ainda mais evidentes em ambientes agrícolas, onde predominam extensas áreas, que podem estar contaminadas com diferentes tipos de pesticidas.

Dentre as principais vantagens da técnica pode-se citar: menor custo em relação às técnicas de remediação tradicionalmente utilizadas envolvendo a remoção do solo para tratamento ex situ; as propriedades biológicas, físicas e químicas do solo são mantidas; auxílio no controle do processo erosivo; redução da lixiviação de contaminantes no solo; mínimo distúrbio ambiental; e os equipamentos empregados no programa de fitorremediação são os mesmos utilizados na agricultura.

Porém, apesar de todas as vantagens, a fitorremediação, assim como todas as outras técnicas, possui limitações, podendo-se ressaltar: a dificuldade na seleção de plantas (principalmente para herbicidas de amplo espectro de ação); a necessidade do contaminante estar ao alcance do sistema radicular; a despoluição a níveis satisfatórios poder demandar longos períodos; o clima e condições do local podem restringir o crescimento das plantas; possibilidade da planta fitorremediadora tornar-se daninha; entre outros.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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